Verdadeiras intenções

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O caminho de volta foi silencioso, estava escurecendo e os garotos não queriam tirar a atenção de Charlie da pista.
  A cabeça de Dande tentava processar todas as informações que havia descoberto naquele dia. Clyde pertencia a mesma família que Charlie, e provavelmente também tinha algum parentesco com o Luke. A família do Will era bem conservadora, mas ele herdou o lado rebelde da família. Dande se perguntou se Dave um dia realmente fora homofóbico de verdade, se não era pela influência do pai e os traumas do passado.
  Quando eles chegaram em salgueiro, as estrelas já cobriam o céu, os postes já estavam acesos. Eles seguiram em direção a casa de Will, e tiveram uma surpresa quando chegaram lá.
  Todos os membros da Peacemakers estavam lá, e com desespero em seu rosto.

Dande: O que houve?!

  Dande pergunta ao descer do sidecar.

Luke: A Tiffany, ela desapareceu.

Will: O que?!

Julie: A mãe dela disse que a mandou por o lixo pra fora. Mas poucos minutos depois, ela ouviu um grito, e quando procurou, não à encontrou.

Dande: Isso tá ficando sério!

Charlie: Temos que tomar uma atitude!

Ginna: Mas vocês tem alguma ideia sobre o que fazer?

Dande: Talvez.

  Dande contou o que eles descobriram com o pai da Charlie, detalhe por detalhe.

Lucy: Então... Vocês suspeitam do Clyde?

Will: Isso mesmo.

Marina: Mas como vamos entrar na casa dele pra descobrir?

Tiago: Disfarces?

Lucy: Não, eles não são confiáveis.

Bruno: Mas até que seria uma boa ideia.

Lucy: Não... Deve haver alguma outra forma.

Dande: E tem. Dave...

Dave: Acho que já entendi, mas não sei se vai dar certo.

Will: Vai lá pai, você tem um certo carisma, e se chegar com as palavras certas, é capaz dele acreditar.

Marina: Não custa tentar.

Dave: Certo... Quando?

Dande: Amanhã tá ok?

Dave: Sim, a noite, certo?

Dande: Sim, e não se preocupe, estaremos com você.

Dave: Parece que tá na hora desse velho lobo enfrentar os medos.

Will: Pelo bem dos jovens desaparecidos.

  Nenhum dos jovens voltou sozinho pra casa naquela noite. A segurança deles era o que mais importava no momento. Dande e Luke foram direto para o quarto assim que chegaram em casa, e cada um deitou em sua respectiva cama.

Dande: Luke.

Luke: Oi.

Dande: Você acha que o pior pode ter acontecido com os nossos amigos?

Luke: Não, pra mim essa não é uma opção. Eu acredito no que a Julie disse sobre sentir que eles ainda estão vivos, em algum lugar.

Dande: Por quanto tempo?

Luke: Eu não sei, mas torço pra que seja tempo o suficiente pra que a gente possa salvá-los.

Dande: Você realmente mudou muito nesses últimos meses Luke, pra melhor.

Luke: Eu tive um bom exemplo.

  Luke sorri quando os olhos de Dande encontram os deles, e Dande sorri de volta.

Dande: Domingo que vem é o seu aniversário, certo?

Luke: Exatamente. E eu espero que eu tenha motivos para comemorar.

  E então, eles conseguem ter uma noite relativamente tranquila.
  Na manhã seguinte, eles vão pra escola, como sempre. Foi estranho ter aula mesmo com 3 alunos desaparecidos, e até os professores pareciam preocupados.
  O dia ocorreu o mais normalmente possível. Quando a noite chegou, Dande estava com Julie, Ginna, Marina, Will, Luke e Dave na frente da casa da jovem lontra.

Julie: Então... Só vieram vocês mesmo?

Ginna: Muita gente chamaria muita atenção.

Luke: O que nós iremos fazer?

Dande: Observar a conversa de todos os ângulos possíveis.

Will: Papai, o senhor está pronto?

Dave: Sinceramente? Não, mas eu tenho que fazer isso né?

Marina: Sim.

Dave: Então vamos. Quero acabar logo com isso.

  Cada um dos adolescentes se escondeu em algum lugar. Julie, Luke e Will ficaram do lado da cabana que ficava próximo a casa de Julie, enquanto Dande, Marina e Ginna ficaram do outro lado, um pouco perto do lago.
  Dave bate na porta, e eles vêem uma pequena abertura na porta, e conseguem ver um dos olhos de Clyde checando o visitante.

Dave: Olá!

  O ligre fecha a porta, eles escutam um som que Dande reconheceu como correntes sendo tiradas. Ele havia reforçado a segurança do local. Ele então abre a porta completamente, e encara Dave, com um estranho sorriso no rosto.

Clyde: Olá!

  Dande percebeu que eles não haviam ensaiado um diálogo, mas Dave agiu naturalmente.

Dave: Tem tempo para uma conversinha?

Clyde: Claro! Olha como o céu, a lua, as estrelas, o lago estão lindos essa noite. Vamos dar uma voltinha por aqui enquanto conversamos.

Dave: C-claro! Por que não?

  Os 2 saíram da entrada e começaram a se dirigir para o lado da casa próximo ao lago. Dande, Ginna e Marina tiveram que correr pra achar um esconderijo. Por sorte, havia uma árvore lá perto, e Dande e Ginna se esconderam atrás dela, enquanto Marina voou rapidamente para a copa da árvore, se escondendo entre os galhos.
  Estranhamente, Dave e Clyde pararam para observar o lago.

Clyde: Vista linda, não é mesmo?

  A fala dele parecia ter uma simpatia forçada.

Dave: De fato. Bem, vou direto ao assunto, eu estou... Perdoando você pelo passado, ok? Vamos recomeçar do zero?

  Clyde pareceu ter sido pego de surpresa.

Clyde: Certo, certo, podemos recomeçar.

Dave estende a mão, e Clyde cumprimenta.

Dave: Sem ressentimentos?

Clyde: Sem ressentimentos. Olha pro céu, ele está lindo essa noite.

Dave: Realmente, ele está...

  Aconteceu rápido demais para que pudessem impedir, Clyde aproveita a distração de Dave, e enfia uma faca em suas costas.

Dave: Argh!

  O sorriso de Clyde mostrava pura insanidade, seus olhos brilhavam de excitação.

Clyde: Isso é pelo que o seu irmão fez com a minha vida!

  Ele se vira e sai andando casualmente, enquanto Dave cai, se debatendo de dor, no chão.

Seasons of an Young LionOnde histórias criam vida. Descubra agora