Bruno

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Desde o momento em que recebi a ligação de Gabriel informando que acharam outra vítima,  percebi que nada havía me preparado para aquilo.
E decidi que logo depois desse caso, iria sair da polícia.
Meu velho que me desculpe, mas já deu dessa merda toda.
Era só ver o que fizeram com a garota:
Uma total falta de misericórdia.
Senti uma pena sem fim dela.
O que ela havia feito para merecer aquilo?  Nada justifica isso. Absolutamente nada.

Tenho dúvidas de que esse cara realmente sinta algo. Não pode ser que um ser humano faça esse tipo de coisa com um semelhante e simplesmente. .. sorria e siga em frente.

As vezes me pergunto se ainda terei que ver coisas terríveis assim. Já devia ter me acostumado, eu sei.
Mas isso não quer dizer que se eu me acostumar a lidar com isso,  não estarei ficando insensível em relação a isso?
Deveria ter me tornado fotógrafo, isso sim.
Tem dias que só rezo para terminarem logo e de preferência com o responsável desse tipo de atrocidades atrás das grades.

Só que esse assassino está sempre um passo a nossa frente e as poucas pistas que temos nos levam a um beco sem saída. Parece que nós somos os ratinhos de laboratório. Um teste, talvez ?
Precisamos de um novo olhar nesse caso e por mais que Gabriel fique ressentido com isso, Eduarda poderá sim nos ajudar.

Não me interessa o que houve entre eles.
Alias, provavelmente foi culpa do adorável gênio dele. Não me se surpreenderia se ele tivesse metido os pés pelas mãos.

Ainda bem que os dois estão mais interessados em pegar esse monstro.
Estou no aeroporto esperando por ela.
Meu chefe me deu apenas uma ordem:  ir direto para delegacia assim que me encontrar com ela.
A coisa tá feia e vai ficar pior ainda.

- Posso saber o que o mocinho está fazendo aqui?
Sou obrigado a sorrir.
Virei lentamente para trás e a garota estava sentada confortavelmente sabe-se lá a quanto tempo.
É. 
Essa realmente tem que se tomar cuidado.
- Não sabia que o avião já tinha pousado.
- Ele vai chegar em meia hora.
- Então quando chegou? - que diabos ela estava aprontando?
- Na verdade, faz tempo. Umas quatro horas, por aí.

Fui obrigado a olhar para ela com o meu olhar mais sério, depois dessa resposta calma. Não que funcionasse com ela.

Eduarda deu de ombros e se levantou.
- Vamos?
- Preparada? - perguntei me levantando e saindo dali com ela ao meu lado. Alguns pararam para observa- la. Não me surpreende isso. Me divirto até.
Ela nem os nota.

- Nunca estou preparada para esse tipo de coisa.
- Então porquê faz isso?
- Porque é necessário.
Olho para ela e me pergunto quanto cresceu. Não em tamanho. Eduarda sempre foi pequena. Alice a chamava de chaveirinho.
Mas tem algo nela muito diferente que não consigo definir.
Talvez fosse impressão minha.
Entramos no carro e deixei o silêncio tomar conta durante o caminho até a delegacia.  Não era um silêncio incômodo.  Penso que ela está se preparando para ver Gabriel.

Esses dois não eram fáceis.
Faz um tempo desde que se viram e só faltou Eduarda subir numa cadeira e estrangular meu amigo.

Isso vai ser no mínimo interessante, com estes dois, sempre é.

O Assassino Dos Contos De FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora