-Onde iremos?-Eu perguntei.
Ele não respondeu.
-Você é bipolar.
-E você irritante,não reclama.-Ele disse,emburrado.
Eu estava mais concentrada no meu pirulito de cereja.
-Tá demorando.-Eu disse.
Por mais que a voz dele fosse inconveniente em certos momentos,o silêncio era pior em outros.
-Cala a boca.-Ele disse,puxando seus cabelos.
Ele parou o carro,pegou meu pirulito e saiu.
-Ei, meu pirulito.-Eu disse indignada.
-Preço da passagem tá caro.-Ele disse,pondo as mãos no bolso e andando até um bar.
-Você me tirou,da minha festa de aniversário,pra vir num bar?-Eu perguntei,ainda mais indignada.
-Seu pai nunca me deixaria sair sozinho.
-Você é patético.
-E você é chata.Eu não vim beber cacete.
-Verdade,veio comprar carne.-Eu disse irônica.
Ele revirou os olhos e pegou minha mão.Entrou numa sala na parte de trás do bar.Soltou minha mão assim que fechou a porta.
-Leonardo,quanto tempo.-Uma garota estranha disse.
Magra,loira,cheia de tatuagens e piercings,porém muito bonita.
-Oi Mary,pois é faz tempo que eu não venho pra esses lados.
-E a garota?-Ela perguntou como se eu não estivesse ali.
Leonardo me encarou por um tempo,pegou minha mão novamente.
-Minha noiva.-E lá vamos nós de novo.
Eu já tinha aprendido a fingir a muito tempo.
-Espera,Leonardo preso a uma garota?-A menina,Mary,perguntou.-Prazer eu sou Mariane.-Ela disse sorridente.
-Kiera.-Eu disse com um sorriso amarelo.
-Vejo que já ganharam um presente.-Ela disse olhando pra saliência na minha barriga.
5 meses,barriga enorme.
-Pois é,nós não poderíamos estar mais felizes.-Leonardo disse,com o sorriso mais falso do mundo,mas só eu percebi.
Quase soltei uma gargalhada ao ouvir.Ele sabia que nem ele e nem mesmo eu estávamos felizes com isso.Nós ainda não queríamos a criança.Muito menos cuidar dela.
-Fico feliz por vocês.Mas então o que vai ser hoje?-A garota perguntou.
Olhei pro Leonardo confusa,já com receio de onde eu fui me meter.
-Eu quero fazer uma tatuagem.E ela também vai.-Leonardo disse,com uma calma quase contagiante.
O olhei,perpétua pelo que eu acabei de ouvir.
-Eu? Tatuagem?-Perguntei,com uma sobrancelha arqueada.
-Você vai fazer comigo.-Ele disse,já se sentando na cadeira macia.
-Leonardo,Carl nunca deixaria...-Eu disse.
Carl me mataria se me visse com o corpo manchado com tinta.Marina nunca me perdoaria.
-Tudo bem.Eu converso com ele depois.-Ele disse.-Senta aí amor.-ele completou.Sorrindo.
Isso com certeza é patético.
Me sentei na cadeira,ainda contrariada,e fiquei olhando as opções.Procurei,procurei,procurei e nada.
Escolhi escrever algo,escrevi Carl e Marina em um lado do ombro e do outro escrevi Beatriz.
Leonardo fez uma bola de futebol.Mano,isso foi demais pra mim.
-Leonardo,que porcaria.-Eu disse,encarando a tatuagem que ele fez.
A agulha me perfurava cada vez mais,era como uma lâmina.A dor era extâsiante por um momento,e dolorosa em outro.
-Faltou escrever meu nome aí.-Ele disse,encarando meus ombros nus agora rabiscados.
-Até parece.Isso faria mal ao bebê.-Eu disse rindo alto.
-Você pinta o cabelo.Isso faz mal ao bebê.-Ele disse cínico.-Escreve meu nome aí.
-Tanto faz,eu já to toda rabiscada mesmo.-Eu disse,dando de ombros.
Ela escreveu os quatro nomes,e fiquei feliz quando finalmente acabou.
Olhei o resultado,ficou muito bom.Ela escreveu os nomes em um símbolo do infinito.
Quando olhei Leonardo de novo,sua tatuagem já havia terminado.Não era uma bola de futebol,era uma criança jogando futebol.
-Porque?-Eu perguntei,confusa.
Nunca tinha visto ele jogar futebol antes,nem mesmo comentar sobre o esporte.
-Quando eu era mais novo,jogava futebol todos os dias com meu avô.Ele era a única pessoa que eu tinha,mas morreu.-Ele disse,cabeça baixa e mãos no bolso.
Parei de andar e esperei que ele parasse também,quando ele parou eu o abracei.
Eram raros os momentos em que Leonardo demonstrava compaixão ou qualquer tipo de afeto por alguma pessoa.Leonardo é uma pessoa fechada pro mundo,e eu só o vejo todo carinhoso quando se trata de mim.Ou até mesmo Gabriela.
Entramos no carro depois que nos desvincilhamos e voltamos pra casa.A festa já havia acabado e agora só estavam Carl,Marina,Beatriz,Gabriela e Theo.
-Vocês demoraram.-Carl disse,nos olhando desconfiados.
Eu intercalei meu olhar entre o Leonardo,que me olhava aflito e Carl,que ainda mantinha seu olhar firme sobre mim.
No fim,tirei os fios azuis do ombro e os segurei como em rabo de cavalo.Quando me virei de costas,percebi o pequeno soluço que todos deram.
-Kiera.-Marina disse,meio assustada,meio emocionada.
Carl se manteve firme,não por muito tempo.
-Minha menina.-Ele disse,me puxando pra um abraço.
Eu pensei que ele me mataria,mas se emocionou por eu ter escrito o nome dele.Surreal.
Leonardo observava calado,postura rija e olhar calmo.
Marina já se juntara a nós no Abraço e Gabriela segurava Beatriz,junto com Theo que a fazia rir,uma risadinha gostosa.
-Eu te amo.-Marina disse,é percebi uma lagrima solitária escorrer.
Puxei os outros quatro parados ali pro abraço,já tô na chuva mesmo né.
-Eu amo todos vocês.-Eu disse,tentando soar fofa,o que pra mim é particularmente difícil.
Olá meus bolinhos.
Eu amo esses dois.
Beijos da tia Adrienne.
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Grávida do Meu Melhor Amigo
JugendliteraturKiera,uma garota que quer atenção e pra isso recorre aos piores métodos. Se corta,bebe,invade casas,e faz com que todos ao seu redor não aguentem mais sua presença. Sua única família é o inspetor da escola,a psicóloga e Gustavo,o namorado que sua mã...