Os restantes

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No final das contas, todo mundo ajudou de alguma forma na preparação do almoço. Dande cortou as verduras com Henry, Julie separou o feijão, Marina ajudou a cozinhar, e Ryan ficou de lavar os pratos depois de tudo.
  O almoço não demorou para ficar pronto. Era bem simples, mas Dande se sentiu satisfeito ao vê-lo pronto. Era um pouco do básico: Arroz, feijão e salada. Cada um fez seu prato e se sentou ao redor da mesa, que era relativamente grande para uma senhora que vivia sozinha. A janela estava aberta, deixando o sol entrar e iluminar a casa com luz natural. Dande conseguia ver a rua dalí, e percebeu que talvez fosse a única que ainda tivesse casas bem conservadas e habitadas. Ele saiu do "transe" quando a Sra. Santos perguntou:

Sra Santos: Só vai comer isso mocinho?

  Ela se referia ao conteúdo do prado do jovem leão. Diferente dos outros, só tinha arroz e verduras.

Dande: Oh, sim. Não gosto de feijão.

Sra. Santos: A gente nem sempre come o que gosta.

Dande: Tranquilo, eu aguento.

Ryan: O Dande faz fotossíntese.

Sra. Santos: Foto o que?

Dande: Fotossíntese. O processo que as plantas usam para se alimentar. E não Ryan, eu não faço isso. Ao menos não que eu saiba.

Ryan: Fala com o Cotton depois.

  Depois disso, eles voltaram a comer calmamente. Até o momento em que Marina fez uma pergunta.

Marina: A senhora almoça todo dia sozinha?

Sra. Santos: Não, é até raro eu almoçar sozinha. Nós somos poucos, os que restaram nessa cidade, mas somos unidos. Geralmente combinamos de almoçar juntos.

Marina: Isso me parece bem agradável.

Sra. Santos: E é, geralmente passamos a tarde toda conversando. Hoje o almoço seria na casa da Samantha. Eles devem ficar lá um bom tempo, vendo algumas fitas VHS.

Ryan: Fitas... VHS?.

Sra. Santos: Sim, aquelas que tem filmes.

Marina: Podemos ir lá depois?

Sra. Santos: Claro! Eles vão adorar conhecê-los.

  E então, eles terminaram, de almoçar, e Ryan lavou os pratos como prometido, com uma ajudinha do Dande na hora de secar. Quando terminaram, a Sra. Santos os esperava na entrada da casa, juntamente das garotas e do Henry.

Ryan: Vamos?

Sra. Santos: Vamos.

  E eles saíram de casa, e começaram a andar pela rua empoeirada dessa cidade abandonada. Dande logo perguntou:

Dande: Quem é essa Samantha?

Sra. Santos: Uma capivara, dona da antiga locadora de filmes daqui da cidade. Uns 15 anos mais nova que eu.

Marina: E aonde ela mora?

Sra. Santos: Bem aqui.

  Eles param na frente de uma casa, do outro lado da rua. A fachada tinha um lindo tom de rosa, que estava começando a desbotar. Eles não haviam andado nem cinquenta metros da casa da Sra. Santos.

Ryan: Vocês realmente se mantém por perto.

Sra. Santos: Estamos presos juntos nesse local.

  Ela bateu na porta. Dande pôde ouvir uma conversa relativamente animada lá dentro. Logo, a porta se abriu, revelando uma capivara, com os cabelos, que já começavam a ficar grisalhos, presos em um coque. Usava uma camisa rosa e, como a Sra. Santos, uma saia preta. Ela tinha um sorriso no rosto, revelando seus grandes dentes da frente.

Samantha: Oh, Lourdes! Finalmente você veio. Quem são esses jovens?

Sra. Santos: Samantha! Eles são os amigos da minha neta, vieram fazer uma visita.

Julie: Podemos entrar?

Samantha: Claro! Todos estão aqui.

  Eles entraram, e viram a quantidade de pessoas naquela casa. Cerca de meia dúzia de pessoas, todos adultos, e a maioria na terceira idade. Todos se levantaram e cumprimentaram os visitantes.

Samantha: Bem, meus jovens, vocês já devem conhecer bem a Lourdes, e agora já me conhecem. Sou Samantha, prazer em conhecê-los.

  A capivara continuava com um sorriso no rosto. Ela estava feliz em ver novos rostos.

Marina: O prazer é todo nosso.

???: Querido, eles também tem flores no cabelo.

  Uma cadela, que Dande identificou como uma Chihuahua, devido a suas grandes orelhas, era quem havia dito isso. Ela aparentava ter a mesma idade que a Sra. Santos. Tinha longos cabelos brancos e usava um vestido multicolorido muito similar aos que Lilly costumava usar. Ela segurava o braço de um Buldogue, que aparentava ter a mesma idade que ela, e Dande deduziu que fosse o seu marido. Ele, assim como sua esposa, tinha pelos brancos, com algumas manchas laranjas. Ele era bem largo, principalmente comparado a sua companheira, que possuía um corpo esbelto. Ele usava uma camisa de botões amarela, e uma calça marrom com suspensório. Ele também usava uma grande boina na cabeça. Ele poderia ser intimidador, mas enquanto sua esposa estava surpresa, ele apenas sorriu, e falou.

???: Isso é definitivamente um bom sinal.

Dande: Se refere a gente?

Sra. Santos: Esses são Carmen e Jaime, casados há quase 60 anos.

Carmen: Anos maravilhosos.

Jaime: E sim leãozinho, estava me referindo a vocês.

???: Vocês ainda estão estudando, certo?

  Um velho tatu, de camisa branca, e calça preta, se aproximou do grupo. Ele usava óculos, e seus cabelos eram brancos. Ele parecia um pouco corcunda, mas Dande deduziu que talvez fosse a sua "armadura natural"

Ryan: Sim, por que?

???: Sou um professor, que está louco pra ensinar alguém.

Samantha: Esse Cláudio...

Julie: Bem, eu tô com algumas dúvidas em química...

Cláudio: Sou professor de matemática, não disso!

???: E então, como está a vida na cidade grande?

  Uma tamanduá de pelos marrons e longos cabelos pretos e lisos havia falado. Ela aparentava ser mais jovem que os outros, estava na meia idade. Ela usava um vestido num tom escuro de vermelho, sob seu corpo relativamente esguio, e também usava óculos.

Ryan: Salgueiro não é algo que possamos chamar de grande.

Marina: Mas também não é pequena.

???: Definitivamente tem muito mais gente que esse lugar.

Jaime: É o que temos agora, Dora.

Dora: Infelizmente.

???: Bem, ao menos não estamos sozinhos.

  Ele definitivamente era o mais jovem daquele local. Ele era uma ave, um carcará, com cabeça branca, cabelos pretos, e penas marrons. Seu bico tinha uma ponta esbranquiçada, mas era alaranjado na parte que encostava no rosto. Ele usava uma camisa azul e uma calça marrom. Ele aparentava ter menos de 30 anos.

Samantha: Sim, José, e isso é reconfortante.

José: De fato.

Dande: Vocês são tudo o que sobrou da cidade?

Jaime: Somos os restantes, meu jovem.

Carmen: Cadê o...

  Ela não teve tempo de terminar a frase. De dentro de um dos cômodos, que Dande deduziu ser o banheiro, saiu um jovem leão. Era uma criança, de provavelmente 8 anos, mas já tinha uma juba praticamente fechada, e ela era verde, contrastando de seu pelo amarelo. Ele ficou surpreso ao ver os visitantes.

???: Quem são eles?

Seasons of an Young LionOnde histórias criam vida. Descubra agora