Capítulo 12

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-Como isso aconteceu?

-Eu não sei.

-Era pra você vigia-los.

-Eu sei!

Markus estava furioso. Seu rosto estava vermelho e antes que fizesse alguma besteira ele se virou e chutou as pequenas panelas que estavam sobre a fogueira que fizeram na noite anterior. Elas eram as únicas coisas que tinham lhes sobrado depois que Syrena conseguiu a proeza de se distrair e deixar que ladrões levassem seus cavalos e suas coisas.

Sim, ela tinha um desconto porque desde que tinham saído daquela floresta maldita não andava com o seu comportamento normal. Estava pálida, pensativa e distraída, mas ainda assim Markus estava puto.

Quando se virou e se deparou com a expressão assustada da garota ele se arrependeu por ser tão cabeça quente e passou a mão pelos cabelos, puxando-os com força. Não podia perder a cabeça.

-Tudo bem. –Respirou fundo para se acalmar. –Droga! Precisamos de um plano.

Syrena anuiu, porém o sentimento de culpa pesava os seus ombros. Nos últimos dias vinha tendo muitas visões, e isso a deixava exausta. Passar por aquela floresta tinha mexido com o seu interruptor interno e agora ele ascendia e apagava, lhe mostrando coisas confusas e apavorantes.

"Um caído se tornará guardião do protetor."

"Preço de sangue a ser pago pela felicidade de uns, e pela desgraça de outros."

Essas e outras palavras davam um completo nó na sua mente, deixando-a desatenta ás coisas como ao seu acampamento. Era o seu trabalho vigiar seus cavalos e suas coisas enquanto Markus se banhava, porém uma visão relâmpago a deixou travada. Nesse exato momento alguns ratos surrupiões resolveram tirar proveito da sua fragilidade e passar a mão nos seus pertences.

E o pior é que tinham levado o seu livro. Mesmo estando longe ela podia sentir a angústia do artefato. Ele gritava por ela na sua mente...

Um momento...

Como um estalo a ficha caiu e Syrena falou com os olhos arregalados.

-Levaram o meu livro.

-Que se dane o maldito livro! –Markus explodiu. –Os cavalos, a comida, as roupas... tudo foi embora.

Ela sorriu e foi até ele com os olhos brilhando. Quando o segurou pelos ombros ele fixou seu olhar no dela confuso. Por que aquela louca sorria no meio daquela zona toda?

-Não, você não entendeu. Eles levaram o meu livro. O livro e eu somos ligados então se eu me concentrar posso encontra-lo...

-E encontrar nossas coisas. –Markus completou entendendo. Gargalhou alto e inverteu as posições de ambos, agarrando Syrena pelos ombros e a erguendo para que ficassem da mesma altura. –Boa bruxinha.

Então ele tascou um beijo na sua bochecha. A garota sentiu o rosto esquentar e quando foi colocada no chão estava com as pernas bambas.

-Quando você vai parar de me chamar disso? –Ela questionou frustrada por não conseguir controlar seu próprio corpo. Markus sorriu erguendo uma sobrancelha e ela rolou os olhos. –Esqueça.

-E então?

Respirando fundo ela fechou os olhos e se concentrou no livro. A conexão deles era frágil, mas forte, lhe dando as coordenadas exatas de onde poderia encontra-lo. Quando ela passou as instruções ao seu parceiro de viagem ele suspirou aliviado.

-Estão em Kingshale. Não é tão longe assim mas precisamos chegar lá rápido antes que troquem nossas coisas. –Falou já começando a andar. –Vamos para a estrada.

A Bruxa - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora