Grávida do Meu Melhor Amigo

XVI - Irritante e impassível.

-Você é irritante.-Leonardo repetia enquanto eu dizia que queria que ele fosse embora da minha casa.

Ficar com ele mais do cinco minutos é uma tarefa extremamente perigosa.

Nenhum de nós dois sorriamos,talvez pelo fato que o clima não era mais tão agradável entre nós.

Ele assumiu o cargo de pai,mesmo que a contragosto,faltava eu assumir de mãe,mas isso era pedir demais.

Com 4 meses,eu já não comia nada e meu cabelo apresentava a raiz preta.Não posso pintar o cabelo,não posso beber,não posso fumar,não posso tomar remédios fortes.Não posso fazer nada.

Eu queria que as coisas fossem mais fáceis pra mim,de repente,uma vida normal.Mas isso está tão fora do meu alcance que eu julgo ser impossível.

-Sua barriga cresceu.-Leonardo disse,enquanto tirava a mesa do café da manhã.

-Talvez porque um pedaço de gente se projete aqui dentro.

-Você é tão difícil.

-Eu sei,é meu jeito.

-Seu jeito é difícil.

-E você é ignorante e irritante!-Exclamei me levantando do sofá.

-Onde vai?-Leonardo perguntou quando fui pro quarto e voltei com outra roupa.

-Te interessa?

-Deixe de ser irritante.

-Eu só não te suporto.

-Também te amo.

-Também.

-Me ama?

-Me amo,claro-Eu disse Pegando meu celular e abrindo a porta.-Vou até o mercado comprar sorvete,Beijo.-Eu disse já tomando meu rumo.

O dia em que contei pra tia Marina e tio Carl sobre a gravidez ainda estava fresco na minha mente,todas as palavras ditas e expressões preocupadas.

-Como assim?-Tia Marina gritava e se levantou do sofá.

-Nos explique melhor isso Kiera.-Foi a vez de Carl pronunciar seu nervosismo.

Ouvir ele me chamar de Kiera talvez foi pior do que qualquer outra coisa.

Expliquei a eles a situação,que prestavam atenção e de vez em quando pronunciavam alguma pergunta,nada que se respondesse com uma resposta que não fosse monossilábica.

-E o que pretende fazer agora?-tia Marina andava impaciente pela sala.

Beatriz dormia,não sei como gritos não a acordaram de seu sono tão profundo.

-Não sei.-Eu respondi sincera.

-Nós vamos nos mudar,pra longe daqui.-tio Carl disse,o que foi o suficiente pra fazer meu queixo virar um O perfeito.

-E pra onde iremos?-Eu perguntei,já me encontrando num estado deplorável.

-Qualquer lugar.E o garoto vai conosco.

-Carl,ele não pode deixar os compromissos dele aqui pra ir comigo,por puro capricho.

-Não é capricho.O compromisso dele agora é com o filho dele.

-Não foi nossa culpa.

-Tudo bem Kiera.Eu entendo isso.Mas nós iremos nos mudar.Discussão encerrada.

Depois disso,nós quatro tiramos licença da escola,deixando pra trás tudo de importante.

Tio Carl e Tia Marina deixavam um trabalho de anos.Amigos e várias outras coisas também ficaram pra trás.

Leonardo deixava os estudos e uma vida de um adolescente normal,por uma vida totalmente conturbada.

Agora,morando juntos,brigávamos o dia todo e todos os dias,éramos como cão e gato em pé de guerra.

Tio Carl e Tia Marina pareciam já terem se conformado com a situação que nos encontrávamos.Não tocavam no assunto daquela noite,apenas palavras sobre o bebê,as vezes perguntas como "já pensaram no nome?".Mas que no fim acabavam sem resposta.

Eu ainda não me conformava com isso,quanto mais pensava no nome da criança.Ainda era demais pra mim.

Leonardo sempre respondia todas as perguntas as quais respostas monossilábicas cabiam perfeitamente,do mesmo modo que eu evitava perguntar qualquer coisa á ele.

Tínhamos camas separadas,dormíamos no mesmo quarto.Moravamos num vilarejo bem afastado de casa,e de fato perdemos qualquer relação com amigos ou conhecidos,ou até mesmo qualquer puta que Leonardo pegava pela noite.

Eu evitava sair do quarto ou de casa.Minha barriga já mostrava uma saliência considerável pra qualquer um saber que se tratava de uma gravidez,o que era um incômodo.

Ali,nas ruas calmas e pouco movimentadas do vilarejo,rumo ao mercado por puro capricho de uma grávida que sentiu vontade de tomar sorvete,eu estava.

Era um vilarejo bonito e bem cuidado,sempre haviam festivais ou motivos para comemorar,dos quais eu nunca participava quanto mais Leonardo.

Chegando no mercado,peguei um sorvete de passas ao rum e outro de flocos.Coisas simples que satisfaziam uma garota de 17 anos com uma barriga enorme.

Voltando pra casa percebi que agora,eu já não recebia olhares por ser a garota suicida,mas sim por ser tão nova e já carregar tal peso sobre minha barriga.Com certeza me consideravam uma vadiazinha qualquer.Era um vilarejo pequeno,de modo que as notícias corriam por todo lado,então era fácil saber que todos já sabiam da presença da nova garota,grávida.

Eu agora terminava meu ano numa escola normal,onde por acaso do querido destino tiveram que matricular Leonardo junto comigo.

Mariane,a garota responsável pelo Leonardo,que era tipo uma babá que só lê revistas e fofoca com as amigas no celular enquanto o garoto cujo está pra ser cuidado faz o que der na telha,morava conosco,mas só ficava no quarto em ligações o dia todo.

A escola era razoável,de modo que eu até gostava de estudar ali.Era um lugar calmo,assim como o restante do vilarejo,e as pessoas não me olhavam feio,talvez nem me olhassem de fato.

-Finalmente a princesa chegou.-Leonardo disse jogado no sofá quando eu abri a porta e adentrei a casa.

Por fim,a casa também era ótima,talvez melhor que a nossa mesmo.

-Não te devo satisfações né?-eu disse indo até a cozinha.

Ele veio,pegou um copo d ' água e se escorou na porta,me fazendo encara-lo.

-Hoje vai ter outro festival.

-Não me importa.-Eu disse,seca e sincera.

Nunca fui fã de festas ou qualquer coisa que representasse pessoas bêbadas e tarados me rodeando,ou jogados no chão.

-Poderíamos ir.-Ele tentou novamente.

Sempre que algum assunto rolava era ele quem se pronunciava.

Admitir em voz alta me doía,mas eu com o passar dos meses havia me tornado ainda mais irritante e impassível que antes.

No fim,apenas acenei com a cabeça e peguei o pote do sorvete,me deixando ficar ali até dar a hora do festival.

Olá meus bolinhos

AHHHHHHHHHHHHHH ELES VÃO SAIR JUNTOS

Parece que um novo Otp surge por aí

Beijos da tia Adrienne.