Capítulo 11.

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— Um, dois, três! — Eu finalizo com as meninas e elas sorriem animadas com a apresentação que será daqui três semanas. Todas estão eufóricas e já recebi algumas mães me perguntando qual seria o tamanho do espaço, porque as crianças convidaram muitas pessoas. Felizmente, a faculdade se dispôs a nos emprestar seu auditório, tudo isso é claro, sob o poder e a influência do nome D'angelo. 

Eu também estou sorrindo porque sou encantada por minhas garotas e cheia de orgulho como uma mãe. Elas são tão lindas e dedicadas, é bem provável que sejam dançarinas espetaculares um dia. Eu me despeço de cada uma delas lentamente, recomendando a cada mãe que as traga direitinho para a próxima aula. Quando todas as mães partem com as meninas e o estúdio se silencia é que percebo o homem parado a porta.

Minha primeira reação é o medo. Meu coração bate mais rápido com o susto e minha boca fica seca. 

Ele observa tudo com atenção, usa jeans e camisa social. Talvez tenha cerca de quarenta e tantos ou cinquenta e poucos anos. Sorrio forçadamente, me aproximando enquanto vou recolhendo pelo chão os colchonetes que usei para evitar que as meninas se machucassem.

É só um cliente. Pode ser só um cliente. 

— Olá. Posso ajudar? — Estando perto dele, posso perceber que é um homem alto e de expressão bastante fechada. Me causa um breve arrepio pensar que pode ser um perigo para mim. Mas me repreendo mentalmente outra vez.

Não posso e não vou viver como se estivesse sempre sendo seguida. É provável que tudo tenha sido um episódio isolado e fiz disso uma grande coisa na minha mente.

— Você é Alessia D'angelo? — Ele me pergunta com os olhos escuros sob mim e eu assinto um pouco surpresa. 

— Sim, sou eu. — Estico a minha mão, mas ela se mantem sozinha no ar, então eu a recolho, um tanto constrangida. — E quem é você?

Ele me encara e a único sentimento que noto em seu rosto é a curiosidade. Ergo a sobrancelha, questionadora quando ele se mantém em silêncio e o homem sorri finalmente.

Minha mente, involuntariamente, já cria possibilidades de sair correndo e gritando feito uma doida. É um local bem cheio, ele jamais conseguiria fazer algo sem um punhado de estudantes ouvir. Ou conseguiria?

Não sei. Sei é que preciso ser menos medrosa. Já estou querendo correr para longe e ligar para Enzo, Bernardo, ou Logan. 

— Desculpe. — Ele diz brevemente. — É que você me lembra alguém, fico pensando se talvez não seja a mesma pessoa.

Eu sorrio sem graça.

— Oh, não me lembro de já tê-lo conhecido, me desculpe. 

O homem faz um gesto de mãos e agora até soa simpático para mim. — Sem problemas. Eu só vim para conhecer. Tenho uma filha e queria talvez matrícula-la.

Eu suspiro aliviada. É só um cliente.

— Isso é ótimo! Só me dá um minuto?  — Eu peço enquanto levo os colchonetes para uma salinha pequena adjacente aos espelhos. — Você pode vir comigo, eu posso te entregar o panfleto com os detalhes da escola. Eu estou sem assistente por agora, mas irei colocar meu contato para possíveis dúvidas... — Eu olho para trás enquanto falo, notando surpresa que estava falando sozinha.

Franzo o cenho, confusa. Onde será que ele havia ido? 

Não crie coisas na sua mente. Eu ordeno a mim mesma.

Balanço a cabeça ignorando os pensamentos paranoicos, vou apagando as luzes e saiu da sala de dança. 

Na recepção, encontro Logan apoiado contra o balcão. Ele tem o cabelo despenteado agora e a expressão cansada. Fico incomodada que ele tenha que vir até aqui porque estou sendo suficientemente mimada para não aceitar a ajuda de Enzo.

Uma chance para o amor - Série 'Irmãos D'angelos'Onde histórias criam vida. Descubra agora