Bruno.

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Escutei cada palavra que Eduarda disse. Estou sem reação. Ela leu calmamente para nós mas dava para perceber que examinava minuciosamente os semblantes dos pais de Rosa.

No fim das respostas, os pais choraram em completo abandono.
O assassino conhecia Rosa,  de certa maneira para ela, ambos tinham um relacionamento.
O elemento conseguiu se aproximar e conquistar a confiança da menina.
Uma pessoa extremamente paciente.

Isso explica porque precisávamos de um ponto de vista de fora do caso.
Vejo nosso chefe Hugo sair da sala para atender o celular. Boa coisa não era pela expressão no rosto do coitado.

- Em algum momento vocês perceberam que havia algo com Rosa? - escuto Eduarda perguntar a mãe da menina. Esta olha para o marido que fica um tempo pensando.
- Se sabem, seria melhor que falassem. - avisa Gabriel que percebeu a hesitação. Não tínhamos tempo para esconde esconde de informações.
- Há um tempo atrás, proibimos Rosa de se consultar com um psicólogo. Digo, ela não precisava disso. Era uma garota normal.- respondeu o pai de Rosa.
- Acredito que o senhor queira dizer que Rosa é uma menina normal. - disse Eduarda em tom ríspido.
- Por favor, não nos leve a mal, mas nossa filha nunca trouxe preocupações,  ela tinha tudo o que uma menina poderia querer. Um futuro brilhante pela frente. Porque ela precisaria de um psicólogo? - questionou a mãe de Rosa, em tom de puro desdém.
- Quem escolheu os cursos de Rosa? - perguntou Alice.
- Fomos nós, obviamente. Ela é muito nova. Certamente escolheria algo que não aproveitasse todo seu potencial.- responde o pai.

Fiquei abismado com esse tipo de pensamento. Quero dizer, é o futuro dela tudo bem se preocupar,  mas é a vida dela.

Alice olhou para o irmão e este fez um movimento negativo com a cabeça.

- Talvez por esse motivo Rosa tenha procurado ajuda. Tem a possibilidade de ela se sentir sufocada ou até mesmo sem identidade como ser humano. Talvez tenha se sentido pressionada a uma vida que não queria e não sabia como lhes dizer.- diz Eduarda calmamente.
- Isso é tolice. Nós escutavamos nossa filha! - grita a mãe brava.
- Mesmo senhora? - revida Eduarda.-  Me diga um curso que Rosa está fazendo porque gosta.
- Todos é claro. - Ela responde séria.
- Está dizendo que ela escolheu os cursos de livre espontânea vontade e vocês em momento algum a criticaram ou fizeram com que mudasse de ideia? - questiona Eduarda.
Observo os pais e a culpa parece estampada em suas caras.
- Vocês conversaram com Rosa sobre como ela se sentia? - pergunta Gabriel.
Os pais dizem que não.
- A culpa é nossa? - pergunta a mãe desolada.
- Acredito senhora que a partir de agora deva conversar seriamente com sua filha e escutar sua opinião e não apenas fingir que faz isso. Será melhor que ambos discutam com Rosa sobre isso. São super protetores isso é mais que óbvio, mas devem levar em consideração a pessoa que estão tentando proteger.- explica Eduarda. - Gostaria de saber o nome do psicólogo que atendia Rosa. Poderiam me fornecer essa informação?
- Sim. Temos o cartão dele em algum lugar do escritório, posso ir em casa e procurá-lo enquanto minha esposa vai para o hospital. Vai demorar um pouco mas acharei. - responde o pai decidido.

Enquanto eles se levantam para ir embora,  Hugo entra na sala e avisa:
- Temos mais uma vítima.

O Assassino Dos Contos De FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora