A Rainha e o Espelho

Capítulo 34

Louis, quando chegou próximo de Monique, viu o erro que acabou de cometer. A rainha, de alguma forma ou motivo, mudou de forma.

Monique havia se transformado numa besta. Um verdadeiro demônio. Os olhos da rainha se tornaram pretos e dezenas de veias negras surgiram em sua pele, como rachaduras. Seus dentes partiram ao meio, crescendo longos, estreitos e afiados.

Quando Louis tentou dar um soco na besta que Monique havia se tornado, a rainha foi mais rápida, e cravou seus dentes afiados no pescoço de Louis. O homem gritou, desesperadamente, enquanto Monique, com seus dentes, penetrava mais e mais fundo em seu pescoço. Sangue voou em direção de Monique, manchando sua roupa, dentes e parte do rosto. 

Monique, para terminar com aquela palhaçada, arrancou parte da pele do pescoço de Louis, que caiu sem vida no chão. A besta cuspiu o pedaço de carne da boca e em seguida, sorriu para Mirela, revelando os dentes mortíferos e sujos de sangue.

Mirela olhou para o corpo do marido morto no chão, e correu como se não houvesse amanhã, para longe de Monique. Por outro lado, a bruxa bestante apenas ergueu o braço direito na direção de Mirela, projetando um raio elétrico poderoso.

O ataque da bruxa acertou as costas de Mirela, que gemeu com a colisão, caindo no chão.

Monique, depois de ver que Mirela estava no chão, sorriu para Denis, novamente mostrando os dentes sujos de sangue.

- Estou feia, Denis? Não estou tão bonita agora, né? - Monique ria com sua piada pesada.

Denis se afastou de Monique, fazendo-a rir mais alto. Mas, através de uma mágica, Monique voltou a sua forma original: bela e fina. O sangue de Louis sumiu, deixando Monique limpa novamente.

- Melhor agora, não é? Mais bonita...

A rainha, depois que voltou a ser a mulher bonita de antes, foi até Mirela, que estava caída no chão.

- Por favor, Monique, me mate... Mas não me deixe aqui para sofrer - Mirela implorou.

- Vamos fazer um trato: Você me dá o brasão da sua família, e eu te mato de forma rápida e eficaz. Que tal? - Monique sugeriu, analisando suas unhas.

- Aceito! - Mirela falou, depois de um silêncio profundo. - Está no porão do castelo, é um amuleto verde. Quando uma criatura mágica se aproxima, ele brilha. Vão encontrar facilmente, eu juro.

Monique sabia que era verdade, pois sabia como era o amuleto, mas sabia que Mirela estava escondendo algo.

- Ótimo, quando eu encontrar, eu cumpro o acordo. - Monique falou, rindo. - E nem tente usar seus poderes. Eu paralisei eles, então... não ouse, ou senão terá uma eternidade bem... dolorosa.

Monique usou mais uma vez as correntes de seu vestido. Elas amarraram o pescoço de Mirela, não o suficiente para enforcá-la, mas forte o bastante para que jamais escape. Denis e Monique seguiram para o castelo, e como um cachorro submisso, Mirela foi junto, engatinhando, amarradas pelas correntes.

Eles desceram a escadaria em espiral. Volta e meia, Monique puxava as correntes, e Mirela perdia o controle e caia. Quanto chegaram no final, perceberam uma ampla sala escura, com muitos montes de tralhas inúteis. Mas, em meio àquela pilha de coisas, uma luz verde se destacou.

Monique sorriu, mas logo percebeu que aquilo era uma armadilha.

- Rainha Mirela, faça às honras... pegue o amuleto. - Monique falou, sabendo o que aconteceria.

- Não, rainha, por favor... não. - Mirela implorou aos pés de Monique. A rainha apenas sorriu e respondeu:

- Pare de se humilhar igual uma tola fracassada. PEGUE O AMULETO AGORA! - Monique gritou e as correntes de seu vestido soltaram Mirela. 

Mirela, com lágrimas no rosto, se levantou com dificuldade. Ela se aproximou da luz verde, e negou com a cabeça para Monique. A rainha se irritou e agarrou o braço de Mirela, colocando dentro da caixa que guardava o amuleto. De repente, Mirela soltou um grito desesperador, e uma flash de luz iluminou todo aquele ambiente. 

Monique riu alto, e jogou Mirela no chão, chorando. Sua mão estava completamente destruída, só era possível ver os ossos e articulações de Mirela. Sua pele foi completamente desintegrada com aquele acontecimento. 

- Muito esperto colocar um campo de força destrutivo em volta desse objeto... Mas, minha cara, nunca me subestime. JAMAIS! - Monique soltou uma gargalhada horrível. Um verdadeiro riso de bruxa. - Quebre o feitiço, Denis. 

O homem confirmou com a cabeça, mas antes que ele fizesse algo, Monique pisou nos ossos da mão de Mirela, quebrando todos. Mirela gritou agoniadamente, mas logo sessou o som com um chute de Monique, desmaiando. 

Denis ignorou aquele ato horrível, e fez com que o campo de força tornasse visível. Ela possuía uma aura verde escura, que logo trincou e caiu em dezenas de cacos. Denis, simplesmente, apanhou o amuleto verde e entregou para Monique.

- Rainha, antes de voltarmos, o que acha que vai acontecer em relação ao Rei Jean, Raul e todos os outros que sabem sobre você? - Denis, se aproxima de Monique, colocando suas mãos no rosto da rainha.

- Não podem fazer muita coisa... Em breve, estarão todos mortos mesmo. Não me interfere em nada. - Monique dá de ombros, depositando um beijo em Denis.

- Certo... mas em relação à Mirela. Não podemos voltar sem se transformar em pássaros, e quando isso acontecer, não teremos como levá-la. O que faremos?

- A deixamos. Sem uma mão, vai ser difícil viver. E é isso que ela queria, não era? Morte.

- Por que você é tão cruel? - Denis suspirou.

- O mundo me fez assim. Não é minha culpa. - Monique sorriu. E junto de Denis, se metamorfoseou e voou para Réussi novamente.