Capítulo 27 - Por todos que eles mataram.

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Por mais que eu tentasse, jamais conseguia matar uma pessoa com tanta crueldade assim como eles fazem. Eu sei que já fiz isso uma vez, mas não foi de propósito, foi só um acidente. Mas agora, eu estava divida em duas segurando uma faca no alto enquanto o garotinho de sete anos estava deitado no chão chorando muito com as mãos levantadas na frente do peito. Mas claro que eu não pude fazer isso. Então abaixei a faca e me ajoelhei do seu lado.
-Fuja daqui... Saia dessa floresta e nunca mais volte... Seus pais estão mortos agora... Mas você precisa fugir
Eu falei rápido puxando ele do chão e o empurrando para correr. E ele me obedeceu ainda chorando mas correndo rápido antes que os outros chegassem e vissem isso.
-Lin
Ryan apareceu correndo puxando meu pulso e me dizendo alguma coisa rápido demais pra mim entender. Quando eu vi, estavam todos ali correndo de alguma coisa, eu escutei os outros gritarem sobre oque havia acontecido com o acampamento. Mas depois paramos assim que ouvimos tiros altos ecoando pela floresta e assustando os pássaros. Nós todos paramos e olhamos para trás, um dos meninos gritou "não" chorando e correndo de volta para a direção dos tiros, mas os outros o seguraram e ele apenas ficou chorando por algum motivo. Mas quando todos olharam para nós, eu percebi que estavam perguntando para Ryan oque iriam fazer agora.
Mas ele permaneceu em silêncio, triste também por algum motivo, mas eu suspeitava de que humanos tenham nos descobertos. Mesmo que o território seja nosso, estão tentando nos dominar e estão conseguindo.
-Vocês! Todos parados!
Alguém gritou e depois quando me virei para encarar os soldados, um deles me bateu com a parte de trás da arma que segurava e eu sentir uma forte dor no ombro. Como se tivesse sido deslocado do lugar. Mas depois, Ryan reagiu e segurou o soldado pela roupa para que se afastasse de mim.
Eu também pensei em fazer alguma coisa, peguei um galho seco no chão e acertei o outro homem que estava indo na direção de Armie. Mas antes que eu pudesse acerta-lo, sua arma é disparada e eu ouso ela acertar algo atrás de mim. Quando me viro, vejo Armie no chão sangrando muito.
Nesse momento eu não consigo pensar em nada, tudo ficou em silêncio e eu corri para ajuda-la. Mas quando chego perto dela, está pálida e quase não consegue respirar, eu passo a mão no seu rosto sentindo ela gelada e o rubro das duas bochechas desapareceram. Eu chorei a abraçando dizendo que jamais vou esquecer dela sabendo que ela iria morrer. E então aconteceu, ela fechou os olhos e soltou minha mão que foi deslizando para o chão.
A única coisa que pensei após isso, foi atacar o desgraçado que tinha tirado minha única amiga de mim. Olhei para ele ainda recarregando sua arma apressadamente, mas eu fui mais rápido e peguei uma pedra acertando ela na sua cabeça com força. Mas não parei, eu queria mata-lo, então eu peguei a pedra novamente e comecei a bater ela contra seu crânio repetidas vezes até sua cabeça se tornar uma pasta com pedaços de ossos e seus miolos.
Depois que terminei tudo isso, eu me joguei contra uma árvore chorando muito me lembrando que isso não iria trazer Armie de volta.

________

Mais tarde, quando a matança tinha acabado. Todos nós nos reunimos em frente ao pequeno túmulo de Armie feito por nós. Eu não sabia rezar, apenas algumas orações que umas pessoas me ensinaram. Então eu fiz essas orações e depois deixei que os outros terminassem de se despedir dela, agora éramos só seis... Não que eu estivesse contando... Eu só não consigo aceitar que estamos morrendo aos poucos por causa dos malditos humanos. Raça imunda... Só serve para fazer os outros sofrerem.
-Lin...
Ryan chamou olhando para mim e depois para o pedaço da manga da blusa de Armie ainda nas minhas mãos. Eu apertei ele nas minhas mãos e depois o entreguei para ele, aquilo era só um último pedaço que eu queria guardar dela. Mas eu tinha que deixa-la em paz agora. Então ele o enterrou com seu dedo em cima do túmulo e depois se levantou olhando para todos nós e dizendo apenas com o olhar que era hora de ir.
Eu andei até ficar do seu lado segurando sua mão e depois começando a caminhar com ele em alguma direção da floresta que estava ficando escura. Todos nós estávamos em silêncio, menos os meninos que parecem não saber oque é morte, eles conversam baixo sobre alguma coisa que não conseguia escutar. Angela andava do meu lado e era a única abalada por ter que suportar duas mortes de suas amigas.
Mas eu não deixei isso me abalar, eu não ia permitir que isso me atrapalhasse. Eu tinha um objetivo agora, e tinha a ver com massacrar a raça humana.
-Tem uma coisa que eu preciso contar
Falei alto me colocando na frente de todos. Apertei os punhos com força e mordi minha língua por algum motivo ficando com raiva, ou sentindo o ódio se acumular dentro de mim.
-Naquela direção...
Apontei para a montanha mais alta entre duas que eram menores do que ela, era a mais distante de nós.
-Existe um refúgio de humanos... Lá tem uma pequena cidade, uma cidade abandonada. Voltou a ser habitada no começo dessa guerra... Os humanos se instalaram lá para tomar nosso território, eles querem aumentar esse refúgio, que no futuro irá se tornar uma cidade grande, os muros deles serão derrubado assim que conseguirem nos derrotar... Querem dominar nosso território, construir cidades maiores...
Eu parei engolindo o choro de raiva, todos ficaram se olhando tentando me entender. Mas eu já ia chegar nessa parte.
-Vamos invadir aquela merda e acabar com todos eles por fazerem aquilo com nosso acampamento! Mataram duas pessoas que gostávamos muito!! Oque eles pensam que são? Não vamos nos esconder e fingir que nada disso está acontecendo! Nós sabemos agora oque eles estão fazendo, então vamos lá e massacra-los antes que eles façam o mesmo com a gente!
Finalmente eles concordaram e eu me sentir feliz por isso, estou indo vingar nossa espécie e todos que eles estão matando nesse momento.

A filha de Lucy. Onde histórias criam vida. Descubra agora