Capítulo 3 - SYRENA

945 127 6
                                    


     Uma semana se passou depois da morte de Mahny. O reino inteiro chorou durante esses sete dias. Não haviam feiras, não haviam festivais... apenas a dor da perda de uma mulher insubstituível.

     O rei estava desolado. A única coisa que lhe dava conforto era o pequeno Septimus, que era um pedaço da nossa rainha no mundo. Infelizmente chegou o dia em que ele teria que ser apresentado ao reino como sucessor do trono. Os reis de outros reinos também viriam para a apresentação, e quem sabe houvesse alguma negociação de noivado para a união dos reinos. Nunca estive em uma comemoração ou evento real, porém naquele o rei requisitou a minha presença para a proteção do príncipe.

     -Você não faz ideia do quanto é importante pequeno Seth. –Falei com o braço caindo para dentro do berço enquanto meus dedos faziam cócegas no rosto dele.

    Senti a presença imponente do rei se aproximar por trás de mim e fiquei em pé me virando de frente para ele e assumindo uma postura mais ereta. Ele me lançou um sorriso triste antes de se aproximar do berço e olhar o futuro que ali repousava.

     -É muito boa Syrena. –Ergueu a cabeça e voltou a me olhar. –Sabe disso não sabe?

     Desejei estar com o rosto coberto pelo capuz para que ele não me visse corar. Apesar de ter sido criada pela rainha como filha, nunca fui muito mais próxima do rei que os seus cavaleiros. Por isso não sabia como reagir a um elogio seu já que nunca estive próxima o suficiente para isso.

     -Obrigada meu senhor. Eu tento ser. –Fiz uma breve reverência.

     -Amanhã quero que fique atrás do meu trono, próxima ao berço do bebê. Se alguém se aproximar com más intenções...

     -Será o primeiro a saber. –Confirmei. Não deixaria ninguém chegar a meio metro daquela criança para lhe fazer mal. Antes disso teriam que me matar.

     O rei sorriu e estava para falar algo quando bateram na porta. Coloquei o capuz no momento em que ele autorizou a entrada do guarda, que parecia perturbado e pálido.

     -Meu senhor, há um guerreiro ás portas. –Fez uma pausa ponderando se deveria ou não continuar. –Ele diz que é seu filho.

     Franzi a testa confusa. Filho do rei? Ao meu lado sua majestade parecia estar em choque, mas se recuperou rapidamente pigarreando e mantendo a voz calma para falar.

     -Pois bem. Deixe-o entrar e faça com que espere no salão de audiências.

    Fechei meus olhos por um breve segundo e senti a aura do rei tremular em uma mistura de sentimentos. Surpresa, medo, hesitação, ansiedade e raiva. Combinação nada boa para um homem de luto.

     Assim que o rei saiu do quarto eu corri e pedi que uma ama cuidasse de Seth. Pretendia ir ao salão de audiências matar a minha curiosidade e me sentiria mal se deixasse o príncipe só no quarto.

     Quando cheguei o rei já estava sentado no seu trono e um homem grande o encarava com a cabeça erguida e expressão dura. Me escondi ente as pilastras e observei a interação dos dois sabendo que ficaria envergonhada mais tarde.

     -Markus, o que você faz aqui? –Foi a pergunta do rei, que soava como um animal feriado e encurralado. Não hesitaria em atacar se fosse preciso.

     A risada poderosa do homem me causou arrepios. Me inclinei para ver melhor sem sair do meu esconderijo. Realmente, o homem era enorme. Tinha a pele bem bronzeada, músculos aparentes através dos farrapos de roupa que vestia e os cabelos pretos bem aparados. Seu maxilar quadrado era forte, seu nariz era reto e seus olhos eram dourados como chamas de fogo. Engoli em seco e continuei ouvindo a conversa dos dois.

A Bruxa - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora