Eduarda

95 14 71
                                    

Passei um bom tempo olhando as fotos e tudo mais que eles tinham sobre as vítimas. E simplesmente não batia com o que aconteceu com a última vítima.

Encarei as fotos de Rosa e fiquei pensando.
Ele estava com raiva. Muita raiva.
Ele costurou a boca dela. Por que?
Esse fato por si só já chama a atenção.
Porquê a surra? E a deixou com um braço sem fraturas nem hematomas.
Bom, a raiva poderia ser de algo que ela tenha dito ou feito e que colocou os planos dele em reserva.
Ora, ora...
Ele adiou os planos.

O que significa que ele tem outra vítima em potencial.
Considerando que ele agiu em um espaço de quatro meses,  a próxima vítima logo iria aparecer.
Praticamente um mês de intervalo entre cada uma.
Nada nesse caso é a esmo.
Ele tem uma direção bem definida.  Ele pensa nos detalhes.

Até mesmo quando colocou Rosa no banco da praça teve o cuidado de não ser visto,  a deixou desacordada, não deixou nada que pudesse indentifica- lo. Ele sabia onde estavam as câmeras aos arredores.

Quer dizer,ele planejou isso por quanto tempo?
Ele tinha um padrão com as outras vítimas.
Mesmo que ele tivesse quebrado o padrão com Rosa, de algum jeito, isso acabou fazendo com que ele seguisse o restante do plano.

Ele está agindo sozinho?
São detalhes demais levados em conta.
Volto a olhar as fotos delas.
E suspiro com uma frustração irritante.
Odeio não compreender as coisas.

- O que foi?  - questionou Alice enquanto se sentava comigo.
- Sabem se o assassino está agindo sozinho?
- Até agora parece que sim. Não encontramos nada que sugira o contrário.  Por que?
- Eu não sei. São detalhes demais e alguma coisa não está encaixando.
- Será que Rosa poderá nos ajudar?  Ele a deixou viva. Por que ele faria isso?
- Se você chama aquilo de estar viva. - resmungava enquanto tomava meu café. Era o terceiro copo desde que cheguei. Um vício, eu sei. Alex já me repreendeu por isso.  - Isso foi mais um castigo do que qualquer outra coisa.
Alice me olhou chocada.
- Do que está falando criatura?!
- Ele costurou a boca dela. Deu uma surra nela, mas deixou um braço em bom estado, Alice. A estuprou. Ela está respirando? Está.  Ela está viva?  É outros quinhentos. Ele queria dar uma lição em Rosa. E agora eu te pergunto: os mortos aprendem alguma lição?
Ela olhou para mim totalmente incrédula.

 Que diabos, eu to parecendo doida divagando mas não consigo parar.
- Rosa não merecia morrer, Alice. É isto o que ele quer dizer para nós. Ele não mudou o padrão. Não mudou em nenhum momento. Ele tem tudo planejado.  Há tempos, pelo visto.
- O que você quer dizer com isso ? - olhei em volta e só agora percebo que a equipe estava me olhando com cara perplexa.  Suspirei outra vez. Passei por doida de novo.
Olhei para Alexandre.
- Respondendo a sua pergunta,  quero dizer que ele planejou isso por algum tempo antes de agir. Nada foi impulsivo. Tudo foi planejado.

Gabriel estava com os braços cruzados enquanto me avaliava.
- Como sabe disso?  Está bem que algo aconteceu a Rosa mas o quê?  Ela é praticamente como as outras vítimas.  O que levou a tratá- lá diferente?
Olhei séria para ele.
- O que te faz pensar que ele decidiu mudar em relação à ela?  E se foi ela que mudou algo que não era para mudar?  Algo indispensável a tal ponto de que decida não lhe dar o tratamento privilegiado?
- Espera aí! - falou Bruno indignado-  Está me dizendo que a culpa é daquela garota que está no hospital?
- Por Deus! Claro que não! - revidei revirando os olhos.- Você tem noção que está lidando com uma pessoa que não bate bem da cabeça ? No ponto de vista dele,  Bruno! Será que não parou para escutar o que acabei de dizer?  Ele pensa que Rosa o decepcionou! Por isso o castigo! Ela tem algo para fazer e por isso não está morta!
- Os mortos não aprendem lições. - retrucou Alice repetindo minhas palavras anteriores.
- Isso mesmo.
- Isso é cruel. - disse Alexandre olhando para o chão.
- Para nós, sim. - falei enquanto levantava da cadeira-  Mas pra ele,  Rosa mereceu o castigo e foi justo. Para ele. Enquanto estamos aqui esperando Rosa para nos iluminar, o assassino deu esse assunto por encerrado e partiu pra outra.
- Partiu pra outra? - repetiu Bruno-  Está querendo dizer que ele já tem outra vítima?!
- Provavelmente. Rosa o atrasou em sua busca pelo seja lá o que for e ele vai correr atrás do prejuízo. - respondi me dirigindo a porta.  - Gabriel, preciso sair um pouco. Tenho que pensar. Algo está me escapando. Algo não encaixa. E isso está me irritando.
- Vou relatar isso ao Hugo. Sabe que ele vai exigir sua presença depois para maiores explicações.  Fique com o seu celular.
Acenei concordando e sai da sala.

Precisava pensar.
Sair um pouco desse ambiente lotado de pessoas, seria melhor.

O Assassino Dos Contos De FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora