Uma heroína?

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As aulas daquele dia continuaram normalmente depois da breve comemoração do aniversário de Annie.
  A última aula daquele dia era o que os professores costumavam chamar de "aula de estudo". Que era basicamente o tempo de uma aula, só que reservado para estudar e fazer alguns dos deveres de casa, justamente para diminuir o peso do sistema integral.
  Dande não demorou muito para terminar os que tinha que fazer, graças a ajuda de Tony e Alan, que estavam com ele.

Dande: Valeu, caras! Eu tava com um pouco de dificuldade em química.

Alan: Precisando é só chamar.

Dande: Certo, me lembrarei disso. O que faremos agora?

Tony: Esperamos, até o sinal tocar.

Dande: Ok, então eu vou ver se alguém precisa de ajuda.

  Dande se levantou e olhou ao seu redor. As garotas estavam juntas, num círculo de caldeiras, enquanto conversavam e faziam a atividade. Luke, Will, Ryan e Tiago estavam conversando lá no fundo da sala. Eles geralmente não faziam as atividades nessa aula.
  Os outros alunos estavam reunidos em pequenos grupos, fazendo as atividades. A professora que estava na sala nesse momento, uma doce jacaré de meia idade. Estava distraída lendo um livro, e de vez em quando olhava por cima da capa, para ver se tudo estava bem.
  E então, Dande viu Bruno. Ele também estava sentado no fundo da sala, como os outros garotos. Mas ele estava distante deles, no canto. Tentando fazer suas atividades. Dande sentiu uma certa energia negativa vinda do touro, como se algo o estivesse incomodando.
  Dande decidiu de aproximar.

Dande: Hey, Bruno.

Bruno: Oi Dande.

Dande: Precisa de ajuda com alguma coisa?

Bruno: Não... Eu tô bem.

  Dande percebeu certo desconforto na fala do touro.

Dande: Olha, não precisa esconder, seja lá o que for. Eu sei que tem algo te incomodando.

  Bruno respirou fundo.

Bruno: Certo... Você sabe que eu me assumi, né?

Dande: Claro, como eu esqueceria? Foi no aniversário do Luke.

Bruno: Então... Minha mãe não gostou disso. Disse que meu pai está se revirando no túmulo por causa disso.

Dande: Por que não contou isso antes?

Bruno: Não queria te preocupar.

  O sinal tocou, indicando que era hora de ir embora.

Dande: Eu vou pensar num jeito de te ajudar.

Bruno: Espero não te causar uma baita dor de cabeça.

  Dande saiu da escola ainda pensando naquilo. Ele viu Bruno entrar na van que levava de volta os jovens da zona rural, juntamente de Annie e Lilly. E então, Dande foi andando pra casa, acompanhado pelos mesmos amigos de sempre: Will, Marina, Tony, Ofélia, Luke e Ginna.

Ginna: Aconteceu algo, Dande?

  Ginna sabia muito bem como identificar o que Dande sentia só com o olhar.

Dande: É que... O Bruno tá meio mal.

Will: É, eu também notei isso.

Dande: A mãe dele não tá aceitando o fato de ele ter se assumido como homossexual.

Luke: Infelizmente não é toda família que é como a nossa, né Dande.

Dande: É...

Marina: Bem, vamos torcer pra tudo dar certo. Ela pode mudar de opinião.

Dande: Assim espero.

Eles chegaram no cruzamento onde ficava a Fred's, o restaurante do pai do Tony. Era o local onde eles se separavam.

Marina: Bem, até outra hora.

Ofélia: Até.

Will: Talvez eu passe lá mais tarde Luke.

Luke: Certo, estarei na expectativa.

Ginna: Até depois.

Dande: Até.

  Ginna foi para um lado, Will e Marina foram para o outro. Tony entrou no restaurante, e Dande seguiu em frente com Ofélia e Luke.

Ofélia: Dande, você não acha melhor deixar tudo se resolver sozinho?

Dande: Se refere ao Bruno?

Ofélia: Sim.

Dande: Bem, ela é a mãe dele.

Ofélia: Eventualmente ele vai crescer e se tornar independente.

Dande: Sim, mas...

Luke: Chega, essa conversa não está agradável pra nenhum dos dois, nem pra mim. Vamos aproveitar que a tarde está calma...

  Antes que ele pudesse completar a sua sentença, um alarme soou. Os três olharam para o outro lado da rua.
  Eles viram dois ladrões fugindo de uma joalheria, com sacolas cheias de dinheiro e joias. Eles eram um pássaro e algum tipo de canídeo, mas Dande não conseguiu identificar a espécie exata porque eles usavam máscaras.

Ofélia: Eita!

Dande: Temos que fazer alguma coisa.

  Mas antes que eles pudessem fazer alguma coisa, alguém falou:

???: Alto lá!

  No telhado de uma das lojas estava uma jovem felina, de pelos amarelos. Ela tinha uma longa cabeleira ruiva, e manchas no pelo da mesma cor. Ela usava o que precisa ser um uniforme escolar, uma máscara de carnaval verde, e uma capa da mesma cor. Ela aparentava ter cerca de 12 anos.

Luke: Masoque?

  Os bandidos pararam de correr, surpresos com o surgimento súbito da garota. Ela pulou do prédio, o que Dande achou ser loucura. Mas então, os olhos dela emitiram um brilho rosa, e um par de asas luminosas de borboleta nessa mesma cor surgiu. Ela pairou graciosamente até o chão.

Pássaro: O que você quer pirralha?

???: Só quero que vocês devolvam o que não lhes pertence.

  Ambos os bandidos riram.

Pássaro: O que você vai fazer? Jogar purpurina na gente?

???: Vocês não me deixam outra escolha.

  A calçada se abriu entre os pés do pássaro, e raízes o imobilizaram, deixando apenas a cabeça dele livre.
  Seu parceiro tentou revidar, levantando a arma que carregava, mas a garota apenas fez um movimento com a mão, e uma rajada de vento o desarmou. As raízes também o envolverem. No fim de tudo, ambos os bandidos estavam imobilizados, e as sacolas com o que havia sido roubado estavam no chão.

???: Derrotados por uma garotinha.

Dande: Ei!

  Dande, acompanhado por Ofélia, Luke, e uma pequena multidão que estava na rua naquele momento, correram na direção da heroína daquele fim de tarde.
  Ela se assustou com a quantidade de gente, e então, começou a voar, rapidamente sumindo do campo de visão de todos.
  Pétalas caíram no chão, formando apenas um nome.

     Flora

Seasons of an Young LionOnde histórias criam vida. Descubra agora