XIV - Idiota.

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Quando Filipe finalmente teve certeza do caso,ele me liberou pra ficar mais alguns dias em casa,o que foi,bom.

Eu ainda estava suando frio e me pegava absorta de qualquer assunto,preocupada demais pra ser a garota que fala demais.

Deitada no meu quarto,fitando o teto branco,parei um pouco pra pensar em como minha vida havia realmente mudado.

Eu não me drogava com vários remédios,não bebia e não me cortava,não mais.

Até um tempo atrás eu era só a garotinha suicida,e agora eu sou a garota suicida que vai ter um filho.Parece um filme.

E como se não bastasse,eu tô grávida do meu melhor amigo.

Minha vida virou de cabeça pra baixo,e o pior é que eu nem percebi.Foi tudo tão rápido.

Ouvi tia Marina me chamar e desci as escadas correndo,imaginando se Filipe teria enviado uma carta por correio contando os fatos,já que eu disse que pelo menos hoje eu não contaria nada pra eles.

No fim,era apenas porque ela queria que fizéssemos o jantar juntos,e perguntou se eu poderia cuidar da Beatriz enquanto ela fazia o bolo,a sobremesa.

Peguei a Beatriz eu meu colo e a observei longos segundos,imaginando se um dia eu teria que assumir essa mesma posição,só que com um filho.Beatriz era linda,traços delicados e finos,seus cabelos pretos e macios,seus olhos meio verde meio castanho.

A campanhia tocou,e eu agradeci por Seja lá quem for ter me tirado daquela criança,eu iria entrar em colapso nervoso se visse outro bebê.

Gerônimo estava ao lado da porta e tive que o pegar no colo,porque se eu fosse o esperar sair eu ficaria ali até amanhã.

Abri a porta,e como muitas vezes na vida,mudei minha opinião em incrivelmente um segundo.

Senti braços largos me apertarem,fazendo com que minha coluna dobrasse.Seu calor imediatamente tomou conta do ambiente e,do meu corpo.Não correspondi,não antes de ouvir.

-Eu preciso de você,sinto sua falta.-Leonardo disse encaixando seu rosto na dobra do meu pescoço e me puxando ainda mais contra seu peito.

Parece que,quando tudo vai mal,tem como ficar ainda pior.

Aos poucos me afastei,quando cenas daquela maldita manhã começaram a aparecer na minha cabeça como Flashbacks.

Ele me olhava,isso foi o suficiente pra mim ficar vermelha e o chamar para entrar,a hora havia chegado.

Ele entrou e eu fechei a porta,Gerônimo já estava no chão e andava lentamente até a cozinha.Respondi a tio Carl que era só o Leonardo e disse que ficaria um pouco na sala.Me perguntava se eles imaginavam se éramos namorados,e só a idéia já me dava calafrios.

-Você sumiu.-Ele disse,ainda me olhando mas agora sem aquele sorriso torto.

-Tive motivos.-Com certeza minha cara também estava impassível,já que esse não era um dos assuntos mais confortáveis.

-Pode me dizer quais?-ele perguntou,como se adivinhasse que o maior deles teve a ver com ele,era com ele.

-Leonardo eu..-parei um pouco prendendo a respiração por um tempo-Lembra daquela noite?-Eu perguntei e depois de ponderar a idéia sobre dizer sim ou não ele assentiu-Eu comecei a sentir umas coisas estranhas depois daquela noite.Então eu fui ao medico,e ele não teve diagnóstico de imediato,mas depois de checar os fatos novamente,ele chegou a uma conclusão.

Leonardo ouvia tudo atentamente,com certeza não tinha idéia do que eu estava falando,por mais que interfira na vida dele.

Não correspondi o seu Abraço por vários motivos,entre eles porque eu estava magoada.Quanto tempo a gente ficou sem falar,e justamente agora,que eu descubro que tem um pedaço de gente na minha barriga e que é filho dele,ele resolve vir falar comigo.

Grávida do Meu Melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora