A Rainha e o Espelho

Capítulo 31

De repente, tudo ficou calmo. A brisa soprava, trazendo um som confortante. As vestimentas da rainha, que até então dançavam loucamente por causa do vento, começaram a se mover lentamente com a brisa. Até os exércitos, que marchavam com rapidez e barulho, pararam por um instante. Era como estava na bíblia, o fim do mundo viria numa total calmaria.

Mas aquele momento de harmonia cessou quando a Rainha, que flutuava no ar, gritou. Um berro tão alto que os dois exércitos ouviram, mas não houve tempo de reagir. Uma enorme rachadura se abriu no meio da floresta, engolindo tudo e todos daquele lugar, inclusive as árvores. 

Na baía, no mesmo momento do grito de Monique, um estrondo oceânico veio das águas salgadas, e uma mortal, destrutora, e poderosa tsunami surgiu. A onda avassaladora engoliu e esmagou o exército que vinha pela praia.

Ambos os exércitos foram destronados. Um pela terra. Um pela água. Ambos causados por Monique, que apesar de atordoada por usar tamanha magia de uma só vez, sorriu vitoriosa.

A rainha voltou rapidamente para o castelo quando viu o primeiro raio de sol, voando como uma coruja.

- SUCESSO! - Monique virou humana novamente e gritou, comemorando. Mas, para sua surpresa, não havia ninguém ali. Monique apenas se perguntou onde Denis estaria, e partiu a sua procura.

Monique correu pelo castelo, até que encontrou Raul.

- Raul, sabe onde Denis está... Meu amante? - Monique fala, endireitando a postura.

- Ele foi convocado para guerrear... Você, minha rainha, ficará com as outras mulheres do reino dentro do castelo, para a proteção. Avistamos apenas um exército... o maior e mais poderoso que já vi.

Monique arregalou os olhos pela notícia de Denis. Se ele morresse, a maldição se perderia para sempre.

- NÃO! Não ficarei aqui como uma inútil, EU VOU LUTAR! ARRUME UMA ARMADURA E A ESPADA MAIS AFIADA QUE TIVERMOS! - Monique gritou.

- Negativo, rainha, uma mulher não pode lutar... 

- Como é que é? Não posso lutar só porque sou mulher? Que tolice, Raul, não esperava isso... Não de você. - Monique falou com uma cara de nojo. - Além de que, eu sou a rainha, e isso foi uma ordem. 

Raul deu de ombros e acabou permitindo a rainha no exército. Já com uma armadura justa e elegante, Monique empunhou uma enorme espada na cintura, juntamente com uma adaga. 

Jean, Raul e Denis estavam no começo do exército do reino, os quais eram os principais. Rei Jean arregalou os olhos quando viu Monique vestida para a guerra, carregando as armas para a batalha.

- O que? Rainha Monique...? O que está fazendo aqui?! - O rei falou alarmado. - Uma mulher guerreando? Nunca vi isso! Além de que, você é a rainha, a mulher mais importante daqui.

- Eu sou mulher sim... O que isso tem a ver?! E uma rainha, acima de tudo, não deve mostrar fraqueza. Portanto, EU VOU LUTAR. - Monique ergueu a voz, chamando a atenção de todos. - Fiquei sabendo que esse exército é poderoso... Vamos para a batalha?

Monique seguiu em frente com Denis, Raul, Jean e todo o exército do reino de Réussi. Eles estavam marchando lentamente, emitindo sons para que soubessem que estavam chegando. 

- Rainha Monique... Por que vai lutar, você pode se machucar! - Denis avisou preocupado, distanciando a rainha do soberano e seu irmão.

- Estou aqui por você, Denis, se você morrer, a maldição vai embora e meu plano vai por água à baixo de vez... - Monique falou, nunca perdendo a compostura. - Não se preocupe comigo, lembre-se que não posso morrer. E só temos que destruir esse exército, os outros dois... bom... eu dei um jeito neles - Monique falou, como louvor em sua voz.

O exército seguiu a estrada até se encontrar com o inimigo.