Gabriel

63 12 53
                                    

- Então. O que vocês precisam exatamente? - questiona o pai de Rosa bem desconfortável.
- Sr. Alves,  nossa consultora do FBI diz que Rosa pode nos dar uma pista sobre o assassino. - respondi percebendo o casal a minha frente se darem as mãos.

Fiz um sinal para Eduarda continuar e ela acena dizendo que entendeu a deixa.
- Sr. Alves, sou Eduarda Albuquerque, estou ajudando neste caso devido ao ataque de Rosa que não se encaixou com o perfil do elemento.- ela suspira e parece pensar com cuidado em como vai dizer as próximas palavras. - Vou ser sincera com vocês porque merecem saber tudo, uma vez que preciso de sua ajuda para conseguir uma pista,  qualquer coisa,  que nos coloque na direção do sujeito que fez isto à ela.
- Não entendo.- diz a Sra. Alves olhando para o marido e depois para Eduarda. - O que está pedindo exatamente? Que os deixem falar com Rosa?
- Sra. Alves,  Rosa se encaixa no perfil do elemento mas por algum motivo que desconhecemos ela está viva. Ao contrário das outras duas vítimas. Queremos entender o porquê disso. Rosa pode nos dar uma luz nesse caso que poderá ser a chance de chegar ao menos perto do elemento.
- Está querendo saber porque nossa filha está viva? - pergunta incrédulo o pai de Rosa. Ele olha abismado para Eduarda que não afastou o olhar de seu rosto. - Não basta o que ela sofreu?  Os pais das vítimas anteriores estão com raiva de nós porque nossa filha está viva!  E você está dizendo que algo deu errado para ela estar?
Eduarda fez um aceno de confirmação.
- Isto é loucura!  - indignada,  a mãe de Rosa se levantou e começou a caminhar de um lado para o outro. - Nossa filha está viva!  Não podem culpa- la por isso!
- Não estamos culpando Rosa de nada,  Sra. Alves. Ela é a vítima aqui. Estou aqui para entender o porque do assassino ter mudado o padrão de ataque. Rosa sabe de alguma coisa. É necessário que ela fale. Nunca, jamais, Rosa será outra coisa se não vítima nessa história. - Eduarda reafirmou olhando firmemente para eles.- Só peço que me acompanhe até o quarto de Rosa.  Farei algumas perguntas e ela digitará no tablet que eu trouxe.  Podem encerrar a conversa a qualquer momento.  Apenas me deixem conversar com ela.

O casal se entreolha e se afastam para decidir.
- Eu acho que você conseguiu convencê- los. - falei baixinho.
- Assim espero.- retruca ela no mesmo tom.
Um momento depois eles voltam com o semblante sério. 
- Você acha que Rosa pode ajudar a achar esse miserável? - questiona o pai.
- Acredito que ela possa nos dar uma pista na direção certa. - responde Eduarda segura de suas palavras.
Tomara que ela esteja certa.

A mãe olha para Eduarda e faz um movimento afirmativo com a cabeça.
Nos encaminhamos para o quarto que Rosa está.
Está acordada e vejo seus olhos,  que estão menos inchados desde a última vez em que a vi, lacrimejarem.
Faz um movimento com a boca mas não sai som algum. O médico disse que não cortaram sua língua e que a boca foi meticulosamente costurada. Todo aquele sangue que vimos, eram dos cortes.
Fecho os olhos desejando pegar o filho da puta logo.

- Rosa, meu amor, essa moça quer fazer algumas perguntas pra você. - apresenta a Sra. Alves fazendo um gesto para que Eduarda se aproximasse da cama da filha. - Ela disse que podemos acompanhar a conversa que terão. Ela sabe que não consegue falar, mas trouxe o tablet para você digitar as respostas de suas perguntas. Se você não quiser,  ela vai embora.
Esperamos que Rosa olhe para Eduarda e prendo a respiração.
Então Rosa diz que sim com a cabeça bem devagar.
Solto a respiração aliviado.


- Rosa, meu nome é Eduarda. Vou fazer só algumas perguntas para entender o que aconteceu, esta bem?
Rosa confirma novamente.
Eduarda estende o tablet para que Rosa possa digitar sem problemas.  Ao que parece, o assassino poupou o braço que ela usa para escrever.
- Rosa, alguma vez viu o assassino antes de você desaparecer?
Os pais de Rosa dão as mãos novamente.  Seus dedos chegam a ficar brancos de tão entrelaçado que estavam.
Rosa digita sua resposta sem olhar para eles.

Eduarda lê e continua.
- Quantas vezes vocês se viram?
A garota volta a digitar com Eduarda lendo a resposta.  E pela cara que ela fez, não foi boa.
- Você poderia nos dar uma descrição dele?
Dessa vez ela confirma com a cabeça
- Rosa, o que exatamente te chamou a atenção nele?
Ela digita ficando vermelha onde não estava machucado no rosto.
Hum. Interessante.
- Ele disse algo a você quando te sequestrou?
A pobre garota fechou os olhos e quando abriu,  estavam sem vida. Perdida nos pensamentos horríveis. Ela olha para seus pais e seus olhos se fecham novamente. Quando os abre, volta a digitar e parece ser uma pergunta a Eduarda porque ela encara os pais de Rosa com certo receio.
- Ela quer saber se vocês a amam de verdade e que contando o que aconteceu não vão deixar de ama-la.
Os pais dela ficam sem entender, perplexos na verdade. O que diabos está acontecendo?
Eles olham em minha direção procurando ajuda. Faço um gesto pra eles responderem.
- Nós a amamos muito e não há nada que faça nosso amor diminuir.  - respondeu o pai, convicto de suas palavras e o semblante calmo.

Rosa olha para eles e digita no tablet por algum tempo.
Eduarda que acompanha a digitação, continua em silêncio.
Assim que Rosa termina, escuto a voz suave de Eduarda.
- Foi por isso?
A pobre garota confirma com a cabeça,  chorando.
- Rosa, sabe que o quê o assassino disse é loucura dele, não sabe? - questiona ela passando a mão no rosto de Rosa.- Ele está errado.  E você jamais será isso que ele disse. Você tem pais que a amam e vão cuidar de você,  mesmo depois de saberem o que digitou aqui para mim. Isso é amar alguém, querida. Não o que o assassino insistiu em te dizer, compreendeu?
Rosa faz que sim e olha para os pais.
Ela tenta falar mas nao consegue.
Sua mãe passa a mão no seu cabelo.
- Não se preocupa, meu anjo. Vamos lá fora pra conversar com eles e já,  já,  voltamos aqui para cuidar de você com todo amor e carinho.

Eduarda de despede de Rosa,  mas aguarda conosco junto a  porta, a saída dos pais.
Quando estamos no corredor,  Eduarda suspira e os encara.
- Talvez, seja melhor todos irmos à outro lugar para termos essa conversa.
- É tão grave assim o que nossa filha disse? - questiona Sr. Alves.
- Rosa pode ter nos dado a pista que precisávamos. - responde ela.
Olho para minha equipe e estamos com a mesma cara de surpresa.
Como é?

O Assassino Dos Contos De FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora