Toque

Capítulo 2

— E então? – Willam me encarou com seriedade – Já escolheu?

— Sim – joguei o arquivo sobre a mesa de minha sala enquanto mantinha uma única ficha na outra mão – Ele. – lhe entreguei a folha.

Willam ergueu uma das sobrancelhas assim que pôs os olhos sobre a ficha, parecia totalmente incrédulo. Não poderia culpa-lo, com certeza eu havia tido a mesma reação na entrevista.

— Hayden Manly – ele disse – Você está brincando?

Suspirei, decidido a ser direto.

— Não, e aposto que ele também não estava quando derrubou Caio e... – parei, aí já era informação de mais.

— E? – olhei para Willam, rangi os dentes e abaixei a cabeça.

— E a mim – acabei revelando.

Ele riu de maneira exagerada.

— Eu não acredito nisso – fez uma cena, levando o indicador a lateral de um dos olhos como se enxugasse uma lágrima – Mas bom, já é surpreendente você me dizer isso, acho que seu orgulho não o permitiria criar uma mentira dessas – Willam praticamente ria entre as palavras, sem se importar com meu olhar irritado – Derrubou você? Já gostei desse garoto.

— Ótimo – esbravejei – Então faça seu trabalho e vá contatá-lo.

— Sim, senhor – ele ainda ria – Estou indo. – e assim saiu da sala, me deixando completamente enraivado.

Sentei na cadeira atrás da mesa, fitando o teto branco. Hayden Manly, não é? Era uma surpresa. Alguém capaz de me causar arrepios com certeza seria eficaz em me proteger, mas não conseguia parar de pensar em como seria morar com ele. De repente uma memória invadiu minha mente, a visão que tive de seu corpo sobre o meu e seus olhos verdes e frios somados a sua voz baixa. Balancei a cabeça. Não podia acreditar, seria medo?

Tudo bem, vamos esquecer isso, você tem mais o que fazer. Abri a gaveta na lateral da mesa e peguei uma agenda com anotações antigas, precisava encontrar o número de um ex-funcionário do meu pai, o senhor Allan Wasser, ele era confiável e de certo saberia me informar sobre os homens que me seguiram a carro dois dias atrás. Assim que abri a capa preta tive uma surpresa bem desagradável. Uma pequena foto estava solta sobre a folha, uma linda mulher loira sorria para mim e por um segundo tive vontade de jogar a agenda para longe.

Lila.

Eu ainda lembrava do dia em que a tinha conhecido.

— Senhor Eaves, esta é Lila Cobb – foi tudo o que o mordomo da mansão dos meus pais disse. Até ele já a conhecia, todos, menos eu. Ele não precisava dizer mais nada, eu sabia. Sabia que se tratava da mulher com quem eu estava destinado a me casar, e quer saber? No momento em que a vi nada mais importou, os segredos, as obrigações, o destino. Afinal casar com aquela jovem encantadora não poderia ser tão ruim. Não, não seria nada ruim. Ela tinha a pele clara, levemente bronzeada, o rosto era delicado com traços bem desenhados e lábios um pouco torneados, os olhos eram de um mel encantador. E nossa! Lila tinha o sorriso mais lindo que eu já vira na vida. Sua expressão gentil e doce me hipnotizou por tanto tempo que quase não reparei em seu corpo. Os seios não eram grandes nem pequenos, eram o ideal para mim, a cintura fina e o resto de suas curvas que eu não podia ver por causa do vestido que ia até seu joelho, mas a julgar pelo que era revelado dali para baixo, deveria ser uma visão de tirar o resto do fôlego que me restava.

— Prazer, senhor Eaves – ela sorriu, chamando minha atenção. Eu devia ter agido como um idiota por ficar a encarando por tanto tempo. Era de se esperar quando você finalmente conhece a futura mãe de seus filhos. Literalmente. Lila não pareceu nem um pouco surpresa.