I - Uma garota suicida.

10.3K 508 21
                                    

Era horrível ter que sorrir a cada pessoa que passava e sorria pra mim.

Eu estava nos corredores da escola,e a cada aluno que passava era um novo olhar que eu recebia,mas isso não fazia a menor diferença.

Eu tinha os cabelos arco-iris por inteiro,além de um piercing no nariz.Eu era extremamente cheia de curvas e baixinha,o que me deixava,possivelmente,fofa.

Eu tinha uma família,claro que tinha,assim como todos tem,só que a minha é composta pelo Meu namorado,Gustavo,o inspetor dessa escola inútil,tio Carl e pela psicóloga,Marina.

Eu estudo numa escola interna,já que aos 14 anos fui deixada aqui e digamos que aos finais de semana eu tinha que passar aqui na escola,com o tio Carl,ou na casa do Gustavo.

Eu bebia,tinha sérios problemas com isso.Eu não fumava,mas já havia fumado uma vez.Eu me cortava sempre que fazia alguma coisa que considerava horrível.

As pessoas me olhavam com desgosto,claro,uma garota suicida.

Não eu não escondia meus cortes,não escondia nada que lhes mostrassem quem eu era de verdade.

Meu namorado,Gustavo,era loiro e bronzeado,sem contar o céu azul que eram seus olhos.Muitas pessoas se perguntavam o porque de ele ainda estar comigo,e a resposta era simples.Dinheiro.

Minha mãe pagava um namorado pra mim,ela mandava dinheiro pro tio Carl mesmo de longe,achando que o dinheiro tapava o buraco que ela deixou,e mesmo assim disse que fazia questão que ele usasse parte do dinheiro pra esse mérito.

Agora eu tinha um namorado,que me batia sempre que eu fazia algo errado na visão dele,ou que me humilhava,eu merecia isso?

Os professores eram todos idiotas,que achavam que alguém estava prestando atenção na aula sendo que quando se viravam de costas,todo mundo fazia a maior zona.

Todo mundo tinha amigos,eu não tinha.Isso era uma cogitação fora de questão.

Depois de sair da última aula eu ia pro meu quarto,planejar minimamente qual seria minha próxima brincadeira,sem deixar rastros de que pudesse ter sido eu.Mas todo mundo sempre sabia que era eu.

Eu já levei tantas advertências que perdi a conta,e a diretora não me suportava.Mas como minha mamãe deve estar cansada de me matricular em escolas diferentes a cada mês,ela paga pra diretora tentar por jeito em mim,como ela diz.

Eu tenho consultas com a psicóloga,Marina,todos os dias,eu também adoro ela,realmente conto tudo pra ela.Ela não me repreendia,mas sempre me aconselhava com o melhor a se fazer.E Marina era casada com o tio Carl.

Eu era chamada de arco-iris pelos dois,pela cor do meu cabelo,e sempre adorava quando me chamavam assim,já que isso me fazia íntima dos dois.

Quando eu ia até a casa deles,sempre havia um quarto sobrando,e eu tinha até uma irmãzinha,um bebê de 6 meses.A coisa mais preciosa do mundo,Beatriz.

Ah e claro,não posso esquecer-me da tartaruga,que é como se fosse da família, o Gerônimo.

Eu não era da família,mas eles me tratavam como se eu fosse,e eu sinceramente não recusava esse tipo de conforto,já que eu nunca me dei bem com a minha família e nunca tive aquele tipo de carinho.

Agora,eu caminhava até a sala de Marina,já que era hora da minha consulta diária.

-Tia Marina,posso entrar?-eu perguntei dando três socos na porta,leves.

-Claro arco-iris,entre.-Ela disse,e então eu entrei naquela sala minimamente detalhada,com toques de Marina por toda a parte.Era uma sala branca e comum,mas o sorriso que ela insistia em dar enchia o lugar de vida.

-Como vai,meu amor?-ela perguntou,tocando meu queixo com a ponta dos dedos.

-Não sei,pergunta isso pro tio Carl.Eu sou só a Kiera-eu disse me sentando em sua frente,naquela cadeira de couro horrível,mas super confortável.

-Muito bem.Andou tomando seus remédios?-ela perguntou,eu havia me esquecido,simplesmente por estar ocupada,jogando tinta nos papéis da diretora.

-Não,esqueci. -Eu disse naturalmente,evitando o olhar dela e focando em um bonequinho que ficava em cima da mesa,além de uma foto em que estava eu,tia Marina,tio Carl e Beatriz no meu colo.

-Como assim esqueceu? Sabe que são importantes.-Ela disse com um olhar repreensor pra mim,mas não era como os olhares de estranhos,que me repreendiam por ser suicida,era porque ela se preocupava comigo.

-Eu ganhei outra advertência.-Eu disse,sorrindo fraco e agora focando nela,que imediatamente mudou seu rosto para um indecifrável.

-Onde está e o que fez?-ela perguntou,deixando seu rosto ainda mais impassível que antes.

Era ela que assinava todas as minhas advertências.Ora,bolas.Eu não tenho pais.

-Aqui,e eu joguei tinta nos papéis da diretora.-Eu disse,lhe entregando uma folha com letras garrafais.

Ela assinou sem pretextos,e ao terminar me olhou uma última vez,e sorriu.

Eu amava incondicionalmente tia Marina,e não queria dar esse tipo de desgosto a ela.Ja era difícil o suficiente ter que receber aquele olhares de pessoas que claramente diziam,"Você é uma garota horrível,Guria.".Como se eu não soubesse disso.Eu não queria que todos me odiassem,eu só queria ser aceita por eles do jeito que eu sou.

Mas isso passa longe de ser uma possibilidade.

Masoque? Outra fic da tia Grier?

Isso , essa aqui é a fic que eu mais gosto de escrever,sinceramente.

Votem por favor galerinha.


É sério vota.

Beijos da tia Adrienne.

Grávida do Meu Melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora