Até o fim...

"Eu vim aqui ficar com você tio Biel"

Lukas percebeu que havia algo acontecendo e se ofereceu pra me acompanhar até o quarto. Eu disse que não era necessário, mas ele insistiu em me levar até o hall do hotel pelo menos.

Ele carregava algumas bolsas com coisas que eu trouxe da editora.

Ao entrar no hotel ouço algo que me fez ficar sem ar. A voz de Théo me gritando e correndo até mim.

- Tio Biel, eu andei de avião. Eu vim aqui ficar com você tio Biel. - Ele disse enquanto me abraçava e se sacudia em meu colo.

Gustavo continuava parado na poltrona onde estava.

- Obrigado Lukas, pela ajuda. Mande lembranças a sua avó por mim. - Eu disse me despedindo dele, que ficou nitidamente decepcionado.

Fui com Théo até a poltrona onde Gustavo estava sentado.

- Não vai falar comigo? - Perguntei.

- Quem é aquele cara? - Gustavo perguntou olhando pra Lukas que colocava as bolsas sobre uma das poltronas do hall do hotel. - Me da um abraço!

Gustavo me deu um abraço tão apertado que senti que podia me soltar no ar que não cairia, de tão firme que ele me segurava. Tudo aquilo era ciúmes? Não sei. Mas ele podia me abraçar daquele jeito pra sempre.

Ao chegarmos à suíte, Théo correu pra janela e ficou encantado com a vista.

- Théo, tenho uma surpresa pra você! - Tirei de uma das sacolas alguns livros de colorir que havia trago da editora.

Enquanto Théo coloria seu novo livro na mesa, eu e Gustavo fomos para o outro lado da suíte.

- Oque foi que você fez? - Perguntei.

- Mais tarde a gente conversa sobre isso, agora, cala a boca! - Ele me segurou pela cintura e me beijou como um soldado beija sua noiva antes de ir pra guerra. Com tanto amor, paixão e medo que ao olhar pra ele pude ver seus olhos cheios d'água.

Nos beijamos até ouvirmos o barulho da cadeira de Théo se arrastando.

- Ta bonito tio? - Ele disse me estendendo um desenho.

- Ta lindo meu amor. - Eu disse dando um beijo em seu rosto.

Nos sentamos os 3 na cama. Enquanto Théo pintava, Gustavo fazia carinho na minha cabeça.

Eu podia passar horas ali, meu coração estava leve. Eu não me preocupava com nada além das paredes daquele quarto. Mas a barriga de Théo roncando era algo que eu não podia ignorar.

Descemos até o restaurante do hotel, mas já estava fechado. Nós havíamos passado tempo demais dentro do quarto.

Fomos até o McDonald's mais próximo e eu pude ver a felicidade de Théo ao comer um lanche enorme como ele nunca havia comido na vida. Eu e Gustavo também comemos e aquela cena me lembrava duma família feliz. A garçonete nos observava de longe e sorria. Théo por sua vez comeu e apagou ali mesmo em cima da mesa.

E por estarmos praticamente sozinhos dentro da lanchonete Gustavo me beijou novamente.

- Para Gustavo, você enlouqueceu? E se algum conhecido vê a gente se beijando?- Falei olhando para os lados.

- Inferno. Ta vendo? Você não merece viver as escondidas. - Ele disse baixando a cabeça.

- Hey, eu te amo, te amo de um jeito que eu nunca amei ninguém. Relaxa, isso é por pouco tempo. Pelo menos até você ajeitar as coisas sobre o Théo. Depois a gente coloca até no jornal que estamos namorando, mas por enquanto, não! - Eu disse lhe dando um beijo rápido que o fez sorrir novamente.