Capítulo 25 - Oque eu fiz?

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Mais tarde, quando escureceu, Sr. Evans nos reuniu no centro do acampamento para discutir com os novatos oque exatamente fizemos hoje. Todos estavam presentes e ficamos esperando que ele terminasse de explicar isso com uma grande história. Eu fiquei ao lado de Ryan segurando sua mão e brincando com seus dedos distraidamente, mas sentindo que eu era observada por duas pessoas, Armie, que sorria pra mim e olhava para nossas mãos, e Chelsea... Claro que ela estava com aquele olhar de novo. Mas eu cansei disso, não quero mais saber o que ela pensa de nós. Eu não estou com Ryan, e nem quero estar, mas oque aconteceu hoje me deixou meio em dúvida.
Sr. Evans explicou que oque eles fazem é como uma tradição da nossa espécie, matar humanos é algo normal para eles. Mas não para mim, podem fazer oque quiserem, desde que me deixem fora disso. Disse a Ryan, quando a reunião acabou, que gostaria que ele não participasse daquele massacre que eles iam fazer hoje a noite. Mas ele só fez abaixar a cabeça e unir as sobrancelhas de preocupação de novo.
-Os outros me convidaram Lin... Não sei se...
-Ah não Ryan... Por favor, você vai mesmo seguir isso? Não somos animais
-Mas somos considerados assim por eles, é da nossa natureza, está no nosso sangue. E além do mais, matamos os humanos próximos porque eles são invasores que não foram descobertos pelas autoridades. Todos eles precisam ser executados... Pra não cometerem o mesmo erro que minha mãe cometeu se apaixonando por um humano idiota como meu pai
Ele soltou minha mão com força e depois caminhou bravo em direção aos seus amigos que o esperavam com equipamentos e armas que usariam hoje. Eu fiquei aqui tentando entender oque exatamente ele iria fazer com eles, mas eu não tive opções, então comecei a segui-los. Mas só conseguir dá alguns passos porque ele se virou e me encarou como se quisesse que eu desse meia volta e retornasse para o acampamento. Oque eu faria lá sozinha?
-Não vou ficar cuidando de você, Lin
-Ela é criança ainda?
Um dos meninos do seu lado riu junto com os outros me deixando envergonhada, mas depois com raiva porque Ryan não me defendeu, apenas ficou sério segurando aquela faca ainda na bainha pendurada na sua cintura.
-Volta, Lin...
-Eu não vou ficar lá sozinha sabendo que você foi cometer assassinatos por diversão
-Se você quer vim pode vir, mas não vou me responsabilizar quando você ficar com medo e...
Interrompi ele pegando sua faca e passando na frente deles acompanhando Chelsea e Angela ao lado do Sr. Evans. Fiquei segurando aquela faca insegura e quase chorando pelo oque aconteceu lá atrás.

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Ryan estava com raiva de mim, espantei alguns turistas antes que ele pudesse ataca-los junto com seus amigos, os outros não descobriram que fui eu. Mas ele soube assim que eu sorrir sem querer quando ele voltou de lá com a cara emburrada, eu não iria aguentar ver uma pessoa sendo morta por ele que parecia ser tão bom quando o conheci.
-Se não parar, você vai ser morta no lugar deles
-Eu não tenho medo de você
Desafiei ficando frente a frente com ele encarando seus olhos escuros irritados comigo. Os outros logo formaram uma roda ao nosso redor como se tivessem presenciando uma briga, mas eu me afastei dele e fiquei parada no meio confusa com oque eles estavam fazendo.
-Dem uma arma ao rapaz
Disse Sr. Evans piorando as coisas, logo um dos meninos jogou uma pequena adaga para Ryan que a apontou para mim me desfiando. Eu olhei para todos e percebi que isso também poderia ser uma tradição deles, lutas? Isso não pode ser sério. Eu sou uma menina mil vezes mais fraca que ele que é um menino e que já me ameaçou muitas vezes.
-Eu não vou fazer isso...
-Se ela não vai. Eu vou!
Gritou Chelsea pulando do meu lado com um sorriso infantil no rosto direcionando sua mão na minha faca. Eu rápido a puxei e sem querer acabei cortando seu dedo mindinho, ela gemeu e me olhou com raiva me deixando sem reação. Foi sem querer... Oque eu fiz?
-Você quer fazer isso comigo? Eu topo
Ela disse raivosa puxando a sua adaga e a apontando pra mim me deixando ainda mais nervosa e confusa com tudo isso. Não pude reagir quando ela avançou na minha frente e cortou meu ombro me fazendo gemer alto de dor. Rápido coloquei minha mão lá e reagir jogando a minha faca na direção do rosto dela, não conseguir nada com isso.
-Quem ganhar leva o prêmio
Ela disse baixinho no meu ouvido quando passou por mim em uma velocidade incrível para me derrubar por trás. Fiquei no chão sentindo dor em todo meu corpo enquanto ela me chutava no meio das costelas.
-Levanta!
Ela gritou atiçando a platéia que torcia por ela. Eu me lembrei de uma coisa que aprendi sozinha quando brigava com os meninos do colégio quando pequena. Era algo como chutar a perna do adversário e se por em cima dele antes que pudesse se levantar. Eu fiz isso com ela e forcei sua mão para que ela largasse aquela adaga. Conseguir fazer ela soltar aquilo e se render vacilando quando relaxou os braços e eu sem querer, outra vez, enterrei a minha faca no seu peito. Dois segundo depois seus olhos ficaram sem foco e foram se fechando bem devagar, sua cabeça se curvou para trás e ela suspirou uma última vez.
Foi a coisa mais triste que vi na minha vida, então eu chorei por ter feito algo que nunca pensei que faria. Eu matei uma pessoa, e todos parecem não ter percebido isso. Quando olhei para trás, os meninos eram os únicos que pareciam abalados, sem contar com Ryan que estava no mesmo lugar de braços cruzados olhando para Chelsea que não estava mais aqui.

A filha de Lucy. Onde histórias criam vida. Descubra agora