Eduarda

125 21 118
                                    

Enquanto Bruno estaciona o carro, aproveito para respirar bem fundo e me preparar. 

Sei muito bem que ao entrar nessa delegacia vou precisar de toda paciência, não só pra ajudar no caso mas também para lidar com Gabriel.

Isso vai ser muito difícil.
Assim que saio do carro, Bruno me olha e me dá um sorriso pra lá de debochado.
Eu mostro o dedo do meio pra ele.
Infantil, eu sei.
Gesto que só faz aumentar o sorriso e sair na minha frente com a certeza do que eu estava tentando fazer. Ganhar um pouquinho de tempo antes do confronto.
Vou atrás dele e me concentro em me desvencilhar do pessoal no caminho.

Não estou muito clima de ser sociável e jogar conversa fora. Não que eu goste de fazer isso com frequência mas quando faço, dá pra enganar.

Chego a sala da equipe e os encontro sentado tomando café. O dia pra eles foi puxado.
Estão com uma cara de desânimo. .. não esperava outra coisa. As fotos da garota que me enviaram foram pavorosas.

  Me dão arrepios. Imagine encontrá -la e ter de dizer à família o estado em que estava.
Pois é.  Nada fácil.
Totalmente compreensível esse desânimo.

Alice foi a primeira a me notar.
Deu um sorriso que percebi ser verdadeiro. Veio me abraçar e sendo Alice,  não podia faltar a gracinha de sempre.
- Finalmente. Estou doida para ver a cara do Gabriel- essa ruiva não tinha jeito.
- Por Deus mana!  Você não tem noção das coisas? - questiona Alexandre a empurrando pro lado e me esmagando no que ele chama de abraço. O cara era grande.
- Ter eu tenho.- responde a irmã-  Mas é mais divertido quando não tenho noção.- ela ri da cara do irmão.

Este revira os olhos. Que dupla esses dois. Confesso que senti saudades deles. Sempre achei linda a maneira que eles se cuidavam. Como se realmente se importassem um com o outro.

Dou uma olhada em volta e vejo Bruno se jogando numa cadeira.
Não posso deixar passar.
- Você não está cansado de ficar sentado não?
- Quer que eu traga um café madame?
Resolvo sentar e pedir.
- Sim, por favor. Traga sem açúcar e sem leite.
Alice e Alexandre dão risadas.
Bruno ergue as mãos em sinal de rendição e sai da sala em busca de café.

- Espera, você não deveria chegar daqui a uma hora ou coisa assim? - pergunta Alice de cenho franzido. Achava um charme quando ela fazia isso.
- Eu devia. Cheguei faz cerca de quatro horas.
- Sério?! Por quê?
- Não é da sua conta bichinho curioso.- retruquei.
- Isso não vai funcionar e você sabe disso. - resmungou Alexandre - Tudo o que conseguiu foi atiçar ainda mais a curiosidade dessa criatura.
Dei de ombros. Não estava muito a fim de ficar falando sobre esse assunto.
Ela ia retrucar o irmão quando a porta se abre e vejo Gabriel entrando.

Definitivamente o tempo foi generoso com ele.
Com 1,90cm de altura. Cabelos loiros bagunçados.  Olhos castanhos.  E uma boca totalmente beijavel. 
E vestido de preto.
Sempre achei estranha a mania de Notre a aparência de outra pessoa sob este tipo de circunstância.
Cérebro é algo curioso não é?

O Assassino Dos Contos De FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora