Assim como Syrena previu, a rainha ficou grávida naquele mesmo mês. E assim como Wilslley previu, o povo festejou durante os nove meses em que a gestação se seguiu saudável e sem imprevistos. O rei estava radiante com a chegada do herdeiro, e já planejava uma grande comemoração para quando o pequeno nascesse. Ele também acreditava nas palavras de Syrena, mesmo que diferente de sua esposa, duvidasse de algumas delas. Mas não daquela.
Era madrugada quando a rainha começou a sentir as dores do parto e o rei foi retirado do quarto, sendo obrigado a esperar do lado de fora dos aposentos reais junto com seus cinco cavaleiros enquanto as parteiras e Syrena faziam companhia a rainha.
-Mahny, fique calma. –Ela pediu, segurando a mão fria e trêmula da rainha.
Ehlinay ofegou quando outra contração veio, para depois deixar seu corpo cair contra os travesseiros e sorrir fracamente para ela.
-Ah minha querida, eu desejei tanto isso mas não imaginava que daria tanto trabalho.
Por baixo do capuz Syrena levava uma expressão de preocupação no rosto. Estava tudo errado. Tudo errado. Havia muito sangue, a rainha estava muito pálida, e o bebê ainda não havia chegado. A garota temia fechar os olhos pois sabia o que veria se o fizesse.
De repente um arrepio subiu pela sua coluna e fez os pelos da sua nuca se arrepiarem. Tudo ficou tão claro quanto o dia quando ela ouviu o trovão no céu.
-Chamem o rei. –Falou com a voz entrecortada enquanto olhava para uma das parteiras. –AGORA!
Uma delas saiu correndo e nesse momento a rainha empurrou com força, expulsando seu filho para fora de seu corpo. Syrena apertou a mão dela desejando lhe passar sua força e rezou como nunca antes na vida. O rei entrou no quarto no exato momento em que um choro forte enchia o ambiente.
-Veja seu pequeno príncipe. –A parteira ergueu a criança como um vencedor faria com um troféu. –Septimus, futuro rei de Ilíria.
Os olhos de Marklon se encheram de lágrimas quando ele se aproximou e pegou a criança nos braços. Era um menino saudável, grande e forte.
-Nosso filho! –Falou erguendo o rosto para sua rainha. –É nosso filho!
Mas Ehlinay já não respondia. Seus olhos estavam fixos nos dois enquanto ela sorria fracamente e respirava com dificuldades. Syrena fungou controlando as lágrimas e ergueu a cabeça para ele.
-Meu rei, se despeça.
-O que... –O sorriso do rei foi morrendo aos poucos quando ele entendeu o significado das palavras. –Oh não. Não, não, não...
-Se despeça. –Ela o interrompeu. –Não temos tempo.
E realmente, não tinham. Ela sentia a vida se esvaindo da rainha a cada segundo que passava. Acariciou o rosto de sua mahny e lhe beijou a testa, abaixando um pouco o capuz para que ela olhasse seu rosto uma última vez. Os olhos da rainha se fixaram nela e um pequeno sorriso se formou nos seus lábios enquanto ela tentava erguer uma mão na sua direção. Syrena a ajudou e levou a mão fria até o seu próprio rosto, depositando um beijo na palma.
-Vá em paz mahny. Eu te amo e saiba que sua bondade não será esquecida por nenhum de nós.
O rei ainda estava petrificado no lugar, segurando seu filho nos braços enquanto observava a cena e entendia o seu significado.
-Todas vocês, fora. –Ordenou com a voz rouca.
Todas as mulheres presentes no quarto saíram, inclusive Syrena, que deu uma última olhada na rainha antes de fechar as portas dos aposentos reais.
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A Bruxa - EM REVISÃO
FantasíaPLÁGIO É CRIME °Postagens toda Segunda-Feira °Prólogo já disponível °Capa feita por @FernandaRaquel3 18/06/2018 - 3° lugar em #vidente 18/06/2018 - 2° lugar em #vidente Syrena é uma refugiada de um povo completamente dizimado. Vivendo escond...