"Posso ficar até você pegar no sono?"

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Aquele sentimento estava me fazendo bem e mais uma vez sentei ao computador e escrevi alguns capítulos do meu livro. Eu escrevia crônicas e romances, e a cada semana precisava enviar alguns capítulos para a aprovação e revisão da editora.
Meu primeiro livro havia ficado em primeiro lugar entre as publicações do gênero e desde então eu não parei mais de escrever. Mas infelizmente, após os acontecimentos passados, minha inspiração não era mais a mesma, e meus livros já não vendiam tão bem.

Aprendi a gostar de escrever ainda na adolescência quando me apaixonei por meu professor de literatura. Por causa dele, devorava em média dois ou três livros por mês. Sempre lia entre minhas atividades de casa e da escola. Por conta disso acabei me apaixonando pela arte de escrever.

Já estava anoitecendo quando resolvi ir à casa dos Walter. Eu estava em falta com eles. Depois que Gustavo chegou, minha vida havia virado de cabeça pra baixo.

- Laura me desculpe pela ausência, mas pra "compensar" eu trouxe esse bolo de laranja, que eu mesmo fiz com a receita que você me passou. - Disse enquanto Laura vinha me receber na varanda de sua casa. Ela estava sorrindo.

- Não precisa se desculpar Gabriel. Eu vi vocês brincando na chuva hoje pela manhã. E só posso dizer que senti inveja. Nem lembro qual foi a ultima vez que eu e Harold fizemos isso. Hoje se pegarmos chuva é gripe na certa. E nós não estamos em idade pra ficar doentes, você sabe né? - Ela sorriu e me convidou a entrar.

O Sr. Walter estava sentado em sua poltrona assistindo futebol e dali mesmo me cumprimentou enquanto eu e Laura íamos pra cozinha.

- Vocês se divertiram hoje de manhã hein. Eu observei vocês brincando daqui e dava pra ver a felicidade de longe. Você está diferente desde que ele chegou aqui. Estou gostando de te ver interagindo com pessoas da sua idade. Até a sua aura está diferente.

- Você acha mesmo? Acho que é coisa da sua cabeça. Eu continuo igualzinho. - Disse olhando pro meu corpo como quem se examina.

- Gabriel, eu tenho 82 anos. Eu já vi muito mais do que você imagina. Mas não se preocupe, eu tô achando lindo ver vocês dois juntos. Não te vejo feliz assim desde que aquele seu amigo foi embora.

Laura sabia de alguma coisa. Como ela mesma disse, ela já tinha 82 anos e com certeza via que eu e Pedro não éramos apenas bons amigos.

Conversamos bastante. Laura me contou que a filha está passando por maus momentos no casamento e que está pensando em vir passar uns dias aqui com os pais. Eu nunca fui muito fã da filha dos Walter, uma garota arrogante que não dava valor aos pais que tinha. Eu via a falta que os dois sentiam dela.

Após a visita fui direto pra casa, eu começava a não me sentir bem. A garganta começava a fechar e alguns espirros anunciavam uma gripe.

Fiz um chá e me atirei na cama.

Acordei no dia seguinte com uma bruta dor de cabeça e febre. Ao olhar o celular uma mensagem de Gustavo.

"Bom dia meu anjo!"

Anjo? Ele estava querendo me enlouquecer? Acordei com um mau humor do cão aquele dia. Visualizei e não respondi. Tomei um banho e ao sair outra mensagem.

"Não vai me responder nunca mais?"

Ok, aquela mensagem já me fez sorrir.

"Desculpa, acho que acordei gripado. Tomar banho de chuva não foi uma ideia tão boa".

Deitei na cama novamente, meu corpo estava quebrado, parecia que eu tinha tomado uma surra no dia anterior. Algum tempo depois a campainha toca e vou atender. E é claro, era Gustavo. Dessa vez com várias coisas nos braços.

Até o fim...Onde histórias criam vida. Descubra agora