Capítulo 10

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Eu ainda podia sentir o peso do seu corpo sobre o meu, o ar quente que escapava de seus lábios e ia de encontro a minha orelha, as contrações de seu corpo, que reagiu quando, ainda sobre ele, mordi levemente a pele de seu pescoço. Todas as boas e inesquecíveis lembranças daquela noite. Eu podia sentir arrepios apenas ao lembrar de sua voz gemendo meu nome.

Abri um pouco os olhos e tateei o espaço ao meu lado. Suspirei. Outra memória. Na madrugada, quando exausto abri os olhos, vi aquela figura tentadora se afastar em direção a porta... mais uma vez. Lembrei de termos dormido juntos, mas Hayden me deixara, ele sempre deixava. Respirei fundo. Sim, eu estava apaixonado, mas se pretendia admitir isso precisava fazer uma outra coisa para mim mesmo. Nesse momento no qual eu mais o desejava, era o momento em que deveria resistir e me afastar. Estava confuso, queria entende-lo ao menos um pouco. Quem era, o que sentia, o motivo de me afastar dessa forma. Eu não estava cansado do sexo, estava exausto de ter apenas sexo. Se não se tratava apenas de atração carnal, então o que era? E por que? Por Deus, eu nunca havia sentido atração por outro homem antes!

Levantei e logo depois de tomar banho vesti o roupão branco e saí, indo para a cozinha. Nem me espantei ao vê-lo sentado em frente a uma xícara de café expresso. Tentei conter um sorriso e Hayden virou o rosto para mim. Seus olhos pareciam brilhar sob a luz do dia. Ele os desviou para o jornal que tinha em mãos.

— Bom dia. – Hayden murmurou baixo, apenas para que eu pudesse ouvir.

Caminhei até as costas de sua cadeira e pus as mãos em seus ombros, deslizando-as um pouco para baixo enquanto me debruçava por sobre sua cabeça, como um quase abraço.

— Bom dia – respondi igualmente baixo.

Uma gota caiu de uma das pontas de meu cabelo para o seu nariz, e de lá para o jornal. O escutei suspirar.

— O senhor vai me molhar – parecia um pouco impaciente.

Não pude evitar rir, nem sabia de onde vinha esse meu bom humor matinal.

— Qual o problema? – Debrucei-me ao seu lado, de frente para ele, com um pequeno sorriso. Peguei o topo de sua gravata e deslizei meus dedos por sua extensão, puxando-o um pouco para a frente. Hayden não esboçou qualquer reação, apenas me encarava. – Aposto que você tem outras vinte gravatas como essa, pelo menos. – Ergui as sobrancelhas. Me aproximei e o vi contrair o peito, seus lábios entreabertos não deixavam escapar ar. Perguntei-me se não estaria respirando. – Qualquer coisa nós tiramos essa roupa e... colocamos outra. – O beijei e finalmente senti sua respiração nos suspiros entrecortados.

Foi tranquilo, mas ao mesmo tempo foi intenso. Era uma sensação deliciosa e rápida que deixava um gosto leve na boca. Era um beijo de bom dia.

— Bom dia – repeti a centímetros do seu rosto, sabendo que devia estar parecendo um idiota.

Me afastei e Hayden me olhava como se tentasse me entender. Abri um grande sorriso ao soltar sua gravata.

— Vou me vestir – informei.

Fui para o quarto e abri o closet, parando para olhá-lo por um bom tempo. Na verdade eu apenas o encarava enquanto minha mente divagava. Minha boca ainda pedia pela sua. Controle-se, Dylan! Vesti o terno, me arrumei e fui comer. Hayden continuava como o tinha deixado. Sentei de frente para ele, e por todo o tempo erguia os olhos em sua direção, entretanto Hayden parecia me evitar. Sua presença tornava-se cada vez mais fria. Eu nadaria naquele mar de gelo.

Após alguns minutos saímos para o corredor, e quando chegamos ao térreo percebi que ele olhava por todo o nosso redor, mesmo sem mover a cabeça.

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