O Assassino Dos Contos De Fadas

Gabriel

Por mais que eu tenha me preparado para vê- la, levei um choque.

Estava sentada me olhando atentamente e isso me dava nos nervos. Nada em suas feições mostrava o que a bendita pensava. Era extremamente irritante.

- Bruno me disse que você chegou faz tempo.- falei fechando a porta e me sentando em volta da mesa. Ela me olhou e eu jurei ter visto alguma coisa. Mas é Eduarda. Nada é preciso.
- Sim. Estava resolvendo algo.
- Hum.
- Então como vai por aqui? A mídia divulgou sobre a garota encontrada mas foi breve nas notícias. Acredito que por respeito a situação da família.
- Sim. Tentamos a todo custo deixar eles de fora para que a família possa se situar no momento. A situação é bem difícil para os pais. - respondi enquanto percebia que Bruno não estava na sala. Devia estar resolvendo algo.

- Os pais estavam perdidos no hospital. Rezaram o tempo todo. - disse Alex com pesar - Não vou esquecer tão cedo os olhares desolados deles.
- Porquê o assassino a deixou viva? Foge completamente do perfil que me passaram. Eduarda não perdia tempo.

Não deixava de ser algo que em que todos aqui questionavam.
- Não sei. - respondi.- As outras duas vítimas foram encontradas logo após morrerem. Indícios de sexo ao que parece consensual. Segundo a legista, asfixia foi a causa da morte. Não há sinais de estrangulamento.
- Rosa?
- Rosa foi estuprada. - respondi a olhando.
Ela abaixou o olhar.
- Ela pode estar respirando, mas com certeza, não está viva. - disse para si mesma.
- O que quer dizer com isso? - pelo tom de voz de Alex, não gostou do que Eduarda disse.
Ela se virou para ele com o cenho franzido.
- Ele matou as outras e pelas fotos, até mesmo as mortes foram. .. sei lá... calmas por assim dizer. Tranquilas entende Alexandre? Como se elas fossem importantes. Mas Rosa? Ela fez algo que ele não aprovou e este foi seu castigo.

Alexandre me olhou em busca de respostas.
É.
Também não estou gostando do rumo dessa conversa.
- Eu fiquei me perguntando no hospital o que Rosa possa ter feito de diferente das outras, mas não chego a lugar nenhum. Teoricamente ela se encaixa no perfil dele. Não entendo. - comentou Alice olhando confusa para Eduarda.
- Eu preciso de tudo sobre o caso. Vou falar com a legista. Tem algo faltando e quando descobrirmos poderá nos ajudar com Rosa.- ela pede para mim mas já posso perceber que sua cabeça está a mil.

Hugo estava certo. Precisávamos de um novo olhar. Filho de uma boa mãe.
- Claro. Sabe que não precisa pedir permissão pra acessar os dados, Eduarda. Alice pode responder as suas dúvidas. Ela vai te ajudar no que for preciso. Alguém sabe onde foi o Bruno? - não era do feitio dele ficar fora tanto tempo.
- Foi buscar o café da Eduarda. - respondeu Alex com um sorriso muito cretino.

Alice da um sorriso de lado.
Eduarda revira os olhos.
E estes são meus amigos.
A porta se abre e vejo Bruno com o maldito café. Meu olhar se concentra nele e ele repensa a ideia de fechar a porta. Ele não é burro.

- Está aqui o café da madame. - ele estende o café para Eduarda e volta a ficar perto da porta. Definitivamente ele não é burro.
Eduarda o observa e volta sua atenção para mim.
- Posso ver o arquivo agora?
- Pode. Alice. - não precisei falar mais nada. Alice foi em direção a porta e Eduarda a seguiu sem olhar para trás.

- Cara, sério que vai ficar me olhando assim por causa de um café? - questiona Bruno cruzando os braços.
- Nem eu estou acreditando nisso.- retrucou Alex incrédulo.
- Não queiram testar a minha paciência. - resmunguei.
- Até poderia testar, se você tivesse uma.- disse Bruno. - Cara. Relaxa. Foi só um café.
- Não foi por isso idiota. É que essa garota me tira do sério.

Alexandre deu uma risada debochada.
- E como ela fez isso exatamente? Esqueceu que nós estávamos aqui, foi? Não vi nada que ela possa ter feito pra isso acontecer.

Acabo bufando tamanha irritação. Porquê os chamo de amigos mesmo?
- Eu não sei. Só me tira do sério.
Os dois me olham por causa da resposta atravessada e começam a rir.
Rir da minha cara.
Amigos uma ova.