Seis anos depois...
A pequena Syrena saltitava por entre o jardim vestindo seu manto negro que a cobria dos pés à cabeça, não revelando nada da criança para os olhos curiosos dos empregados e visitantes do palácio. As únicas pessoas que viam a criança eram os cavaleiros de confiança do rei, a rainha e o próprio rei. A menina já trazia no corpo traços de Cyrin, e não queriam causar rebuliço entre o reino. Todos pensavam que os Cyrinos estavam extintos, e era melhor manter as coisas daquele jeito. Fora que a beleza da criança era demasiada e a rainha gostava da ideia de manter uma flor tão bela e preciosa em segredo.
A menina carregava girassóis nas mãos e ia em direção a fonte, onde sabia que sua rainha estava, escondida dos olhos dos outros, chorando suas tristezas.
-Mahny, trouxe para você. –Falou erguendo as flores para a bela mulher à sua frente.
Ehlinay ergueu a cabeça e enxugou as lágrimas rapidamente, sorrindo para a menina que criara como sua.
-Oh, obrigada querida. Você sempre sabe como me animar.
E era verdade. Sempre que a rainha se recolhia para chorar naquele cantinho, a pequena a seguia e levava suas flores favoritas a chamando de "mahny", que ela não fazia ideia do que significava. Ehlinay ficava impressionada com o quanto aquela criança de apenas seis anos a conhecia tão bem.
Syrena sentou ao seu lado e depois de olhar para os lados, tirou o capuz e revelou o rosto para sua mahny. Os cabelos tão pretos que ganhavam tons azulados na luz caíam sobre os ombros, a pele branca como a neve, os traços impossivelmente belos e os olhos –ah que olhos– de uma cor dividida entre o safira, o esmeralda e o âmbar a olhando com uma inocência e uma certeza admiráveis. Ehlinay acariciou a cabeça da garota, passando os dedos pela testa marcada por sinais pouco mais escuras que sua pele que começavam nas têmporas e se uniam no centro da testa, onde estava presente um círculo azul da cor do céu.
-Não chore mahny, tudo vai dar certo. –Ela falou com certeza. –Eu vi em um sonho.
A rainha parou de acariciar os cabelos da menina e a olhou esperançosa. Não era crédula, muito menos acreditava em lendas do povo, mas havia um tempo já desde que percebera que Syrena era especial. Por isso quando a menina dizia algo, acreditava piamente e cada palavra.
-Mesmo? –Fungou com a voz emocionada. A menina anuiu sorrindo.
-Você segurava um bebê nos braços. Depois estava rodeada por vários deles.
Aquelas palavras aqueceram o coração de Ehlinay e ela sorriu enquanto puxava a menina para um abraço. Acreditava em Syrena, queria acreditar. E sabia no fundo do seu ser que poderia ter quantos filhos fosse, aquela menina teria um lugar especial no seu coração.
-Enquanto isso não acontece, eu me contento em ter um único bebê. –Falou beijando a sua testa. –Te amo minha garotinha especial.
Dias atuais...
-Syrena querida, você já pensou em se casar?
A jovem desviou a atenção das margaridas do jardim e virou a cabeça na direção da sua mahny. Não sabia ao certo porque a chamava daquele jeito, mas "mãe" não parecia certo visto que não tinham laços de sangue. Algo nela lhe dizia que mahny era mais adequado, embora não soubesse o significado da palavra.
Voltando à pergunta repentina, Syrena se perguntou o que levara a mulher a entrar em um assunto tão inusitado entre as duas. Estavam no jardim particular da rainha, em um dos momentos raros onde a garota tirava o capuz pesado e ficava mais à vontade então ela tinha certeza que a mulher tinha visto sua expressão de espanto.
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A Bruxa - EM REVISÃO
FantasiaPLÁGIO É CRIME °Postagens toda Segunda-Feira °Prólogo já disponível °Capa feita por @FernandaRaquel3 18/06/2018 - 3° lugar em #vidente 18/06/2018 - 2° lugar em #vidente Syrena é uma refugiada de um povo completamente dizimado. Vivendo escond...