Gabriel

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Quando chegamos a delegacia, soubemos em que pé estava a situação. Hugo teria que dar uma coletiva de impressa porque surgiu mais uma vítima e ao que parece eles querem saber mais sobre o assunto.

Eu percebi o quão irritado nosso capitão ficou. Ele detestava os repórteres. Tanto que os chamava de abutres. Não todos, mas alguns realmente mereciam o apelido.

A essa altura do campeonato estávamos todos com os nervos a flor da pele. Teríamos que ir junto para a coletiva e isso iria atrasar a visita ao psicólogo de Rosa.

Vejo Hugo entrar na sala e sua cara estava vermelha de raiva ao dizer:
- Eduarda, você  também vai estar nesse circo.
Olhei para Hugo.
- Acreditei que tínhamos combinado em deixar Eduarda fora disso.
- Eu também pensei mas ao que parece a ideia de ter uma agente do FBI ajudando na investigação pode dar uma certa tranquilidade as pessoas. - retrucou o capitão possesso. - Desculpe por isso Eduarda. Queria que permanecesse nos bastidores por assim dizer, mas devido a investigação ter avançado por causa da sua teoria sobre Rosa, meu superior entendeu que os civis não entrarão em pânico. Como isso fosse possível. Tem a porra de um Assassino a solta!
- Sim. Porque ter corpos sem nenhuma pista e uma sobrevivente internada não quer dizer nada.- falou Bruno revirando os olhos.
- O que exatamente esta acontecendo? - perguntou Alice para Hugo.
- Ao que parece o prefeito quer dar o assunto por encerrado logo. É  para isso que serve o circo lá fora com os abutres em volta. Isso, equipe, quer dizer que ou fazemos o nosso trabalho de uma vez ou cabeças vão rolar.
- As nossas cabeças,  você quer dizer.- afirmou Alexandre sem piscar.
- Isso mesmo. - confirmou Hugo.

Passei as mãos nos meus cabelos extremamente puto da vida. Não basta ter um assassino desses a solta. Tem que ter um prefeito imbecil também.

- Muito bem. O quanto devemos dizer aos repórteres sobre a investigação? - perguntou Eduarda calmamente.
- Você tem algo sobre o assassino? Algum perfil? - questionou Hugo.
Eduarda suspirou.
- Não muito, como você bem sabe. Posso reforçar o que vem sendo dito mas acredito que sem um suspeito de verdade, estamos de mãos atadas aqui. Faltam detalhes importantes ainda.
- Essa coletiva de imprensa não foi na hora certa. - reclamou Alice.
- Nisso eu concordo. - Disse Bruno.
- Ao que parece,  os repórteres ficaram  sabendo sobre Rosa e querem mais detalhes sobre isso também.- avisou Hugo.
Alexandre riu descrente.
- Claro que sabem.- murmurou.
Hugo mexeu no celular e estreitou os olhos para a mensagem.
- Vamos pessoal. Estão nos esperando. Cuidado em responder as perguntas e Gabriel, tente não perder a paciência dessa vez.
- Isso vai depender. - respondi.
- Vai depender do que?
- Que tipo de pergunta
estúpida vão fazer.

Bruno deu risinho e Alexandre balançou a cabeça em negação.
Minha falta de paciência nas coletivas já é conhecida por todos. Não vou ficar disfarçando.
Enquanto saímos da sala, vimos alguns olhares de solidariedade por parte de policiais e outros detetives.

Então eu percebi que o número de abutres na coletiva era maior do que o esperado.
Hugo foi a nossa frente e nós o seguimos em completo silêncio.

A coletiva iria acontecer do lado de fora da delegacia e quando chegamos lá, respiramos fundo. Eu estava certo. Abutres. Abutres por toda a parte e não ficaria surpreso por serem eles a fazerem as primeiras perguntas.

- Devido aos últimos acontecimentos, estamos aqui para responder algumas perguntas sobre a investigação e assegurar que estamos fazendo todo o possível para identificar  este Assassino e prende- lo.
- Então não serão todas as nossas perguntas respondidas? - olhei e vi Amanda, uma das repórteres que nós classificamos como abutre.
Hugo olhou diretamente para ela e respondeu firmemente:
- Lamento. Só algumas perguntas serão respondidas. Não irei dar detalhes sobre a investigação sendo que a mesma ainda não foi encerrada.

E vejo Amanda franzindo a testa e sua expressão me diz que não está contente com a posição de Hugo.

O Assassino Dos Contos De FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora