Gabriel

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Isso realmente não vai dar certo.

Estou aqui sentado na sala de espera de um hospital esperando o restante da minha equipe chegar.
Até agora só estão os gêmeos aqui. Pelo menos me distrai as suas discussões sem sentido.

Porque esse caso do Assassino tá uma merda completa.
Recebemos uma ligação anônima dizendo que havia um cara em atitudes suspeitas perto da praça. E foi onde o inferno começou.
Encontramos uma garota totalmente destruída mas viva.
O cara a colocou no banco e saiu. Só saiu.

Foi uma das piores coisas que já vi na minha carreira e olha que já vi alguma coisa.
No momento que Alice constatou que a garota respirava, mandou chamar uma ambulância.  E estamos aqui até agora.

Descobrimos que seu nome é Rosa.  Estava desaparecida havia três dias. Simplesmente sumiu de um lugar cheio de pessoas. Os pais dela estão aqui também.  Nos informaram que ela está passando por uma cirurgia.

- Gabriel. - olho para cima e vejo Alexandre. O irmão gêmeo de Alice. Pelo olhar, não vou gostar do que ele vai me falar. - Ela está vindo com o Bruno.

Não. Sério isso meu Deus?
A minha vida já não está complicada o bastante com um maldito assassino sem deixar rastros e as cobranças do pessoal?

- Diz que tá brincando porque se for ao contrário não vai prestar.
Ele suspira e senta ao meu lado. Ou tenta porque o cara é todo músculo.  É difícil de acreditar que ele e a Alice são gêmeos.

Depois que tomou boa parte do assento ele se concentra em mim e vejo que a coisa não tá nada boa.
- Gabriel,  precisamos da ajuda dela. Sabe que sim. Estamos sem saída. E você precisa aceitar isso para termos uma direção nesse caso.
- Eu sei, eu sei. - então suspiro.  Mas o que queria mesmo era socar alguma coisa desesperadamente para descontar a raiva que estou sentindo por ter que aceitá- la na minha equipe mesmo que por pouco tempo. - Nós dois juntos no mesmo lugar não vai prestar. Você sabe disso Alex.
- Cara, você tem que superar isso.
- Eu já superei. Só é difícil de aceitar. Só isso. Eu gosto de ter controle de tudo.  Mas o assassino está me tirando do sério e ela vai me tirar do sério com certeza porque isso é a  especialidade dela.
- Espera,  achei que ela era do FBI. A especialidade dela é prender criminosos além de ser psiquiatra.
- Alice, você tem que ser sempre metida desse jeito?  Não tá percebendo que estou tentando conversar com o Alex?
Alice olha para mim e da um sorrisinho de canto que me da nos nervos.  Ela e o irmão fazem isso quando vão me incomodar.
- Deixe-me ver.... Humm. ..Pezinho batendo no chão, braços cruzados, cara de macho alfa querendo quebrar alguns ossos... É. .. Já sei sobre quem estavam tentando conversar.
Olho para Alexandre e o cara levanta as mãos em sinal de rendição.  Isso quer dizer: melhor admitir ou a situação piora.
Olho de volta para Alice.  Que infelicidade ter amigos desse tipo.
- Não adianta me olhar assim Gabriel.
- Não estou fazendo nada demais. Só te olhando. - retruquei.
- Claro. - diz ela admirando as unhas. - Então ainda bem que olhar não mata não é?
- Vem cá,  diz logo o que você quer,  não basta seu irmão me dar notícias ruins,  você vem e tira o restinho da minha paciência,  é isso? Desenbucha criatura.
- Só queria perguntar se você vai agir feito gente normal ou vai ser preciso desenvolver algum tipo de sinal secreto com a equipe sabe?  Pra quando você surtar quando perder o controle, por exemplo.  So pra saber mesmo.
Olhei pra ela.
Olhei pro Alex.
Os dois me olhavam sem ao menos piscar.
A coisa tava tão feia assim pro meu lado?
- Não vou surtar por nada! Vocês tão malucos? Temos que nos concentrar em encontrar aquele miserável e vocês tão preocupados com isso? ! Tão de sacanagem com a minha cara? !
Sussurrei porque a minha vontade era de gritar com esses dois que dizem serem meus amigos.

Amigos só se for nos quintos dos infernos.
Alexandre bufou.
Alice me olhou como se tentasse me matar por telepatia.
- Eu que te pergunto. - diz Alexandre. - Você tá de sacanagem conosco?
Eu levantei e olhei bem pra eles.
- Vou ver se consigo mais informações sobre a Rosa.
E saí dali.
Acredito que o fato de ter saído dali só aprofundou o estado de preocupação dos meus amigos, que também era minha equipe.
O assassino era rápido.
Certeiro.
Não deixou digitais e a amostra que poderíamos ter através da saliva não era o suficiente pra chegar a liga nenhum.
Houve relações sexuais, mas foi usado camisinha e não havia nada de específico que chamasse a atenção.
Precisávamos de apenas um detalhe que ligasse as vítimas e embora o assassino tivesse um certo padrão até o momento, nada aparecia.
Como eu disse, até o momento.
Rosa é o detalhe.
E sei que embora tenha receio sobre a participação dela, sabia que iríamos concluir o caso.
Só espero que consigamos chegar a tempo ao assassino.

O Assassino Dos Contos De FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora