Sixters [Six Sisters] - BTS

03- Brasília, Brasil / Merari, South Islands - Hwang Kai Lee

Segunda-Feira, 28 de Janeiro de 2013

Kai

Kai pode parecer fria, insensível, um cubo de gelo á primeira vista.
Ok, ás vezes ela é mesmo. Dona de uma personalidade forte e peculiar, ela é aquela do grupo, que sempre tem alguma idéia na cabeça.
Parece durona o tempo todo, mas o que quase ningúem sabe é que ela se sente insegura e cansada com certa Frequência.
Quando gosta realmente de alguem, pode não saber demonstrar do modo mais convencional mas fará de tudo para cuidar e proteger essa pessoa. Mesmo com toda essa casca de durona, Kai tem um lado fofo e doce que só quem está perto o suficiente conhece, e se ela deixa você chegar perto o suficiente é porque realmente se importa com você.

*****

Arrumando as últimas malas no meu quarto, na casa da tia Naomi.

Observo o velho album de fotografias que não abro desde morte dos meus pais.

Resolvo abrir e me arrependo instantemente.

É como se eu voltasse no tempo.

Olho o recorte de jornal falando do acidente ocorrido com Hwang Jaehyung e Bethany Kim. Ele era produtor musical, maestro, Cantor, compositor e multi insrumentista. Ela era bailarina, coreógrafa, professora, cantora e compositora. Eram bem famosos e requisitados por celebridades nas ilhas.

Morreram num acidente em 14 de Dezembro de 2008 quando eu tinha 11 anos.

No dia eu estava com minha avó paterna em Ghedra, eles estavam indo pra lá.

A lembrança ainda dói, talvez por isso eu tento evitá-la, mesmo que já tenham se passado 4 anos.

Meu psicológo diz que não externar sentimentos pode causar sintomas físicos.

Eu tenho uns ataques de pânico e de ansiedade sinistros de vez em quando...

Pego o álbum de fotografias e me sento na cama.

Passo o artigo do jornal e observo as fotos.

Olho todas as boas lembranças com meus pais registradas.

- Kai, eu toruxe... Kai?

Limpo as lágrimas rapidamente ao ver tia Naomi entrar.

- Hey, o que houve?

Ela pergunta preocupada e se senta ao meu lado na cama. Limpo as lágrimas rapidamente meneando a cabeça.

Odeio que me vejam chorando.

Odeio chorar.

Ela observa o álbum em minhas mãos.

- Eu também sinto falta deles. Mas eles estariam orgulhosos de você agora. Conseguiu uma vaga no Instituto Vermont com uma nota maravilhosa, tão jovem e já indo correr atrás de seus sonhos. Eles estariam muito felizes.

Sorrio e algumas lágrimas teimosas caem. Tia Naomi me abraça, retribuo.

- Voe alto..

Ela fala.

- E não deixe que nada nem ninguém tire as suas asas.

Completo.

Meu pai adorava essa frase.

Eu morei em Brasilia, Brasil, com Tia Naomi, irmã da minha mãe por 4 anos, quase 5. Agora estou partindo de volta às ilhas em busca do meu sonho.
Ela é mesmo como uma mãe pra mim.

Tia Naomy é divorciada e tem duas filhas que moram no exterior. Minjae e Dana.

Minjae tem 19 anos e estuda na Inglaterra. Dana, 21 e estuda na França.

Tia Naomi sempre me apoiou a cantar porque isso deixa minha alma externar todos os sentimentos com que não sei lidar, e particularmente não é uma área fácil pra mim.

Eu ganhei um gato preto porque o psicólogo disse que o bichinho poderia me ajudar com os problemas de ansiedade.

Plutão, meu gato preto, está comigo desde meus 12 anos.

Alguns dias são melhores que os outros, alguns nem tanto.
Meu psicólogo me ajuda com isso, mas é a música quem me salva.

Um dia vou conseguir voar alto. Conquistar meus sonhos.
E quando isso acontecer, poderei deixar uma mensagem: Dizer para todos que não estão sozinhos nessa droga de vida. Usar um momento difícil pra mim e transformar em algo bom, como uma letra de uma canção que possa salvar alguém, como a música me salvou.

******

Ao chegar no meu apartamento nas ilhas fico feliz e tenho uma sensação aconchegante.

Plutão deita largado no sofá como se fosse o rei da pouha toda.

Sorrio.

Meu tio Josh contratou uma equipe pra que quando eu chegasse, depois da reforma, os móveis já estivessem montados e o apartamento limpo.

O único trabalho que tenho é de organização, então ligo meu aparelho de som tocando Big bang bem alto enquanto eu danço e canto por entre as caixas com a mudança e coisas que eu comprei.

Meu apartamento fica no edifício Royal, no cruzamento das avenidas Sandler e Garden à duas quadras do Instituto, próximo ao Parque da Cidade e ao Merari Tower que é um dos prédios mais altos e caros de Merari.

O bairro residencial fica bem perto do centro, o que é ótimo porque dá pra ir pra qualquer lugar à pé.

Termino de guardar a última toalha de banho.

A casa toda organizada. Já é noite e o som parou de tocar.

Meu gato está olhando para o canto da parede, provavelmente vendo algum ser das trevas.

Pego meus óculos.

Não. É só um besouro de planta.

Tiro os óculos.

Tomo um banho e depois de trocar de roupas olho o álbum de fotografias que escapa da mochila em cima da cama.

Pego uma foto.

Eu com 10 anos, mamãe e meu pai no jardim da casa da minha avó materna em Vermont.

Pego uma moldura e coloco a foto.

Ao colocar moldura na mesinha, sorrio com a lembrança dos meus pais.

Sim, eles estariam orgulhosos.