filtro

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Dande e Leandro subiram as escadas cuidadosamente, até chegarem no quarto onde a garota ficava. Leandro segurou a maçaneta.

Leandro: Antes de tudo, peço que você não saia falando sobre ela por aí.

Dande: Certo. Pode confiar em mim.

Leandro: Confio na sua palavra.

  E finalmente, ele girou a maçaneta, abrindo a porta.
  Dentro do quarto estava a mesma leoa, albina. Seus longos cabelos verdes cobrindo seus olhos, e dessa vez ela estava com um vestido azul ao invés de rosa.
  Ela estava brincando com a mesma boneca daquele dia, e se assustou ao ver um estranho chegar com o Leandro.

Leandro: Fique calma, ele não tá aqui pra te fazer mal.

  Ele falou num tom calmo, para acalmar a garota. Aparentemente, surtiu efeito.

Sophie: Certo, tudo bem.

  Dande e Leandro entraram no quarto, e Dande finalmente pôde perceber como era o local: paredes cor-de-rosa, e um tapete da mesma cor. Duas camas bem arrumadas no canto (Dande sabia que Mariana também dormia naquele quarto). Alguns brinquedos em prateleiras, um baú na frente de uma das camas e um armário do outro lado do quarto. Ele também viu uma porta ao fundo. Deduziu que essa porta levasse a algum banheiro.

Dande: Lugar bonito. A Annie iria adorar essas paredes.

Sophie: Quem é essa Annie?

Dande: Uma amiga, ela não pôde vir.

Sophie: Ela gosta de rosa?

Dande: Bastante. Até o cabelo dela é rosa (e é natural!).

Sophie: Que demais! Mas e você, quem é?

  Dande se ajoelhou e olhou a garotinha nos olhos enquanto se apresentava.

Dande: Dandelion Natsu Willow, mas me chame apenas de Dande.

Sophie: Certo, Dandelino. Eu me chamo Sophie Hasu. Aquele ali é o Leandro... Não sei o sobrenome dele.

Leandro: Hahaha. Só você mesmo Sophie...

Sophie: Só eu o que?

Leandro: Ah, esquece. Vamos direto ao assunto. Dande, como você sabia que ela estava aqui?

Dande: Eu abri essa porta por acidente quando o Beto trouxe a gente pra cá pela primeira vez.

Sophie: Lembro disso, foi ontem de manhã.

Dande: Com o tanto de coisa que aconteceu, parece que ontem de manhã foi há um mês.

Leandro: E o Beto, te disse algo?

Dande: Disse que ela é especial, mas não em que sentido.

Leandro: Pois ela realmente é.

Dande: Ela tem alguma necessidade especial?

Leandro: O que? Não!

Dande: Oh, desculpe! É que geralmente quando falam que alguém é especial é porquê...

Leandro: Sim, sim, entendi.

Sophie: A Mari diz que sou como um filtro, um purificador de água.

Leandro: E você é.

Dande: Consegue explicar direito Leandro?

Leandro: Claro, mas se sente um pouco. Isso pode demorar.

  Dande se sentou em uma das camas, e Sophie se sentou ao lado dele.

Sophie: Adoro ouvir o Leandro falando.

Leandro: Hahaha, um dia vou te deixar explicar isso sozinha. Bem... Você sabe o que um filtro faz, né Dande?

Dande: Sim, ele tira as impurezas da água.

Leandro: Já pensou em como seria a vida se existisse um filtro que tirasse toda energia negativa do mundo?

Dande: Seria maravilhoso!

Leandro: De fato. E a Sophie é algo parecido com isso. A mera presença dela transforma energias negativas em positivas. Ela consegue purificar a mais impura das mentes com um simples toque.

Dande: Isso é perfeito! Mas por que vocês a mantém presa num quarto? Ela poderia estar ajudando pessoas mundo afora.

Sophie: Eu irei! Quando for mais velha.

Leandro: Vou lhe dizer o que a Mãe Açaí disse quando trouxe ela pra cá: "Pessoas, Seasons em especial, tendem a pensar no "bem maior" ou seja, eles poderiam abrir mão de alguém se isso salvasse muitas pessoas." Entende?

Dande: Sim... Me desculpe. Ela é só uma garotinha apesar de tudo.

Sophie: Ei, não fique triste! Você parece ser legal.

  Ela o abraçou gentilmente, sorrindo, e Dande retribuiu ambos.

Dande: Você realmente é um raio de sol.

Sophie: Obrigada, eu tento.

Dande: Mas ei Leandro, por que a Mãe Açaí escolheu vocês para cuidarem dela?

Leandro: Bem... Foi porque...

Mari: Porque nós somos como uma família.

  Mariana havia voltado, e estava na porta do quarto.

Sophie: Oi Mari!

Mari: Oi fofa. O que esses dois estavam fazendo com você?

Sophie: Conversando!

Mari: Ah, bom.

Dande: Como assim, família?

Mari: Bem... Nós vivemos juntos há cerca de sete anos. Eu, o Leandro e o Beto. Foi meio que uma coincidência do destino. O Leandro sempre cuidou da gente como se fosse um irmão mais velho.

  Leandro ficou um pouco corado.

Leandro: Fiz o que deveria ser feito.

Mari: Sei. Enfim, dois anos atrás, já estávamos todos prontos para iniciar a vida adulta... Mas aí, a mãe açaí chamou a gente.

Sophie: Lembro desse dia. Ela pediu que vocês cuidassem de mim.

Leandro: E assim fizemos. Cuidamos dela em segredo até hoje.

Mari: E tivemos momentos bem "família" juntos. Tipo, fazia tempo que eu não sentava e assistia um filme com os rapazes.

Leandro: A Sophie nos aproximou ainda mais.

Sophie: Yay! Eu fiz algo de bom!

Dande: Consigo ver isso na convivência entre vocês. Mas Sophie, você se lembra de que antes de vir pra cá?

Sophie: Não muito... Só uns rostos borrados. Eu vivi muito tempo com a Mãe Açaí e aqueles pássaros...

Dande: Entendo.

Leandro: Bem... Acho que vou voltar ao trabalho.

  Ele se dirigiu para saída, do quarto, aonde Mariana o deixou passar.

Dande: Pera, eu vou com você!

Leandro: Certo!

  E ele continuou andando.

Dande: Até outra hora Sophie. Foi um prazer te conhecer.

Sophie: Até, o prazer é todo meu!

  Dande ia atravessar a saída, quando Mariana o parou.

Mari: Antes de sair... Quero que você saiba que não deve contar nada sobre ela para ninguém. Caso contrário... Você não vai querer me ver com raiva.

Dande: C-certo!

Sophie: Você fala como se fosse capaz de sentir isso.

Mari: Hahaha. Você realmente me conhece bem.

Sophie: Dois anos dividindo o mesmo quarto... Até uma criança aprende a conviver.

  Dande riu, enquanto Mari abriu a passagem para ele, e ele desceu as escadas. Leandro o esperava no fim da mesma, e, juntos, voltaram ao escritório.

Seasons of an Young LionOnde histórias criam vida. Descubra agora