Capítulo 18 - Refúgio.

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-Acorda... Princesa?
Ouvi uma voz doce no meu ouvido tão suave que não quis acordar. Me virei de lado e sorrir sentindo sua respiração na minha bochecha e depois um beijo nela deixado lá com tanto cuidado que eu achei que fosse um beijo de um anjo que estava nos meus sonhos. Eu não queria nem abrir os olhos e ter que sair do meu sonho tão bom.
-Vai nos atrasar, princesa
Fiquei em silêncio escutando ele ainda me confortando com sua voz e sua respiração gelada no meu rosto, eu torcia para ser um sonho. Mas eu sentir sua mão no meu cabelo e acordei sem querer o encarando. Ele estava deitado de lado na minha frente me dando bom dia com seu sorriso, eu pisquei algumas vezes tonta por causa disso lembrando do beijo que ele me deu. Não podia ser ele... Tenho certeza que foi só um sonho.
-Tão bonita e chata, não sei como você conseguiu dormir até quase uma hora da tarde
-Hum?
Me levantei ainda tonta e desajeitada, acabei caindo sentada no mesmo lugar passando a mão na minha cabeça arrumando meu cabelo e bocejando involuntariamente. Ele se sentou também e ficou me observando me deixando sem jeito. Não é normal dele fazer isso. Muito menos me acordar com um beijo.
-Quem me chamou de princesa?
Perguntei quase pra mim mesma, mas ele acabou escutando e ficou confuso ainda mantendo seu sorriso fofo no rosto me deixando ainda mais confusa que ele.
-Do que está falando?
Pisquei mais duas vezes e tirei isso da cabeça porque ele tinha acabado de confirmar que foi só um sonho mesmo. Então, suspirei decepcionada e levantei limpando minhas roupas e depois procurando Armie e Sean que estavam em pé conversando entre si baixinho com risadinhas e cochichos me deixando curiosa, se for sobre mim e ele eu mato os dois... Mas depois. Preciso criar coragem para dizer a Ryan que estou com fome.
-Arrumei comida enquanto vocês dormiam
Ele apareceu do meu lado com algo enrolado em um pano branco sujo de alguma coisa, o cheiro de carne invadiu minhas narinas e eu fiquei com água na boca. Mas pensei duas vezes de pegar aquilo da sua mão. Olhei pra ele desconfiada estreitando os olhos, mas ele era muito bom em esconder coisas de mim e segurou sua expressão tranquila.
Então eu desisti e peguei aquilo tirando um pedaço grande e engolindo de olhos fechados não querendo ver oque exatamente era. Terminei tudo bem rápido e não fiz careta depois, só fiquei com um gosto horrível na boca, mas no final pelo menos não estava mais com fome.
-Estão nos esperando
Disse Sean se espreguiçando e olhando para Ryan que balançou a cabeça e fez um gesto para que eu o acompanhasse. E fiz isso confusa sem entender oque Sean quis dizer com o "Eles". Mas quando saímos da floresta, eu me espantei com o grupo de homens do nosso exército parados ali olhando para todos nós. Finalmente me sentir mais segura e respirei fundo largando o braço de Ryan e apenas segurando sua mão. Ele sorriu pra mim e eu fiquei feliz sabendo que não iria mais andar, eles tinham um caminhão e nós quatro fomos na parte de trás olhando um pouco de cima a cidade destruída. Não sabia pra onde estávamos indo, mas eu não queria saber, pelo menos confiava nessas pessoas que estão tentando nos proteger mesmo que a culpa seja toda deles por acharem guerra divertida.

______

Paramos em frente a um refúgio que era protegido por tantos outros caminhões e homens que eu me sentir dentro de um presídio. Mas lá dentro era apenas um tipo de cidade artificial com casas iguais e pessoas que usavam um uniforme cinza com blusa de mangas e calças folgadas. Todos pararam de fazer oque estavam fazendo para nos assistir descendo do caminhão e sendo deixados aqui no meio da passagem na frente da entrada sendo observados por pessoas estranhas. Uma mulher baixinha que usava um uniforme diferente, sorriu para nós e nos chamou com sua mão para entrarmos em uma das casinhas que era um pouco maior do que as outras.
-Aqui estão seus uniformes, e escrevam seus nomes aqui, temos uma casa reservadas para crianças
Ela continuou sorrindo nos dando os uniformes que vinham em um saco plástico transparente, Ryan foi o primeiro a escrever seu nome e eu fiquei me sentindo desprotegida quando ele saiu do meu lado. E quando ele terminou, eu fui escrever o meu rápido e acompanhei a senhorinha para um espacinho que servia como provador de roupas. Eu e Armie vestimos os uniformes rápido e depois foi Sean sozinho, ficamos esperando eles terminarem roendo nossas unhas cochichando sobre coisas horríveis que achávamos que acontecia em lugares como esse. Talvez exista selvagens aqui?
-Vamos... Vou mostrar a casa de vocês
A senhorinha nos levou para a rua onde tinha várias outras casinhas engraçadas, cada uma de uma cor, a única coisa diferente eram as pessoas na frente delas.
Ela parou na frente de uma das casinhas vermelhas e começou a abrir a portinha, ficamos ansiosos mas também não esperávamos mais do que três cômodos, uma cozinha e dois quartos para dois. Oque não era tão agradável pra mim que gostava de privacidade, mas os quartinhos eram bonitos. A senhorinha nos deixou a vontade e depois foi embora nos entregando a chavinha.
Ficamos nos olhando e depois começamos a discutir sobre os quartos, Ryan ia dormir comigo, Armie com Sean e pronto. Estávamos decididos.
Fui conhecer meu quartinho direito e fiquei feliz porque tinha uma cama com lençóis rosas, Ryan estava atrás de mim e fechou a porta sem fazer barulho dessa vez. Depois eu pulei de susto quando sentir seus braços me envolvendo por trás.
-Calma... Era só um abraço
-Não me abrace assim... Eu não gosto
Avisei olhando para o chão e depois sentei na minha cama observando ele de longe tomando cuidado para ele não me ver. Ficava bonito até usando trapos como esses, mas seria bem ruim ter que passar maior parte do meu tempo com ele daqui pra frente.

A filha de Lucy. Onde histórias criam vida. Descubra agora