A minha equipe se despediu e foi embora. Não havia nada para fazer por enquanto. Estávamos de mãos atadas.
Suspirei e fui em direção a sala do Hugo.
Havia poucos policiais agora.
Para minha decepção, ele não estava.Voltei para nossa sala e lá estava Eduarda. Achei que teria de ligar para saber seu paradeiro.
A garota tinha o costume de mergulhar de cabeça numa investigação e isso era perigoso.Passei um tempo olhando- a.
Seus cabelos castanhos estavam mais longos desde a última vez que a vi. Ela era pequena. Não era apenas um rostinho bonito. Eduarda tinha uma força desconhecida por muitos.
Uma vontade férrea que ficava a vista no momento em se que se olhava em seus olhos castanhos.
Você sabia sobre Eduarda somente o que ela queria que você soubesse.
Ela vivia pelo código: " confiança não se é dada, mas conquistada. "- Vai ficar aí muito tempo com essa cara de peixe morto? - questionou ela sem me olhar. Não se mexeu um milímetro, a filha da mãe.
- Pelo menos eu demonstro alguma coisa. - não posso deixar de alfinetar. Era uma coisa que eu tinha que fazer. Reduzido a um comportamento de adolescente pirracento, Deus me perdoe.
Então eu consegui. Finalmente ela me olhou e sorriu pra mim. Detestava quando ela sorria. Perdia o controle do meu pensamento. E daí que sou obcecado por controle? Dane- se.- Isso te irrita não é? Eu estar aqui fazendo parte da sua equipe quando claramente você não queria.
- Tem razão. Isso me irrita de uma maneira totalmente inexplicável. - que foi? Detesto enrolação.
- Estou contente que não mudou essa sua faceta, Gabriel.
- Você está contente? Não está parecendo.
Ela largou as fotos que estavam em suas mãos e colocou-as em ordem. Depois foi o mesmo com os relatórios.
- Eu realmente odeio quando faz isso.
- Ignorar você? Eu sei disso.É assim que vai ser a conversa? Tá ótimo pra mim.
- Então porquê diabos você faz isso? - questionei enquanto apoiava meus braços na mesa e a olhava fixamente. Hora de colocar as cartas na mesa. Se tem uma coisa que eu admiro nela, é que ela não recua diante da situação.
Ela suspira e parece reunir paciência pra conversar.
- Olha só Gabriel. Eu não quero brigar com você, na verdade, nem discutir eu to a fim. Eu só quero ajudar nessa investigação e ir embora. Só isso. Nós conseguimos trabalhar juntos. Aos trancos e barrancos é verdade, mas conseguimos. Eu estou cansada dessas discussões e alfinetadas que não levam a lugar nenhum. Eu sou assim há muito tempo em relação a você, Gabriel.Quando terminou estava me encarando de volta.
- Eu não consigo deixar de fazer isso. De afastar você. Eu sou obcecado por controle e você sabe disso. Mas o controle some com você por perto e isso me tira do sério de verdade. É simplesmente horrível a sensação que eu tenho de que não consigo ordenar minha mente quando você está por aqui.
Ela me olha chocada. Até que enfim uma reação de verdade.
- Sabe, então temos um problema. Eu detesto quando não compreendo algo. E você é difícil de ler. No começo até achei que poderíamos conviver numa boa, mas você colocou tudo a perder. Então eu só segui o jogo. Você criou o jogo, até as malditas regras. Eu apenas segui. O que aconteceu?
Eu respirei fundo.
- Eu pensei que estava gostando de você. Quer dizer, mais do que como amigo. E eu detestei perder o controle dessa maneira. Tudo era em torno de você e isso me deixava confuso. E eu preferi te afastar por um tempo até entender o que estava acontecendo. Mas daí você foi embora e nas poucas investigações em que trabalhamos juntos ficou claro que havia um muro muito bem erguido entre nós.
- Então era por isso que você agia como um babaca?
Eu tive que reconhecer. Eu merecia essa.
- Sim. Me desculpa por isso.
Ela olhou pro outro lado de forma pensativa. E quando me encarou, vi mágoa em seu olhar.
- Na época em que você me afastou, estava apaixonada por você. E daí você agiu como um idiota em todas as oportunidades que tinha e não parou mais. Então pensei: por que estou chateada com isso? Então eu te vi com a Amanda.Puta merda. Não acredito que ela nos viu. Passei a mão no meu cabelo em forma de irritação.
- Sabe, eu fiquei chateada com você pela mudança mas eu ainda gostava de você. Ver você com ela arrasou comigo.
- Por isso foi embora?
- Foi. Se eu ficasse acabaria te odiando e sabe o que o que acontece quando odeio alguém.
- Você nega a existência dela.
- Eu não queria fazer isso com você. Só queria ir embora o mais rápido possível. E eu fui.
- Porquê nunca mencionou que me viu com Amanda?
- E por que deveria? Você parecia feliz quando me afastei. Eu valho muito mais, Gabriel. Fez sua escolha e eu respeitei.Eu desviei o olhar. Não acredito que ela me viu com Amanda. Eu sou muito mas muito estúpido.
- Eu sinto muito.
Ela sorriu para mim enquanto levantava da cadeira. Um sorriso cheio de pesar.
- Não mais do que eu senti.
Quando ela ia sair, fui atrás dela e segurei a porta. Ela não podia ir agora.
- Fica. Temos que conversar.
Ela retirou minha mão da porta.
- É tarde demais para me pedir pra ficar não é? Nossa chance foi há muito tempo.
- Não. Eu fiz burrada, eu sei disso. E me arrependo de verdade por ter ficado com a Amanda. Foi errado usa- la para te tirar da minha cabeça, Eduarda. Eu sei que foi. Só... me deixa tentar. Deixa eu mostrar que podemos ficar juntos.
Ela abriu a porta só o mínimo para passar. E então ela me olhou .
- Porque quer tentar se sabe que vai falhar?
Finalmente dei um sorriso de verdade durante o dia e teve que ser nessa conversa dos infernos.
- Você mais do que ninguém sabe que falhar nunca foi uma opção para mim.
Ela sorriu e foi embora.
Fiquei observando enquanto ela se afastava.
Eu conhecia Eduarda o suficiente para saber que que conquistá -la novamente, não seria tão fácil.
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O Assassino Dos Contos De Fadas
Mystery / ThrillerEle escolhe as vítimas e simplesmente as leva. Sem deixar pistas. Um beco sem saída. Uma equipe que se empenha em pegar o Assassino. Uma garota peculiar que vê o mundo de forma diferente e segue em frente. A pergunta é: Eles estão preparados para...