Capitulo 3

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Muitos me consideram um arrogante sortudo. Sou arrogante mesmo, porém sortudo; tenho minhas dúvidas.

Ralei muito pra chegar até aqui, sou sócio de uma produtora, sou roteirista e hoje sou um dos rostos mais bem pagos de Hollywood.

Meus pais são grandes empresários de Nova Iorque, minha mãe se chama Mariza Jason, ela é brasileira, casada há 41 anos com meu pai, Richard Jason. Meu pai é americano.

Nicandro é meu único irmão e melhor amigo, ele é o braço direito do meu pai na transportadora. Minha mãe sempre falou conosco em português. Fui uma criança fechada, de poucos amigos e que sempre arrumava problema na escola.

Na adolescência tudo mudou, me tornei popular e sou assim até hoje. Se antes as mulheres me olhavam; hoje elas me atacam e não reclamo.

Estou no Brasil à um dia, eu e meus pais compramos uma ilha em Angra dos Reis. Era para eu ter ido direto pra lá. Entretanto, a cozinheira e faz tudo ficou doente, então estou aqui trancado dentro desta casa, nesse condomínio. Não posso sair na rua porque não quero que saibam que estou por aqui.

Quer saber por que estou aqui?
É que ninguém sabe das nossas propriedades no Brasil, então fico livre dos paparazzi.

Na Europa estou no momento em cartaz em um filme, uma série sobre lobos que é escrita, dirigida por mim e produzida pela minha produtora. Comercial de perfume, carro e de vodka, por isso meu preço ameaçou cair. Tive que descansar minha imagem.

Passei um mês montando pistas falsas que serão jogadas para a imprensa nesses três meses que ficarei por aqui. Vou aproveitar minha estadia e avaliar melhor o mercado de cinema brasileiro, estou escrevendo um roteiro e acho que o Rio pode ser o cenário perfeito.

Nem minha "namorada" que também é atriz, sabe do meu paradeiro.
Estava tão estressado de tanto gravar e viajar divulgando, que até gostei da ideia de me ausentar apenas para descansar.

Empreguei muito bem meu dinheiro, tudo que toco vira ouro.

Vivo com dois seguranças à paisana e isso já está me enchendo a porra do meu saco. Então, de madrugada resolvi sair um pouco sozinho, para pegar um ar.

Depois de quinze minutos optei por voltar. Parei próximo ao mirante e quando eu ia descer do carro... vi que tinha uma mulher negra parada lá, desisti na hora.
Não vejo a hora de ir para nossa ilha, aqui tem negras demais. Na minha casa, nem empregadas negras eu tenho.

Estou perdido nesse pensamento quando uma moto para ao lado do meu carro e o cara do carona desce da moto agitado e falando bem alto:

— Vaza cara. Isso é um assalto, sai logo do carro Playboy.

— Tinha que ser preto. — respondi sem filtrar.

O outro fica muito nervoso, me aponta a arma e grita:

-Vamos matar logo ele.

Porra! Sai de casa para morrer no Brasil? Fecho meus olhos, penso ser meu fim e escuto uma mulher gritando. O cara bate com a arma em meu rosto e...

Sinto um toque suave em meu rosto. Sinto cheiro de sangue, mas não quero abrir meus olhos. Será que levei um tiro?
...

Quando levanto a mão para passar em meu rosto, encontro outra mão no caminho e a seguro. Na mesmo hora sinto algo, uma sensação de que está tudo bem, deve ser um anjo, será que morri?

Escuto vozes de homens perto de mim, mas não quero ver ninguém e continuo de olhos fechados para não perder contato, a sensação. Escuto umas sirenes, tento abrir meus olhos e eles estão molhados, como não quero largar aquela mão, não abro os olhos e também não limpo o rosto.

Alguém pega meu braço, eu levanto mas não largo a mão tão delicada.
Somente o abro um pouco para subir na ambulância e escuto alguém falando comigo, mas eu não presto atenção. Sinto meu rosto sendo limpo e umas pontadas em meu supercílio.

Resolvo finalmente olhar para a dona daquela mão tão delicada e que me trouxe tanta paz... Merda! Ela é negra.

Solto na mesma hora e não a olho mais. Escuto o policial falar que temos que ir até a delegacia e eu só quero que tirem essa mulher de perto de mim.

Para melhorar no carro da polícia não tem lugar. Ligo para um dos meus segurança e eles aparecem no carro que faz minha escolta. Me sento atrás com ela e me afasto o máximo possível, sem entender porque não estou tremendo.

A delegacia é perto e quando chegamos deixo ela ir na frente para manter a distância. Ela tem um corpinho... Aí! Para com isso.

Todavia, quando entramos na delegacia ela tem um leve tremor, eu percebo que ela está com um medo parecido com o que senti e isso me perturba, então sem pensar muito, seguro sua mão.

Ela vira o rosto e me olha, eu sussurro para ela ficar calma, em seguida ela baixa o olhar; mas ainda está trêmula.

Será que ela tem alguma coisa a ver com o assalto? Não, acho que não.

Um policial nos manda aguardar e percebi que eles não sabem quem eu sou. Melhor assim ou então isso aqui vai encher de repórteres.

Trinta minutos depois o delegado manda ela entrar e ela treme ainda mais.

Dez minutos depois ela saí um pouco mais calma, me olha e eu entro.

Contei tudo para ele, e ele sabe quem eu sou, mas disse que está acostumado e que é para eu ficar tranquilo que tudo ali vai ser sigiloso.

Ele me conta que foi os gritos dela que afastaram os ladrões que estavam dispostos a tudo. Resumindo; ela salvou minha vida.

Antes que eu saía da sua sala, um policial entra falando que encontrou os meliantes e que eles praticaram um assalto próximo de onde estávamos, que eles fugiram com um carro que tinha rastreador, e por isso o delegado nos manda esperar para fazer o reconhecimento.

Três horas depois ele nos libera, saímos da delegacia e quando vou oferecer uma carona o celular dela toca.

-Oi Isaque, me desculpa por favor.

Deve ser o namorado.

-Não me esqueci irmão é que estou saindo agora da delegacia.

Hum! é irmão.

-Não, graças a Deus foi só um assalto que eu presenciei.

Os olhos dela se enchem de lágrimas.

-Converse com ela por favor, eu preciso desesperadamente desse emprego.

Coitadinha.

-Tão rápido assim? Era minha única chance, droga! Quando vou conseguir ter minha vida de volta meu irmão?

Ela fala e uma lágrima silenciosa rola em seu rosto.

-Me perdoe, minha vida é um desastre mesmo.

-Não, vou voltar para a pensão, fica com Deus, eu te amo.

Ela desliga o celular e me aproximo sem saber o que dizer. O delegado falou que ela se chama Isabella e é a única coisa que sei sobre ela.

❤❤❤
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💋Beijos da Aline💋💋.

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