VII - Poxa Gustavo.

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Incessantemente eu balançava meus pés de um lado pro outro.Onde eu estava?

Na sala de literatura.

Haviam policiais na escola,que merda.

No fim eu descobri que era proerd.

Proerd é o programa,proerd é a solução,lutando contra as drogas,ensinando a dizer não.

Ok,foco.

Eu me sentei longe do Leonardo,porque eu não queria que ele desse bola fora e comentasse sobre ontem perto da Gabriela.Isso seria fatal.O pai dela é militar.

Eu então, me sentei com a Gabriela,que sempre prestava muita atenção na aula.Eu,inexplicavelmente era boa em todas as matérias,menos educação física.Eu,digamos que,sempre que alguém me estressava eu acertava a bola na cara da mesma.Bipolaridade é fogo.

Ok,focando.Eu estava mais uma vez bolando alguma coisa pra me divertir.Eu estava sem idéias,e isso era péssimo.

Fiquei a aula inteira pensando nisso,e isso acabou me rendendo folhas de caderno em branco.Brincadeira,nunca tinha nada no meu caderno.

Percebi o quão minha mente estava brincando hoje,isso é felicidade?

Não,não é.

Eu estava tão afim de sair da escola,porque a cada minuto que eu passava aqui eu me sentia mais pressionada,e a cada novo olhar que eu recebia,eu sentia mais falta das lâminas.

Depois que o sinal bateu,eu fiquei em frente à porta da diretora,esperando que ela saísse.Surpreendente.Ela saiu uns 3 minutos depois,que mulher ocupada.

Entrei pé por pé na sala dela,e sorri ao perceber que as chaves do carro dela estavam num painel ao lado da mesa dela.

Peguei as chaves e sai da sala,imediatamente voltando pro meu quarto.Mas ao abrir a porta percebi que foi um erro.

Olha o que o destino jogou em mim e disse "pega".O Gustavo.

-Oi,Kiera.-ele disse,coçando a nuca.Ele estava lindo,como sempre foi.Ainda bem que beleza nunca foi um ponto que eu me importasse.

-Que que é?-eu perguntei,me sentando na beirada da cama da Gabriela,enquanto esperava pela sua resposta.

Ele pareceu meio envergonhado,e quanto mais ele enrolava pra dizer mais minha intuição dizia pra mim jogar ele a pontapés desse quarto.

-Eu...Ainda te amo.-ele disse,agora focando em minhas iris verdes e eu em suas azuis.

Aquela imensidão azul me fez lembrar do mar,e eu podia ver barquinhos flutuando neles.

-Como é que é?-eu perguntei confusa.-Agora você me ama? Seu amor dá pausas?-eu perguntei,e continuei com a mesma expressão impassível.

O cara joga um monte de coisa na minha cara,me chama de inútil e ainda por cima vez dizendo que me quer de volta?

-Olha Gustavo,eu gostava muito de você,até você pegar a única coisa viva em mim,meu coração,jogar no chão e pisar em cima.Ainda espera que eu volte?-eu perguntei,já sentindo a ponta do meu nariz arder,além de minha visão embaçar.

-Desculpa,eu estava mal naquele dia.-Ele disse,mais uma vez coçando a nuca de forma desajeitada.

Eu queria aceitar.Por mais que ele não fosse o namorado perfeito,eu não era alguém que poderia desejar isso.Eu era errada e problemática,complicada e marrenta.Eu mereço alguém que tente abrir meus olhos,assim como Gustavo tentava fazer.Afinal,eu sou apenas uma garota de 16 anos,eu deveria vive mais,estou ciente disso.

-Então é assim,sempre que você fica nervoso ou mal com alguma coisa você desconta em mim?-Mas apesar de tudo,eu compliquei ainda mais a situação,era um dom que eu tinha.

-Desculpa pequena,eu prometo melhorar,eu prometo te ajudar.-Ele fala como se fosse fácil ajudar alguém suicida.Pois bem,eu sei que não é,porque nem eu mesma consigo me ajudar.

-Gustavo,tenta não complicar as coisas.-Eu disse abaixando a cabeça e cerrando os punhos.Já sentia minha visão ficar embaçada por conta de lágrimas,das quais eu não queria deixar que caíssem.

-Por favor,Kiera...-ele disse segurando meu rosto entre suas mãos gélidas.E então selou nossos lábios em um beijo calmo e salgado,por conta das lágrimas que insistiam em cair.

Eu era mesmo tão fraca.Tão fraca que não conseguia dizer um simples "não".Porque eu não queria,mesmo depois de tudo o que ele fez,mesmo que ele nunca tenha sido um namorado de verdade,eu sempre gostei dele.Mas é como se o fogo tivesse se apagado,eu não sentia mais aquele sentimento puro por ele,era só uma atração física,uma coisa fútil.Eu tinha razões pra não aceitar,eu não queria brincar com ele como ele brincou comigo.Eu sabia que aquele sentimento já tinha ido embora,porém,não sabia o que tinha causado tanta mudança no meu coração.

-Minha mãe...Ainda te paga pra ficar comigo?-eu perguntei afastando-o levemente com a mão.

-Ela quer me dar o dinheiro,mas eu recusei quando ela ofereceu.Eu gosto de você de verdade,muito mais do que um dinheiro pode comprar.-Ele disse focando em meus olhos,por mais que eu não mantivesse meu olhar nele por mais de 15 segundos.

-Gustavo..Eu já passei por tanta coisa...Meu coração já foi machucado tantas vezes...-Eu disse sincera.

Não era fácil pra mim.Depois de tanta coisa eu descontar em mim mesma.Cortes,bebidas,casas arrombadas,eu só queria poder dizer que era uma adolescente normal,que poderia ir à um mercado ou a uma farmácia sem ter que usar aquelas blusas e moletons. Por mais que eu não quisesse esconder nada que mostrasse que eu era sim uma garota problemática,eu sempre quis que me olhassem como uma garota normal.Eu não queria aqueles cortes abertos no meu braço,mas aquele vício se tornou tão importante pra mim,que é como se eu vivesse dele.

-Gustavo...Eu aceito.-Eu disse,deixando que a emoção vencesse a razão.Mais uma vez,eu fui desprezível.

Olá meus bolinhos.

Alguém pelo amor de Deus ajuda a Kiera

Beijos da tia Adrienne.

Grávida do Meu Melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora