Bruno

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Eu não consigo acreditar no que escutei.
Olhei para Gabriel e ele passou as mãos no rosto em sinal de cansaço.
Ninguém aqui levantou a hipótese de que Rosa era culpada por alguma coisa.
Quer dizer, ela é a vítima de uma criatura horrível,  um verme rastejante!
Que palhaçada é essa?!

- É sério mesmo que vamos cogitar levar a sério o que Eduarda disse?
Alexandre me olha com raiva.
-  Você ouviu o que ela disse? No ponto de vista do assassino!  Ela tá tentando entender o assassino,  Bruno.
- Ninguém está contra Rosa. Mas pelo o que entendi,  ela está mentindo sobre algo. E foi por isso que ela não morreu. Ela tem que aprender uma lição. No ponto de vista do assassino. - Alice se levantou e veio em minha direção com aquela voz conciliadora - Estamos tão abismados quanto você, mas entende que o assassino pensa e acredita que está certo, não é?
Olhei para Gabriel esperando que ele ficasse do meu lado.

Como diabos iríamos chegar para os pais da garota e dizer:  Oi,  gostaríamos de saber o que a Rosa anda aprontando porque o assassino diz que ela é indigna de morrer como as outras duas?!
- Você tem noção do que ela acabou de falar? -  questiono  Gabriel que  me olha cansado.
- Sim. Eu tenho.
- E vai levar essa teoria até onde?
Ele parou na minha frente e colocou a mão no meu ombro.
- Bruno, tem de reconhecer que Eduarda pode ter razão. Ela vai acabar provando seu ponto de vista. E você também acha que ela pode estar certa por isso está bravo. Nós ajudamos e protegemos as pessoas. É o que fazemos.Acreditar que a vítima deu algum motivo para o que aconteceu contra ela, vai em direção oposta ao que acreditamos. É ridículo.
Como a Eduarda falou e repetiu, o assassino acredita piamente que está certo.
- E como você pretende dizer isso aos pais dela?  Você tem noção do que vai dizer à eles,  hein?
Gabriel tirou a mão do meu ombro.
- Eu não sei, mas precisa ser feito. O fato de ela estar viva pode sim nos ajudar a encontrar o assassino.
É necessário que tenhamos tato ao lidar com as pessoas envolvidas.  Amanhã tentaremos falar com Rosa. Espero que os pais dela deixem a conversa acontecer.
- Isso vai ser difícil.
- Vai. Eduarda vai estar junto para acompanhar a conversa com eles.

Eu tinha que ir para casa. Que situação horrível.  Eu só precisava ir embora e pensar em paz.
- Vão para casa e descansem. Avisarei qualquer mudança na investigação.  Se o dia de hoje foi cansativo,  amanhã será pior. Falarei com Hugo e ficarei mais um pouco. Eduarda daqui a pouco estará de volta e preciso falar com ela.
- Tem certeza sobre isso? - questionei sem hesitar-  Vocês não são exatamente pacíficos juntos.
Gabriel riu.
- Não somos mesmo. Já que teremos que conviver por um tempo a conversa será necessária.
Dei uma risadinha sarcástica.
- Sei. Conversar.

Alexandre e Alice deram risadas.
Todos aqui queriam ser uma mosquinha para ver esses dois.
Gabriel bufou e apontou para a porta.
- Vão logo antes que me tirem mesmo do sério.

Eu fui o primeiro a pegar minhas coisas e ir embora.
Gabriel estava certo.
Amanhã também seria um dia horrível.
Tudo o que eu precisava era tentar dormir um pouco.

O Assassino Dos Contos De FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora