Na noite daquele mesmo dia Syrena já tinha suas coisas arrumadas. Trouxas de pano levando algumas roupas, sapatos e mantimentos e ao redor do seu ombro uma bolsa para levar seu livro. Já tinha um cavalo selado esperando por ela no estábulo e ela pretendia apenas dar o seu adeus. Já tinha causado problemas demais para Ilíria e todos ficariam melhor sem ela ali.
Seu plano? Ir até Bloodworth para tentar negociar com eles. Eles a ouviriam, afinal, tinham uma espécie de laço. E quando tudo desse certo no final ela voltaria para casa (isso se o rei ainda a aceitasse depois de tamanha afronta).
Parada ao lado do berço de Seth ela se despedia da criança e lhe prometia que voltaria em breve (ou isso era o que esperava) quando a porta se abriu e o rei entrou, o que foi bom já que a poupou de ter que procura-lo pelo palácio e assim perder mais tempo.
-Estava mesmo a sua procura. –Falou se virando na sua direção.
Marklon passou a mão pelo rosto como se estivesse cansado mas decidiu deixar que ela falasse. Afinal, nada mais justo diante do que estava impondo a ela.
-Bom, aqui estou. Sei que deve estar chateada com o assunto do seu noivado precipitado mas...
-Na verdade eu apenas vim me despedir. –Ela o interrompeu se aproximando e cruzando as mãos na frente do corpo.
O rei franziu a testa confuso e a encarou.
-Como é?
Syrena tomou uma longa respiração. Puxa, não achou que seria tão difícil, mas nem aquilo a faria desistir dos seus planos. Estava decidia e nada a faria mudar de ideia.
-Vou partir de Ilíria. Será melhor desse jeito.
Enquanto falava ela sutilmente se aproximava da porta, até estar completamente do lado de fora. O rei ainda a encarava pasmo demais para esboçar alguma reação física.
-Não você não vai a lugar algum. –Falou finalmente dando um passo na sua direção, porém uma espécie de barreira invisível que funcionava como uma segunda porta o impediu de chegar até ela. Ele tentou usar a força contra a coisa mas de nada adiantou. Era como socar uma parede. –Syrena! O que você fez?
Syrena negou com a cabeça e ergueu uma mão o silenciando. Literalmente, nenhum ruído saía da boca de Marklon por mais que ele tentasse forçar as palavras a saírem. Aquele era um feitiço básico de enclausuramento que Syrena havia encontrado no livro e ela estava feliz e assustada por ter funcionado tão bem.
-Você vai ficar aqui sem dizer uma palavra até que eu esteja longe demais para me acharem. –Quando ele socou a barreira e gesticulou com a boca algum protesto ela se encostou no batente da porta com lágrimas nos olhos. –Saiba que eu o perdoo meu rei, e espero que possa me perdoar por isso.
E com um último adeus, Syrena se cobriu com o capuz e saiu sorrateiramente do palácio montada em sua égua, deixando um pedaço seu para trás com cada uma das pessoas importantes para ela naquele castelo.
~*~
Fazia cinco dias desde que Syrena estava na estrada e ela se perguntava se o feitiço que pôs no quarto já não teria perdido o efeito. Havia roubado um mapa da biblioteca dos escribas do palácio e poderia até não ser uma boa navegadora, mas acreditava que já estivesse bem longe de casa àquela altura. Oras, para alguém que nunca tinha saído do palácio até que ela estava indo bem.
E oh, como o mundo era belo. Tantas pessoas, feiras, festas... era bem mais agitado eu o castelo. Lamentava não estar a passeio, caso contrário poderia ter desfrutado da viagem. Infelizmente sua cabeça estava muito cheia para dividir a atenção entre a beleza do novo mundo e o peso da sua realidade. Não parava de reviver a sua despedida com o rei. Sim, ela o havia perdoado de todo o seu coração, e só desejava que ele também a perdoasse. Que entendesse que ela só fazia o melhor por ele e por Ilíria.
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A Bruxa - EM REVISÃO
FantasyPLÁGIO É CRIME °Postagens toda Segunda-Feira °Prólogo já disponível °Capa feita por @FernandaRaquel3 18/06/2018 - 3° lugar em #vidente 18/06/2018 - 2° lugar em #vidente Syrena é uma refugiada de um povo completamente dizimado. Vivendo escond...