II - Garoto novo,novas possibilidades.

7K 414 44
                                    

Eu não via Gustavo todos os dias,já que haviam os dias em que nenhuma de nossas aulas se encaixavam.E ele também não fazia questão de me ver,então eu ficava no quarto,jogando no celular ou criando novos motivos para advertência.Outro problema era minha parceira de quarto,Gabriela,que insistia em sorrir e em mostrar como a vida era apenas flores.Flores murcham.

Eu estava deitada em minha cama,olhando o teto branco do quarto,que tinha uma pintura que já descascava e que era horrível.Meus fones no último volume ajudava para que eu não tivesse que me socializar com as pessoas que Gabriela trazia pro quarto,seja seu namorado ou qualquer outra pessoa que ela quisesse que eu me enturmasse.

Eu queria amigos,mas queria amigos que falassem comigo por querer falar comigo,não porque alguém os empurra pra cima de mim.

Saí do quarto e não passei o repelente para olhares com desgosto,olhares frios e vazios.Não estava imune a eles,e isso me doía por dentro.

Fui até o Tio Carl,que estava encostado em uma parede,observando alunos passarem em frente a ele.

Apenas cheguei e o abracei,uma das coisas esseciais do meu dia a dia.

-Porque me olham assim,tio Carl?-eu perguntei,tentando soar o mais firme possível.

-Porque as pessoas são horríveis por dentro,menina.Elas preferem contar seus defeitos,em vez de perceberem suas qualidades.-ele disse e eu permaneci em silêncio,me posicionando ao seu lado e parando para observar os alunos passarem.

-Eu não entendo,nunca fiz nada a eles.-Eu disse em um tom mais baixo,como se alguém fosse ouvir.

-Ao olhar deles você é uma garota suicida,arco-iris.-ele disse sem me olhar,e agora com um sorriso no rosto,como se soubesse que era verdade.

E era verdade.

-Desculpa tio Carl.-eu disse calma,se tem uma coisa que eu odeio mais do que pessoas é pedir desculpas pras pessoas.

-Pelo que,querida? -ele perguntou, finalmente direcionando seu olhar a mim.

-Acho que o senhor gostaria de conhecer alguma garota mais formal e normal.Eu sou uma adolescente de 16 anos,e mesmo assim as pessoas põe tantas cargas nas minhas costas de uma vez só,é tão difícil suportar.-Eu disse me desencostando da parede e saindo andando rapidamente,sem esperar respostas.

Não havia respostas para aquilo.

Caminhei até meu quarto novamente e agora já não havia ninguém lá,ninguém a não ser meu querido namorado.

-oi-ele disse frio,enquanto esperava que eu entrasse e me sentasse.Como eu não respondi ele prosseguiu.-Vim conversar.

-Sobre?-eu perguntei,brincando com meus fones,que agora balançavam sobre meu pescoço.

-Vim terminar com você,não dá mais.-ele disse,com o rosto sem expressão alguma.

-E alguma vez deu pra você,Gustavo?-eu disse,tentando atingir o mesmo tom que ele.

-Não,porque você sempre foi inútil,né Kiera?-ele perguntou reprimindo um sorriso.

-Ou porque talvez você fosse um inútil e nunca despertou meu interesse.-Foi o que eu disse,antes de sentir uma ardência enorme no rosto,devido a um tapa.

Ele saiu do quarto,me deixando ali,sentada na cama.O que eu poderia fazer? Eu sou fraca,afinal.

Olhei para o meu celular,que como se me encarasse me deu forças para levantar lentamente e seguir para o banheiro,onde eu tirei a capinha do iphone e encontrei o tesouro.

As lâminas.

Abri novamente os buracos que já haviam se fechado,eu sempre os abria.

Tomei cuidado ao guarda-la,quando percebi que Gabriela já havia entrado no quarto e não poderia demorar a sair do banheiro.

Sorri uma última vez,como que treinando um sorriso que não desse na cara,"Oi, eu estou morrendo.".

-Oi Kiera.-ela disse,sorrindo de orelha a orelha.

-Oi,Gabriela.-eu disse,me jogando na cama e mais uma vez me pondo a encarar essa porcaria de teto.

-Já conheceu o garoto novo?-ela perguntou,e então eu me sentei novamente.

-Não,nem ouvi falar,quem é?-eu perguntei interessada,a tempos não haviam alunos novos.

-Leonardo,um garoto que adora arrumar confusão.-Senti que meus olhos brilharam ao cogitar a possibilidade de mais alguém me entender aqui.Afinal,eu não fazia por mal,eu só queria atenção, como dizia tia Marina.

Saí do quarto e fui em direção ao refeitório,peguei um doritos e uma Nutella,e me direcionava ao quarto novamente enquanto tentava abrir a Nutella,que inutilmente não conseguia.

Quando percebi já estava no chão,e o pote também,e mais alguém a minha frente,com a expressão irritada.

-Caralho,olha por onde anda Garoto.-Eu disse,passando mão pela testa que batera com a dele.

-Por que você não olha?-ele disse,sustentando seu olhar ao meu.

Ele não me olhava como aquelas pessoas,ele me olhava como se eu fosse normal.

Nós então nos levantamos e nos olhamos novamente.Ele pegou o pote da minha mão e abriu,com a maior facilidade,deve ter percebido a vermelhidão da mão por tentar abrir.

-Leonardo,prazer chiclete.Posso saber seu nome?-ele perguntou,quando eu já me direcionava ao quarto novamente.

-Nos vemos por aí,garoto.-eu disse o olhando por cima do ombro.

Legal,mais um idiota que não é idiota.Eu estou oficialmente ferrada.

Capítulo saindo quentinho do forno,que delícia

Alguém mata o Gustavo e deixa o Leonardo na terra?

Votemmmm

Beijos da tia Adrienne.

Grávida do Meu Melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora