— Sissa! – De propósito eu ignoro os gritos de Georgio vindos do andar debaixo. Quando eu era era apenas uma criança isso acontecia durante todo o tempo. Eram apenas 'Sissa, pegue isto', 'Sissa, pegue aquilo', 'Sissa faça isso', 'Sissa é a caçula'. Uma dia eu apenas fiquei mal humorada o bastante sobre suas atitudes e fui correndo ao vovô contando à ele como meus irmãos mais velhos abusavam de sua posição privilegiada. Eu era apenas uma criança, então é claro que vovô me fez um carinho nos cabelos e prometeu conversar com os gêmeos.
Bem, para os homens desta casa eu ainda sou uma criança. Mas eles me concedem atualmente alguma dignidade e respeito no que se refere à favores absurdos.
Termino de calçar minhas sapatilhas e ajeito meu cabelo em frente ao espelho de parede, observo meus fios escuros e penso que talvez eu pudesse mudar um pouco, clarear tom e diversificar. Suspiro imediatamente sabendo que nunca teria coragem de pintar meu cabelo, é verdade que sou um pouco covarde até para as pequenas coisas.
Encontro Georgio impaciente me esperando no pé da escada assim que coloco meus pés sobre o topo.
— Finalmente mulher! – Ele joga os braços para cima dramaticamente, os cabelos estão como sempre despenteados, sua forma esbelta e bonita está apoiada sobre o corrimão de madeira torcida. — O que houve com todo esse tempo?!
— Irmão, não a enlouqueça! – Fabrizio passa por nós dois dando uma tapa na nuca de Georgio.
— Fabrizio também fica horas no banheiro e não vejo você perturbando-o por isso! – Acuso com um olhar furioso, ignorando os resmungos impacientes de Georgio.
— Não vai ter mesada para Sissa esse mês, Enzo! — O grito de Fabrizio poderia deixar tanto eu quanto Georgio surdos de tão alto que é. Sinto vontade de estender meus braços e empurrá-lo, mas tento ser o mais madura possível perto dos meus irmãos.
— Ai meu ouvido. — Georgio resmungou jogando a mochila sobre os ombros. — Esse cara não é normal. Não somos iguais. — Ele diz apontando para Fabrizio. Bufo e pego ambos pelas mãos arrastando-os para a mesa na sala de jantar. Suzana, uma das empregadas da casa termina de servir o café da manhã e dedico à ela um breve sorriso antes de roupar um biscoitinho de açucar de sua bandeja.
— Bom dia vovô. — Beijo o rosto do vovô Lorenzo e seu bigode se torce em um sorriso satisfeito. Lembro-me de que quando era uma garotinha Fabrizio e Georgio sempre me surpreendiam colocando-me entre eles e ambos beijando minha bochecha. Brigavam como cão e gato, mas devia ser o efeito de terem dividido o útero de uma mãe. Coisa de gêmeos, eles diziam.
Enzo chega a cozinha com o rosto enfiado no celular, o fone está em seu ouvido e ele discute em inglês com alguém, as orelha estão vermelhas e posso ver que ele está irritado. Ele se aproxima rapidamente beijando minha testa e em seguida tocando o ombro do vovô em uma saudação silenciosa.
Enzo é meu irmão mais velho, seguido de Bernardo — que está estudando na América — e Fabrizio e Georgio, que não fazem praticamente nada na vida além de pegar garotas pouco inteligentes. Na verdade, esse é o passatempo favorito de todos os meus irmãos. Lindos homens ricos e cafajestes, sinto que Enzo é apenas mais discreto que os outros, embora eu sempre o veja voltando pela manhã com o terno desarrumado nos braços. Os gêmeos são só um ano mais velhos que eu, mas agem como se tivesse dez a mais, as vezes os idiotas esqueciam-se que podíamos ter os mesmos amigos e frequentar os mesmos ambientes.
— Como está, vovô? — Enzo pergunta ao vovô servindo-se do café preto ainda sem tirar o olhar do celular. Ele ao menos encerrou a ligação, desta vez.
— Muito bem, filho. — Vovô ainda é muito forte, mal tem cabelos brancos e quem o vê, jamais diz que já está chegando aos setenta anos. Não se cansa de dizer que está forte como um touro.
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Uma chance para o amor - Série 'Irmãos D'angelos'
RomanceAlessia D'angelo é a caçula de quatro irmãos solteiros e mulherengos, órfã de pai e de mãe Alessia foi criada pelos quatro irmãos mais velhos, além do avô paterno. As cinco figuras masculinas e protetoras fizeram com que Alessia se tornasse uma esp...