"Acho que nós precisamos conversar..."

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- Gabriel? Gabriel você está aí?

- Oi, tô sim. Desculpa.

- Então oque me diz?

- Pê, a gente pode conversar depois? Eu não estou muito bem.

- Eu posso te ajudar?

- Não, infelizmente não. 

Desliguei o telefone antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa. Eu não podia dar uma resposta a ele naquele momento.

Me senti mal por ter feito aquilo, mas fui para o quarto e me enfiei debaixo das cobertas. Eu precisava colocar a cabeça o lugar.

Dormi e tive um pesadelo que me fez acordar com falta de ar. Fábio era o ator principal. Mas eu não conseguia lembrar do que acontecia depois que acordei.

Me virei e peguei o celular pra ver se tinha alguma notificação. Mas não havia nenhuma mensagem, nem ligação perdida. Pelo visto Gustavo estava mesmo muito ocupado pra me procurar.

Quando me atentei ao horário vi que já eram sete e meia da noite.

Resolvi então fazer oque eu sabia fazer de melhor. Escrever.

Coloquei uma música, abri uma garrafa de vinho e me entreguei a minha história. Minha personagem estava sozinha em uma estrada após um acidente de carro. Assim como eu, naquele momento ela não sabia oque fazer. Machucada e sem ter como pedir ajuda, ela simplesmente caminhava esperando que alguém a encontrasse e a ajudasse a sair daquela situação.

De repente me assustei com as luzes se apagando. Lana que está ao meu lado se levantou e ficou atenta.

Desço e vou até a porta da frente. Tudo está apagado. Pelo visto foi um apagão geral.
Sentei ali na varanda mesmo, nunca fui muito fã do escuro e ali fora a luz da lua clareava tudo.

De longe vejo velas se acendendo na casa dos Walter, e a porta da casa de Gustavo se abrir. 
Ele estava com Théo no colo, que chorava com medo do escuro.
Gustavo veio em minha direção com Théo no colo.

- Oi Gabriel, boa noite!

- Oi, tudo bem? - Eu tentei ser o mais direto possível.

- Mais ou menos.

Mas aquela resposta me desmontou.

- Mais ou menos? 

- Sim, Théo não está passando muito bem e eu não consigo encontrar meu celular de jeito nenhum.

- Não perdeu no bar?

-  Acho que não. Tenho quase certeza de que cheguei aqui com ele ontem. Por falar nisso, eu não deixei ele aqui na sua casa não?

- Acho que não, até porque te liguei algumas vezes hoje, eu teria ouvido seu telefone tocar.

Nesse momento Théo já não chorava mais. Gustavo o colocou no chão e ele começou a brincar com Lana.

- Oque o Théo tem? Você disse que ele não está muito bem. - Perguntei.

- Ele estava meio enjoado e com febre, chegou até a vomitar na roupa de Cláudia mais cedo.

- Eu a vi hoje quando fui até sua casa. Ela estava de roupão, e quando eu perguntei por você, ela disse que estava deitado. Ela parecia bem satisfeita...

AQUELA VACA! Como eu queria poder dizer aquilo, mas preferi ficar quieto.

- Deve ter sido na hora em que eu deitei com Théo pra fazer ele dormir.

- Ah sim!

- Você não pensou que eu e ela...

- Foi oque ela quis insinuar Gustavo. E como ela é sua ex-esposa e é linda, eu só pude pensar que vocês...

Até o fim...Onde histórias criam vida. Descubra agora