Capítulo 17

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Enquanto sua presença permanecia no apartamento, fiquei calado, em maior parte dentro do meu quarto. Quando Hayden finalmente saiu senti que podia respirar, mas não era uma coisa boa. Eu precisava aceitar.

Dali em diante eu parecia um morto-vivo, andando como se minha cabeça estivesse vazia. Era mentira. Eu estava completamente cheio de problemas. Se minha mãe aparecesse não sabia o que faria, e isso me deixava louco. Sentado em meu escritório, mal percebi quando Isabel bateu a porta e entrou.

— Seu guarda-costas está aqui – ela disse, sem ter ideia do peso que suas palavras colocariam sobre mim.

Pedi que ela o mandasse entrar e fiquei olhando a porta fechada, esperando que alguém a abrisse. Uma ansiedade ridícula, eu sei, mas existente. Não podia evitar, e minhas fantasias só se quebraram quando um homem mais alto que eu e composto por músculos exagerados, entrou.

— Meu nome é Oliver Dario – ele disse. – A companhia me enviou para substituir seu guarda-costas integral. Espero que meus serviços o agradem tanto quanto os dele.

Sorri de lado, tendo um pensamento irônico. Me agradar tanto quanto o serviço dele? Ah, mas esse homem não fazia ideia do que dizia. Pelo menos melhorou o meu humor... por uns dez segundos.

Felizmente minha mãe não deu as caras, e eu não considerava isso exatamente como uma coisa boa, porque eu a conhecia e sabia que não tinha acabado, pelo contrário, quando Darla aparecesse seria com um batalhão de fuzilamento. Dois dias, foi o suficiente para que eu começasse a sentir minha sanidade indo embora. É impressionante como a desgraça pode te fazer olhar para o mundo de um jeito irônico, e esperar deitado que uma onda venha e te leve pra morte.

A presença do tal Oliver no meu apartamento só me incomodava. Eu não o conhecia, e era como ter uma alma penada me vigiando. Pensando assim, o mesmo deveria ser dito de Hayden no começo, mas foi diferente. Acho que agora era diferente, porque quem eu queria que estivesse ali não estava, e outra pessoa tentando debilmente preencher esse lugar me irritava. Não era sua culpa, é claro. Recebi uma ligação inesperada naquela noite, o nome de Isabel brilhava na tela do meu celular.

— Aconteceu alguma coisa? – Falei ao atender.

Do outro lado, Isabel parecia falar muito baixo, como se temesse ser ouvida.

— Eu estou no laboratório – respondeu.

No laboratório?

— Como assim? Por quê? – Questionei, de repente agitado.

— Nos trouxeram para cá – ela murmurou. – Eu não sei o que está acontecendo, Dylan. Por favor, venha logo. – Isabel se calou e eu não conseguia escutar nada. Podia imaginá-la agachada em um canto, apertando o telefone no rosto. – Eu tenho que ir.

Ouviu, Hayden? – Não pude deixar de pensar, lembrando da nossa conversa na noite anterior. Apenas coloquei o celular no bolso da calça, peguei as chaves e saí com o guarda-costas. Tinha certeza de que havia o dedo da minha mãe nessa história.

Como estava ficando tarde, o trânsito já era ameno, o que me permitiu praticamente voar até o laboratório subterrâneo. Abaixo do arco, um segurança nos deixou passar assim que viu meu rosto. A primeira pessoa que vi foi Isabel, parada rente a parede à minha direta, olhando em minha direção com aparente nervosismo. Antes que eu pudesse chegar até ela um homem usando jaleco branco veio me receber. Havia um crachá em seu peito.

Dr. Waters.

— Boa noite, senhor Eaves – ele deu um sorriso amarelo, unindo as mãos nas costas. – Queira me acompanhar, por favor.

Meus olhos se encontraram com os de Isabel, e decidimos segui-lo para saber de uma vez por todas o que diabos estava acontecendo. Todas as luzes do laboratório estavam acesas, e algumas pessoas andavam de um lado para o outro, carregando acessórios e papéis, como em um dia de trabalho. É, eu não precisava perguntar mais nada.

O homem nos levou a uma ala que eu conhecia bem, no fundo da memória, mas que me esforçava para esquecer. Ali havia poucas pessoas, no máximo umas três, todas de jaleco branco. Era uma visão alva e limpa, muito diferente do que viria a seguir. Ao virar um corredor os primeiros gritos puderam ser escutados. Atrás de uma janela de vidro, um jovem homem estava sentado em uma cadeira. Sentado? Estava preso pelas mãos e pés, tentando se contorcer pela dor que podia se ver em seus olhos. Ele chorava e gritava, e esses sons foram os únicos que tomaram meus ouvidos, calando todo o resto.


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O capítulo foi curtinho, mas essa semana tem mais <3 <3 <3

Saudades do Hayden? Eu estou!

Beijos :*

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