XIII - Mais um problema.

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-Mas que caralho,eu já expliquei duas vezes a mesma história e você não entendeu ainda?-Eu gritei socando a mesa,o que fez a diretora dar um pulo e passar a me fitar.

-E eu já pedi desculpas,mas não posso ajudar.-ela disse levantando o tom e apontando pra porta,pedindo que eu saísse.

Pra sorte dela eu sou paz e amor,então eu me sentei de novo e cruzei braços e pernas.

-Olha garota,nada que você faça vai te ajudar.-Disse a velha na minha frente,pondo a mão na testa como um gesto de impaciência.

Então eu passei a segurar o ar.Respirar nunca foi muito importante pra mim,então eu o prendi.

-Meu Deus do céu,vai se matar agora?-ela perguntou,mas viu que não teria resposta.-Para com isso garota.-ela disse se alterando.-Feito Kiera,ele fica,satisfeita?-ela grita,e eu finalmente respiro e sorrio,completamente satisfeita.

-Obrigada.-Eu disse cínica e me levantei para sair.

Saí batendo a porta e me direcionei caminho ao bebedouro.

Hoje em dia não se pode fazer nada sem que alguém te observe né?

-Oi smurf.-Filipe,o enfermeiro disse entrando na minha frente quando eu me virei.

-Oi,e Smurf é sua mãe.-Eu disse me esquivando e saindo de frente dele.

Folgado,folgado e folgado.

Já disse folgado?

-Calma,missão de paz.-ele disse tomando seriedade.-Analisei novamente os fatos e já tenho um - provável - diagnóstico.-ele disse,arrumando sua postura e respirando fundo.

-Será que tem como a princesa falar logo?-eu perguntei,o lembrando que eu estava lá.

Aquela demora me deixou extremamente nervosa.Se fosse coisa boba ele falaria logo,mas hesitou alguns segundos antes de realmente olhar nos meus olhos novamente e dizer:

-Você vai ser mãe.Grávida.-Ele disse.

De repente tudo pareceu perder a cor.Não sei ao certo se fechei os olhos ou se eles tomaram vida e se fecharam sozinhos.Eu não cairia mas por via das dúvidas Filipe me segurou.Minhas pernas perderam a força e tudo na minha cabeça começou a girar.Varios minutos se passaram,até eu realmente entender o que estava realmente acontecendo.

-Como?-Foi o que consegui pronunciar antes de sentir lágrimas molharem toda a superfície da minha bochecha.

-Seus sintomas batem,mas preciso ainda assim que vá até minha sala,preciso fazer um ultrassom.-Ele disse em tom firme e eu apenas assenti,me encaminhando para a sua sala.

Me deitei naquela cama dura e senti meu coração pela primeira vez,antes do enfermeiro passar o gel extremamente gélido e gosmento na minha barriga,ainda pequena.

Meu coração estava acelerado,talvez,até Filipe fosse capaz de o escutar.Um misto de emoções se formavam em mim e eu ainda não havia redobrado os sentidos.

Ele começou a olhar aquela tela onde a parte interna do meu útero aparecia.Quanto mais demorava mais aflita eu ficava,mas logo ele respondeu.

-Não queria ser eu a dar a notícia,creio que não ficou muito feliz.-Ele começou,ponderando as palavras que escolhia.-Mas sim,você está grávida.-Ele disse e eu senti tudo apagar.

.o0o.

Acordei num quarto branco,o qual eu já conhecia bem.Passei a fitar o teto branco,que antes era fazia parte do meu hobby mais praticado,então parei pra pensar em coisas um tanto inúteis no momento.

1-Eu parei de me cortar,eu parei de tomar remédios,eu parei de tentar ser aquela garota rebelde,por uma semana mas parei.

2-Eu agora tenho uma casa,pais,irmã e até uma tartaruga.

3-Lara não fala nem se dirige mais a mim,isso foi um alívio.

4-Parei de falar com meu melhor amigo,cujo agora pode se dizer pai do meu filho.

Eu tenho a absoluta certeza que ele é o pai.Eu sou,era,virgem.Mas,como tudo aconteceu tão rápido?

Filipe,o enfermeiro idiota,entrou no quarto e com ele viram Theo e Gabi.

-Meu amor,o que aconteceu?-Gabi perguntou toda preocupada,pensando se deveria ou não encostar em mim.

Filipe saiu da sala nos deixando a sós,e,com a ajuda de Theo eu me sentei,me encostando na cabeceira da cama dura e velha.

-Olha que felicidade,eu estou gravida.-Eu disse em tom irônico passando a mão pela barriga.

-Sabe quem é o pai?-Theo perguntou,meio desconcertado.

-Tá me chamando de puta?-eu perguntei,arqueando a sobrancelha e lhe lançando o dedo médio.-É o Leonardo.

-Você tem que contar.-A Gabi disse eufórica.

-Gabriela,sabe quantos são os meus problemas maiores que esse agora?-eu perguntei.-E Theo,o que você tá fazendo aqui?-perguntei,já que estava na escola e ele não estuda aqui.

-Agora estudo aqui.-Ele disse,abraçando a Gabi de lado.

-Eu sei os problemas que você vai ter-ela disse enfatizando o problemas - eu só prefiro ver as coisas pelo lado bom.

-E qual o lado bom disso Caralhø?-eu disse,me exaltando pela primeira vez na noite.

-Você vai ser mãe Kiera,mãe.Pode dar a essa criança o que não teve da sua própria?-ela também gritou.

Como ela pode dizer isso,sendo que nem me conhece tão bem de fato? Como ela tem coragem de tocar em um assunto tão delicado?

-Gabriela,território errado.-Theo bronqueou-a.

-Quero ficar sozinha.-Eu disse,me deitando novamente e voltando a fitar aquela porcaria de teto branco.

-Kiera,eu...-ela começou

-Sai daqui,os dois.-Mandei,eles bufaram e saíram,fechando a porta atrás deles.

O teto branco,que antes era uma das minhas maiores companhias,parecia meio melancólico.Patético.

Se tem uma lista dos dias na minha vida que eu desejo que nunca tivessem existido,hoje estaria em primeiro lugar e sublinhado com caneta vermelha.

Olá meus bolinhos.

Ei eu muito feliz

É agora que tudo vai fazer sentido

Que os jogos comecem

Beijos da tia Adrienne.

Grávida do Meu Melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora