Uma cidade com passado sombrio e segredos que perduram para sempre, essa é Hidden Shadows, palco de experimentos e planos dos quais seus moradores sequer desconfiam.
Dylan, filho da família responsável por toda a cidade, governando nas sombras...
Este capítulo possui trilha sonora. Ela está logo acima na capa, basta clicar e ler a história normalmente. Caso queira utilizá-la da forma como arquitetei, no momento em que a música se encaixa, irei marcá-lo com negrito na primeira palavra, indicando que a partir dali a música deverá ser tocada.
Exemplo: Armamos um plano.
Boa leitura!
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— Você acha que isso vai dar certo? – Hayden virou em minha direção.
Estávamos sentados no banco de trás do carro, dirigindo já estava um dos homens de Willam. Era difícil confiar em outras pessoas, mas se quiséssemos fazer aquilo não podíamos entrar em um lugar cheio de inimigos sem nenhuma proteção, era um pedido de morte.
— Você confia em mim? – sorri.
Hayden assentiu e se voltou para a frente. Em mais alguns minutos chegamos ao lugar, e antes de sair do carro apalpei o paletó, sentindo o cilindro sob o tecido. Um muro enorme cercava o lugar, dentro, a mansão quase parecia um palácio. Mostrei o convite para o segurança, que facilmente nos deixou entrar. Hayden me seguia, sempre um passo atrás, e os olhos de todos pareciam recair aos poucos sobre mim. Descendo a escadaria havia um enorme salão, onde estava, do outro lado, vi Lilá, ela estava acompanhada, imaginei que de seu marido, e ele abraçava sua cintura. Ela sorriu em minha direção, e depois continuou como se eu não estivesse ali. Tentei ignorar a raiva que sua presença me causava. Daria certo, aos olhos deles eu era uma caça amedrontada, fácil de capturar.
Fomos para o salão, onde todos pareciam conversar em pequenos grupos, rindo como se nada daquilo fosse errado, era esse tipo de mundo. Em um canto vi Marli conversando com um homem, ela ergueu a taça discretamente em minha direção. No outro canto vi minha mãe, descaradamente rindo com mais duas mulheres.
— Dylan Eaves – uma mulher tocou meu ombro, sorrindo. Eu não a conhecia, e ela tampouco se apresentou. – Espero que aproveite a festa.
Ignorei, apenas assentindo. Voltei a deitar os olhos sobre minha mãe, fixando-os nela a espera de que ela também me visse, e quando isso aconteceu, seus olhos quase saltaram para fora do rosto. Sorri com o canto da boca, virando para falar com Hayden:
— Pelo que Marli me falou, o tratado está aqui, eles devem fazer o convite a qualquer momento. – Soltei um risinho. – Pelo menos é divertido ver a reação dessas pessoas.
— Vai piorar.
— Você está certo. – Toquei seu ombro e desci a mão por seu braço e fugi do assunto. Era difícil dar o primeiro passo, mas o que é gasolina para quem já está no fogo? Sorri para ele. – Quer dançar?
Hayden arqueou as sobrancelhas e sorriu de nervosismo.
— Você está louco?
— Sim, completamente.
O puxei pela mão e o levei para o centro do salão quando uma música lenta começou. Claro, acho que todo mundo estava nos observando, especialmente minha mãe, ah, esse olhar cortante eu senti de forma clara, e eu queria que ela visse. Lilá também. Abracei sua cintura e o puxei para perto, sentindo meu coração acelerar. Hayden me abraçou por cima dos braços e pude sentir sua respiração muito próxima. Balançamos de um lado para o outro e ficamos assim. Esse era outro assunto que precisava ser resolvido. Quantas vezes ele havia mencionado as minhas responsabilidades, o dever do meu papel social? Foda-se! Qual era o problema? Eu estava extremamente feliz, nem parecia que uma corda estava pronta e moldada para o meu pescoço, o importante era que Hayden estava comigo, e eu queria que o mundo inteiro visse o meu homem. Era com ele que eu ficaria.
Deslizei a mão e peguei a sua, entrelaçando os nossos dedos ao lado do corpo, aproximei o rosto do seu e sorri. Ele também sorriu, abertamente, como quando estávamos sozinhos no chuveiro, quando ninguém estava olhando, pois não importava que vissem. O beijei rapidamente, prensando a boca na dele, e deitei a cabeça ao lado da sua.
Está vendo? – pensei, embalando-o em meus braços. – Eu fiz a minha escolha, e não ligo para as consequências, então não se preocupe.
A música parou, e todos os olhares se direcionaram para cima, no topo da escadaria. Sequer tinha percebido, mas agora havia uma mesa lá, e uma luz branca se direcionou para aquele ponto, no meio da escuridão que tomou o lugar. Um pergaminho estava aperto sobre ela, e por trás um homem sorria, segurando um microfone.
— Agradeço a presença de todos! Que nessa noite nossos laços possam se fortalecer. – Senti que seus olhos recaíam sobre mim. – Quem quiser se unir a nós, dê um passo adiante e suba as escadas.
Eu era o único representante de uma família fora da AGI, e todo mundo já notara minha presença. O caminho se abriu para mim, e deixei Hayden onde estava, sabendo que ele já tinha sido bem instruído a sair dali.
— Bem-vindo! – O homem abriu os braços para mim. – Dylan Eaves, quem mais queríamos ver.
Forcei um sorriso, e ele cedeu passagem para que e fosse até onde estava. Ao lado do pergaminho havia uma caneta dourada como a tinta devia ser, pelo que pude notar através das outras assinaturas. Peguei-a e parei por um momento, soltando um sorriso e deixando que ela voltasse a repousar sobre a mesa. Me virei para o "público". Tirei o frasco cilíndrico do paletó e o ergui em frente ao rosto, dizendo bem alto:
— É isso o que vocês querem?
Vi os olhares ambiciosos sobre mim, e procurei entre eles para ter certeza de que Hayden e Marli já não estavam ali.
— Então é isso – ri.
Joguei o frasco no chão e escutei os estilhaços que antecederam os gritos. Uma espessa neblina começou a se formar, e logo nada podia ser visto com clareza.