Capítulo 13 part. 1 -SYRENA

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Quando nos aproximamos da entrada de Bloodworth eu senti um calafrio subir pela minha espinha. Um pressentimento tomou conta do meu corpo, e não era do tipo bom.

-Fique atrás de mim. –Markus sussurrou segurando o meu braço.

Só pude anuir e ficar o mais próximo possível dele já que, por mais que eu não quisesse admitir, eu estava com medo e ele me trazia conforto. Sentia que ao seu lado nada de mal me aconteceria mesmo que soubesse que aquele sentimento era ilusão. Ás vezes precisamos nos iludir.

O nevoeiro não nos ajudava a enxergar muito a nossa volta, porém Markus seguia o caminho com confiança em seus passos. Quisera eu ter tanta confiança assim, mas ao invés disso estava encolhida como um rato sem cauda. Vergonhoso.

Uma sobra a nossa direita chamou a minha atenção e eu fiquei tensa, Markus por outro lado desembainhou sua espada e ficou em posição de ataque. Porém eu sabia que era inútil. Quem nos observava não iria nos ferir, pelo menos não a mim. E ele não conseguiria chegar a Markus sem ser reduzido em pedacinhos.

Lá estava ela de novo... aquela maldita conexão.

Do meio da névoa saiu uma mulher já de idade avançada, de pele negra e cabelos presos no alto da cabeça. Seu olhar na minha direção era perspicaz.

-Clareza, vejo que o rei de Ilíria foi sensato em sua decisão. –Falou, sua voz como veludo acariciando a pele porém nem Markus nem eu nos deixamos enganar. Muitas vezes o veneno de uma cobra entorpece antes de matar.

Ergui a cabeça e forcei minha voz a ficar firme.

-Eu vim conversar.

-Claro. –Sorriu largamente juntando as mãos na frente do corpo. –Há muito o que planejar, e vossa Clareza de certo há de querer conhecer seu noivo...

-Chegaremos aí. –A interrompi quando todo o corpo de Markus ficou tenso. Pude jurar que o ouvi rosnar.

Fiquei preocupada com a quantidade de agressividade exalando dele. Com certeza queria fazer a senhora em pedaços e bom, aquilo não ajudaria ninguém. Segurei sua mão e a apertei de leve. A mulher no entanto o olhou como se olha algo nojento que sujou a sola do seu sapato.

-Você pode voltar de onde veio. Não é mais necessário aqui.

-Tenta me fazer ir.

-Ele fica. –Falei dando um passo à frente.

Se uma coisa eu tinha entendido ali era que eu era a autoridade, então a minha palavra valia sobre a de qualquer um. Afinal, teriam que obedecer e respeitar a sua futura "matriarca" não? Não que eu tivesse a mínima intenção de ser aquilo.

Com uma careta de desgosto a mulher anuiu e colocou as mãos para trás.

-Como quiser Clareza. Sigam-me.

~*~


-Você está bem?

Da confortável cama onde eu estava, ergui o olhar para Markus que me encarava preocupado. Ficamos separados por algumas horas enquanto éramos "purificados" para não contaminarmos o lugar. Eu achava aquilo bem inútil pois as vibrações daquela vila eram negativas o suficiente para torna-la pútrida. Porém aquilo não me incomodava, aquele foi o meu melhor banho em dias mesmo que fossem desconhecidas a me banharem. Não, o que realmente me incomodou foi o fato de ficar longe de Markus. Foi a primeira vez em dias que nos distanciamos por tanto tempo. Acho que me acostumei a sua companhia mais rápido que o planejado (não que eu tivesse planejado aquilo).

A Bruxa - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora