Capítulo 17 - Noite agoniante.

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Mais tarde, quando já estava tarde da noite, Ryan se desculpou comigo me dando mais um casaco seu de dentro da sua mochila por causa do frio. Ele me abraçava de lado com o braço repousado na minha cintura de novo, ele estava com seu corpo quente, e mesmo preocupada com sua saúde, eu achei isso bom e também uma forma de me aquecer mais rápido pois estava com o beiço tremendo toda vez que batia um vento forte.
-Você está azul Lin
Ele disse olhando pra mim arrumando a gola do meu casaco puxando-a mais pra cima para proteger meu pescoço. Eu estava encolhida e com dois casacos, e ele só usava um e talvez seja algo que piore sua situação. Ele estava doente e precisa se proteger do frio também.
-Tá vendo Sean! Porque você não faz o mesmo comigo?
-Se eu te der meu casaco também, morro com o frio
-Mas você está com duas blusas por baixo
-Não vou te dá meu casaco Armie... Esquece
-Que cavalo
Nós dois rimos baixo com a discussão deles lá atrás, fiquei pensando sobre o comportamento de Ryan agora. Ele só deve está se sentido culpado pelo oque fez comigo. Nada demais... Não tem outro motivo pra ele está sendo cavalheiro comigo.
-Gente... Acho melhor nós nos apressarmos... Aqueles aviões parecem está carregados de bombas para despejar em algum lugar
Ryan apontou para o céu apertando seu braço na minha cintura me deixando nervosa, mas os aviões passaram por nós sem deixar cair nada. Foram direto para o centro da cidade, e daqui escutamos os estouros e a terra tremer embaixo de nós, o barulho parecia rasgar o céu chegando até aqui machucando nossos ouvidos. Só depois que começamos a correr caso eles cheguem aqui também, Ryan puxava minha mão e eu puxava a de Armie que estava segurando a de Sean no último lugar da fila.
Só soltando uns aos outros quando precisamos correr mais rápido ainda nos enfiando no meio da floresta quando vimos faróis de carros bem na nossa frente.
Ficamos escondidos tremendo de medo torcendo para que eles não tenham nos visto. E quando passaram direto, eu pude largar o braço de Ryan que estava ficando roxo e respirar fundo. Fiquei abaixada me sentando no chão depois para descansar.
-Temos que ir o mais longe possível daqui, eles não vão parar!
-Primeiro... Fica calmo, não vão nos atacar se ficarmos na floresta, o principal alvo dele são os aeroportos, querem destruir os aviões de combate para não termos com oque retribuir os ataques
Ryan parecia um professor de repente explicando tudo para Sean que estava com os olhos arregalados e histérico, era o único agoniado no meio de nós. Ele estava precisando mesmo se acalmar.
-Não podemos ficar aqui sem sair do lugar!
Ele agora se levantou e agarrou Ryan pela gola do seu casaco ficando ainda mais agoniado e histérico. Nós duas o seguramos e compreendemos ele pelo desespero. Sabíamos que ele tinha problemas com os instintos ainda, Ryan também compreendeu com certeza se lembrando do que ele era capaz de fazer por aquela briga que os dois tiveram na escola.
-Controlem esse doido que eu vou pensar no que vamos fazer
-Eu não sou doido! Você que tá querendo nos matar!! Precisamos sair daqui agora
-Sean
O chamei fazendo ele olhar pra mim agora com o olhar preocupado, ele estava respirando pesado mas depois se acalmou e relaxou os ombros ficando quieto e finalmente normal de novo. Depois ele se afastou de nós e se sentou em uma pedra de costas para nós com certeza para ter um momento de tranquilidade só pra ele.
-Mas ele tem razão... Não podemos ficar calmos no meio de mais um ataque desses
-Armie
Chamei ela não concordando com oque ela tinha acabado de falar, ainda sou a amiga alfa, e ela tinha que ficar quieta e deixar que Ryan decida oque faremos daqui pra frente. Com isso ela foi se juntar a Sean em silêncio nos deixando sozinhos.
Fui até Ryan olhando para seu rosto com cuidado de novo cutucando minhas unhas esperando ele dizer alguma coisa que me acalmasse também porque estava quase entrando em pânico também.
-Não me olhe como se fosse seu pai
Ele sorriu se aproximando de mim e eu abaixei minha cabeça quando ele me deu um beijo na testa me deixando paralisada no mesmo lugar encarando ele depois. Ele sorriu de novo e passou a mão na minha cabeça andando para algum lugar logo em seguida deixando nós três sozinhos aqui.

Depois que ele voltou de onde havia ido, ficamos encostados em uma árvore falando sobre coisas aleatórias tentando nos distrair e esquecer essa guerra e os ataques que ainda estavam acontecendo do outro lado. Sean e Armie estavam dormindo um por cima do outro parecendo dois filhotes de cervos perto daquela pedra que Sean havia sentado para se acalmar. Eu fiquei olhando os dois ficando com sono mas ainda não queria dormir.
-Tá com sono Lin
Ele disse no meu ouvido baixinho passando seu braço por trás de mim, eu fui caindo pra cima do seu peito tonta de sono e depois acabei o abraçando também passando o meu braço pela sua barriga. Ele ainda estava febril mas parecia um pouco melhor do que estava antes.
-Já disse que não gosto disso
-Cala a boca
Pedi de olhos fechados apertando meu braço por cima dele o impedindo de sair, quando ele finalmente relaxou, eu desapertei sua barriga e tentei dormir de novo porque ele tinha me interrompido. Lembrei do cheiro que sentir naquele dia que eu e Armie fomos para o lado deles, era o mesmo cheiro que estava na sua blusa, diferente um pouco agora que eu sentia de perto. Me perguntei porque sentia vontade de tirar um pedaço dele por isso. Talvez seja porque ele tenha um lado humano como contou para mim. Ou porque eu não me alimento faz tempo.
-Já dormiu?
Ele me acordou de novo me deixando com raiva, em resposta eu neguei com a cabeça e não abri os olhos tentando não me acordar de uma vez porque ainda estava nos pensamentos que iriam virar sonho depois. Mas ele se mexeu ali e me puxou um pouco mais para cima do seu peito.
-Pode se fingir de travesseiro?
Perguntei fraco ainda sem abrir os olhos esperando ele responder apenas com seu silêncio e sua quietude. E ele finalmente fez isso permanecendo imóvel pelos próximos minutos. Depois voltou a se mexer levantando seu outro braço começando a brincar com meu  cabelo cantando uma musiquinha apenas com uma melodia que ele fazia na garganta.
-Ryan...?
-Oque?
-Para
-Não tô com sono
-Mas eu sim
-Então dorme
Suspirei pesado me afastando dele e indo para o outro lado da árvore usando como travesseiro uma raíz grossa saindo do solo. Fiquei ali o resto da noite sentindo falta dele, mas pelo menos a raíz não se mexia nem ficava cantando.

A filha de Lucy. Onde histórias criam vida. Descubra agora