-Outra advertência Kiera,e agora com suspensão de brinde?-Tio Carl me perguntou preocupado.
Eu estava na diretoria,com tio Carl e Tia Marina ao meu lado,e mesmo assim eu só conseguia fitar os olhos castanhos e sem cor da diretora,que me desafiava a cada segundo naquela sala ridícula dela.Combinava com ela.
-Não vai dizer nada meu amor?-tia Marina me perguntou,mas não como repreensão,como eu sei que qualquer um faria,e sim com um aspecto preocupado.
Vendo que não teriam resposta,tio Carl assinou a advertência e pediu licença para que saíssemos da sala.
-Meu amor,se sente aqui.-tia Marina pediu quando chegamos a sua sala,então eu fiz como pediu e me sentei naquela poltrona de couro horrível.
-Arco-iris,veja,você já foi expulsa de 4 colégios esse ano.Estamos no início de maio e você já foi expulsa de 4 colégios.Porque é tão rebelde assim,arco-iris?-Tio Carl perguntou,acariciando minhas bochechas.
Poxa,eu queria atenção,e era isso que eu recebia nesse momento,então porque o vazio não foi embora?
Entendo,é porque eu machuquei pessoas importantes pra mim,só pra alcançar aquilo que eu acredito que chegue perto da felicidade.
Eu sou mesmo uma inútil.
-Desculpa tio Carl.Mas quando eu vou pra escolas novas,eu sempre imagino como seria se as pessoas lá presentes me olhariam como se eu fosse uma deles.Mas isso é só no começo,depois tudo se torna igual a antes,os mesmos olhares e murmúrios sobre mim,pessoas evitando ficar perto e temendo que só por eu ser uma garota suicida,isso possa os contaminar.Não acha que é muito cargo pra uma garota de 16 anos?-eu despejei tudo de uma vez,deixando que as lágrimas guardadas a um tempo molhassem a camisa do tio Carl,que agora me acalentava em seus braços juntamente a tia Marina.
-Nunca pense que é um fardo pra nós,minha menina.Você e a Beatriz são as melhores coisas das nossas vidas.-tia Marina disse,sorrindo fraco pra mim e passando suas mãos pelos meus cabelos.
-E é por isso que nós queríamos te fazer um pedido.-tio Carl disse,antes que eu pudesse protestar dizendo que Gerônimo também deveria entrar na lista.
-Qual é?-eu perguntei,já me acalmando e finalmente parando de chorar.
-Bem...Você é menor de idade.E nós te amamos muito,querida.Então o que acha de em vez de tio e tia,poder nos chamar de pai e mãe?-Tio Carl perguntou,enquanto tia Marina afagava meus cabelos,que eu insistia em pentear apenas duas vezes por semana.
-Eu vou morar com vocês?-perguntei,ainda digerindo as informações.
Claro que eu aceitaria,eu sempre quis ter pais,sempre quis poder chamar alguém de pai e mãe,mesmo que para me acostumar com um novo nome para eles fosse demorar um tempo.Eu os amo mais que tudo nesse mundo,e cara,eu teria uma irmã e uma tartaruga de brinde.
-Nada contra seu...-tio Carl começou a falar,mas antes mesmo que ele terminasse eu já abraçava os dois.Eles riam a choravam ao mesmo tempo.Eu me contentava em chorar,lágrimas de felicidade que a tempos gritavam que precisavam surgir.
.o0o.
Naquele próximo final de semana,fomos a um tribunal e eles pediram minha guarda.Eles disseram que havia um monte de papelada a ser desenrolada,que havia o voto de qual família eu queria,e depois de tudo eles convocariam minha mãe e meu pai,e perguntariam se cederiam a guarda.
Depois de dar dois passos na lista,sobrava apenas a conversa com meus pais,e eu não os via há muito tempo.Entramos numa sala,onde na verdade só eu pude entrar.E então notei a presença de meus pais ali.
Meus pais.
Bufei e me sentei.Eles continuavam os mesmos ridículos de sempre.Minha mãe continuava com seus fios loiros minimamente cuidados e tatuagens por todo o corpo,e como sempre mascava um chiclete.Já meu pai possuía os cabelos pretos e menos tatuagens que mamãe,mas sempre andava fedendo a cigarros,o que realmente me lembrava um passado horrível.
-Filhota.-Minha mãe fingiu alegria assim que me sentei na cadeira dura e vazia em frente a eles.
-Nem vem com essa,estamos a negócio.-eu disse sem ânimo.-eu já aceitei morar com meus pais de verdade.-eu disse brincando com a capinha do meu celular.
-Mas sempre fomos nós que te bancamos, o que eles te deram que nós não?-meu pai perguntou,me fitando calmamente e com o semblante sério.
Então eu estourei,outro ataque de bipolaridade.Soquei a mesa e me levantei,ficando frente a frente com os dois,que se levantaram juntamente a mim.
-Vocês acham que o dinheiro compra tudo?-Eu gritei,dando outro soco na mesa.-Eles me deram uma coisa sim,uma coisa que eu nunca recebi de vocês.Amor.Já ouviram falar? Pois é,sabem como esses tempos foram difíceis pra mim? Ah não,vocês nao sabem.Mamãe ocupada com sua carreira de modelo de revista de rock e papai com seu emprego de empresário.Sempre pagam pessoas pra que a filhinha problemática deles não saia na imprensa.Vocês são tão ridículos.-Cuspi as palavras neles,que por sua vez não mudaram suas expressões,continuaram impassiveis e sérios,deixando tudo com um toque mais medonho.
-Muito bem garota.Mas nunca venha nos dizer que prefere o dinheiro Ok? O amor machuca,Kiera.Ele te faz feliz e então tira tudo o que te deu,pra ver você cair e chorar,ou até se cortar.-ela disse cínica.
-Fique tranquila mamãe,o amor dos meus pais não vão me machucar,e sim cuidar do machucado que vocês fizeram.-Eu disse,levantando ao máximo o queixo,como que para me sentir importante.Ela então assinou o papel que finalmente me tornaria filha de alguém,e saíram de mãos dadas,sorrindo com desgosto.
Olá meus bolinhos
Alguém me ajuda a matar os pais da Kiera? Os biológicos porque eu amo o tio Carl e a tia Marina.
Perguntinha:Vocês estão lendo de manhã,tarde ou noite?
Beijos da tia Adrienne.
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Grávida do Meu Melhor Amigo
Teen FictionKiera,uma garota que quer atenção e pra isso recorre aos piores métodos. Se corta,bebe,invade casas,e faz com que todos ao seu redor não aguentem mais sua presença. Sua única família é o inspetor da escola,a psicóloga e Gustavo,o namorado que sua mã...