Hugo

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Porcaria de coletiva.
Porcaria de dia.
Eu amo minha profissão.
Mas definitivamente detesto lidar com
a imprensa.

Vejo minha equipe responder as perguntas iniciais até com certa calma.
Gabriel está mais calmo que o normal e Eduarda olha atentamente os repórteres.

Ainda bem que ela concordou em nos ajudar nesse caso antes de sair do FBI. Pelo que entendi, vai se afastar um pouco dessa rotina.
Sabia que ela iria conseguir ajudar Gabriel e a equipe.

O fato de batermos sempre num muro e darmos de cara em becos sem saída, serviu para que isso chamasse a atenção dela. Casos como esse, são o ponto fraco de Eduarda.
Ela tem um absoluto fascínio pela mente humana.

Assusta um pouco mas os resultados das investigações em que ela ajudou, faz com que eu deixe esse medo ridículo de lado.

Vejo uma das repórteres falando ao celular e sorrindo. Amanda. Essa é com certeza uma das pessoas mais cretinas que conheço. Como Gabriel se envolveu com ela, não faço ideia.

- Com licença, detetive. - Gabriel parou a explicação que estava dando e olhou para Amanda.- É verdade que o Assassino ataca somente garotas submissas e ingênuas? Garotas super protegidas por seus pais?

Deus. Odeio jornalistas. Juro que vi algo nos olhos de Gabriel mas antes que ele respondesse, Eduarda pousou a mão em seu braço e perguntou algo a ele baixinho. Ele fez um pequeno aceno de cabeça e falou com os repórteres:
- Como sabem, tivemos problemas no começo da investigação, uma vez que o assassino não deixou pista alguma. A agente do FBI , Eduarda Albuquerque foi chamada para ajudar neste caso, visto que ela poderia nos dar um perfil do elemento. Agente?
Gabriel deu espaço para Eduarda, que serenamente olhou para Amanda.
- O perfil do assassino ainda não está concluído. Mas ao que parece, ele é paciente e extremamente metódico e sim, as vítimas o conheciam. Isso explica o porque de ser tão fácil chegar a elas no momento em que lhe convém.
Agora, o perfil de suas vítimas até então, tem sido de garotas, todas com vida acadêmica que se sobressaem aos demais mas que socialmente são ingênuas. Garotas super protegidas por suas familias com uma rotina bem definida.
- Então Agente, podemos dizer que esse assassino pode estar acompanhando as vítimas antes mesmo de matá- las. São todas garotas doces e jovens pelo que percebo. O assassino tem uma lista então? Uma vez que surge uma vítima atrás da outra em pouco espaço de tempo.- Felipe, outro repórter/ abutre questiona.
- É uma boa pergunta. Sim. Acredito que o assassino possua uma lista. Uma onde avalia suas vítimas conforme o que chama sua atenção nelas. Não é uma lista de vingança, veja bem. Para o assassino, as vítimas dele morrem pelo simples fato de que este mundo não as merece. Já ouviu a expressão" pérolas aos porcos" ?
O burburinho começa.
Felipe e os demais repórteres ficam de queixo caído.

Quem pensaria numa teoria dessas? Um cara matando simplesmente porque as garota são boas demais pra esse mundo? Claro que Eduarda pensaria. Faz sentido, dado o perfil das vítimas.

- Está querendo dizer, que ele está matando suas vítimas porque acha que elas mereciam um lugar melhor?
- Ao que parece, é isso.- responde Eduarda calma.
Meu celular toca e vejo a mensagem na tela. Bufo de raiva. O prefeito está pedindo pra terminar com a coletiva. Típico. Tudo o que ele fez foi nos atrapalhar e dar mais matérias para os jornais locais. Ele não percebe que está dando visibilidade ao elemento.

Faço um sinal para Alexandre e o mesmo faz o gesto para Gabriel.
Ele entende e avisa que a coletiva terminou.
Os repórteres reclamam, óbvio. Eu estou com uma dor de cabeça dos infernos que nem um remédio poderá me ajudar.

Faço um sinal para a equipe me seguir até minha sala e vejo que estão aliviados que essa parte do dia já terminou.

Assim que entramos na sala, o grupo já olha o horário. Eles tem que ir ao consultório do ex psicólogo de Rosa.
- " Pérolas aos porcos" ?- questionei.
Eduarda deu de ombros.
- Me pareceu apropriado você não achou?
Tive que sorrir. Um ditado desses numa situação dessas? Sério?
- Você me assusta um pouco sabia?
Ela sorriu.
- Sabia. É o primeiro que fala isso diretamente pra mim.
Imagino que sim.
- Vai com a equipe visitar o psicólogo?
- Sim. Acredito que ele possa estar ligado às outras vítimas também.
A equipe olha para ela totalmente pasma.
- Como assim? - pergunta Gabriel.
- Bom, as vítimas pelo que percebi, se consultaram escondidas de seus pais. Liguei para os pais da primeira garota e eles confirmaram que a filha estava indo ao psicólogo mas que devido a falta de motivos dessas idas as consultas, fizeram que a filha parasse de ir.
- Porque ela iria se tinha tudo o que queria e não precisava se preocupar com nada? - perguntou Alice com desdém.
- Exatamente. - responde Eduarda.- Os pais de uma das vítimas confirmou que a filha ia neste mesmo psicólogo que Rosa. Foi apenas uma consulta e ela nem terminou porque o pai chegou a tempo e disse que sua filha não iria em médicos de loucos.
- Quanta ignorância.- comentou Alexandre.
- Então o psicólogo é um suspeito? - perguntei a ela.
- Não sei. Quando terminar a visita te aviso.

Batuquei a caneta na mesa.
Isso foi o mais longe que conseguimos chegar na investigação até agora.
Um psicólogo ligando duas vítimas?

Peguei o mandato e entreguei para Gabriel.
- Quando ia nos contar essa descoberta Eduarda? - perguntei olhando para ela.
- Mais cedo na verdade, mas a coletiva de imprensa  surgiu e deixei para falar agora, aproveitando que estávamos todos presentes.
Concordei em silêncio.
- Tomem cuidado. A imprensa ficará em cima de cada passo que derem. - avisei, dispensando- os.

Me pergunto o que mais Eduarda está pensando sobre a investigação.

O Assassino Dos Contos De FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora