Alice

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O que eu achei da coletiva de imprensa? Um porre total e puro desperdício de tempo.
Como Hugo disse, só deu mais visibilidade ao Assassino e expôs a investigação.

Saímos da delegacia discretamente, o que foi um milagre pela quantidade de repórter que tinha por ali.
Até mesmo Amanda tentou falar com Gabriel para saber mais detalhes sobre Rosa.
Como se o fato de ter transado com ele desse à ela alguma vantagem.

O que Gabriel viu nessa vaca, eu não sei. Tudo nela é demasiadamente destacado. Desde o cabelo loiro platina até as unhas pintadas de rosa choque. Sabe aquele esmalte que a pessoa usa e você percebe de longe quando esta dobra a esquina? Então, é esse tipo.

Sempre pensei que o fato de implicar com a Amanda e não ir com a cara dessa ordinária fosse algo forçado de minha  parte.
Pelo menos a maioria pensava assim.
Até eu rir e dizer à eles " eu te avisei", depois de Amanda virar jornalista e fazer qualquer coisa e passar por cima de qualquer um, para conseguir um furo de reportagem.

Ela até tentou dar em cima de Alex uma vez.
Quase fiquei com dó dela depois de meu irmão dizer que nossa mãe morreria de desgosto, se apresentasse ela como namorada dele.
Bruno quase chorou de rir.
Eu acompanhei na risada, obviamente.

Desde então ela havia feito Gabriel de alvo.
Ela até conseguiu ficar com ele algumas vezes, mas meu amigo nunca assumiu nada com ela.
Embora eu sempre desconfiasse que ele ficou com Amanda por ser estúpido, ainda assim era meu amigo.

- No que está pensando? - perguntou meu irmão, enquanto esperávamos o sinal abrir.
- Na bruaca de salto  da Amanda e na estupidez do Gabriel. - respondi olhando a rua. Havia crianças brincando num parquinho adorável ali perto.
Meu coração doeu um pouco. Desde que perdi meu noivo e meu bebê num acidente de carro, sempre penso em como seria minha vida, se eles estivessem aqui comigo. Tem dias que chega a doer de tanta falta que sinto. Passaram cinco anos, mas a dor sempre está presente.

Senti Alex segurar minha mão por um instante, antes de voltar a dirigir.
- Não deveria pensar na Amanda. Não vale o tempo perdido. - resmungou ele.
Dei um sorriso. Ele estava tentando me distrair.
- É, eu sei. Acha que esse psicólogo pode ser um suspeito? - perguntei mudando o foco.
- Ele tem ligação com duas vítimas, até agora. Sua reputação é excelente. Não possui ficha criminal. Não há nada que nos diga que ele é o assassino. Como Eduarda disse, só conversando pra ver.
- Foi impressão minha ou Eduarda está agindo meio estranho? 
- Então irmã, defina o que seria estranho a respeito de Eduarda.
- É só uma sensação que tive hoje. Ela parece mais retraída... mais pensativa. Geralmente, ela tem a mania de ficar murmurando suas teorias e esquece que estamos em volta.
- Ela parece nossa vó quando faz isso.
Eu ri da comparação.
Nossa vó vivia resmungando enquanto cozinhava.
Eduarda resmungava sobre assassinos e seus perfis.

Quando chegamos ao endereço do psicólogo, reparamos ser bem movimentado.
Era um prédio comercial, não muito grande. 
Uma localização ótima.
Uma fachada bem cuidada e um jardim espetacular.
As pessoas entravam e saiam sem nem olhar umas para as outras. Alguns até se esbarravam, mas não davam bola.

Passamos pela porta de vidro e vimos Gabriel, Eduarda e Bruno, nos esperando.
Assim que chegamos perto o suficiente, Bruno avisa.
- Ele atende no décimo andar. Está consultando no momento.
Fomos para o elevador e segurei o riso ao ver meu irmão apreensivo. Ele odiava elevadores do fundo do coração.
Desde o dia que ele ficou preso em um, quando éramos crianças.
Assim que o elevador parou e abriu as portas, ele foi o primeiro a sair.

Havia três pessoas na sala de espera. Folheando revistas ou olhando os quadros nas paredes. Quadros de arte abstrata.
Eu me divertia tentando ver alguma coisa neles.

- Posso ajudar em algo? - perguntou a recepcionista, uma senhora de idade, mas que tinha um olhar bem vivaz.
- Gostaríamos de falar com Miguel Soares, por favor. - responde Gabriel mostrando o distintivo.
- Ah sim. Claro. O Dr. Soares está em sua sala. Vou avisar que estão aqui. Só um momento. - avisa ela com um sorriso enquanto liga para a sala. - Dr, os policiais daquela investigação que vimos agora pouco, estão aqui querendo falar com senhor.

Maldita imprensa.

A porta se abriu e as pessoas que estavam ali, olharam automaticamente para a mesma.

- Entrem, por favor. - pede o Dr, enquanto entramos ouvimos ele dizer à senhora da recepção falar com os demais pacientes. - Então, em que posso ser útil? - questiona sentando em sua cadeira e fazendo um sinal para que fizéssemos o mesmo.

Eu não me fiz de rogada.
Aceitei e fiquei esperando o momento de começar as perguntas.

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⏰ Última atualização: Sep 01, 2018 ⏰

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O Assassino Dos Contos De FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora