III - Uma brincadeira,uma advertência.

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As lâminas consequentemente não eram uma boa opção,e mesmo assim eu sempre optava por elas.

Acabei tendo que ir pra enfermaria,já que a dias eu só comia besteira.E digamos que cortes não ajudam muito.

Apenas Tio Carl e Tia Marina vieram me ver,bom,isso no período da manhã.A tarde eu recebi uma visita meio inesperada.

-Oi pequena.-Leonardo disse passando pela porta,seu tom de voz era baixo e ao mesmo tempo de gozação.

-Ah,qual é,eu tenho 1,60.-Eu disse em protesto,já conheci pessoas menores que eu,apesar de mais velhas.

-Você não é a garota marrenta? Como veio parar aqui?-ele perguntou sorrindo de lado,deixando suas covinhas á mostra.

Não pude deixar de negar que ele era bonito.

-Acho que eu sou marrenta demais pra entender que me cortar é errado.-Eu disse,focando no teto como sempre fazia.Eu não aguento olhar nos olhos de uma pessoa por mais de cinco minutos.

-Você é forte.Não devia se cortar.-ele disse,agora focado em meus braços.

-Como sabe? Nem me conhece.-Eu disse,focando novamente em seus olhos negros.Assim como ele fez com meus olhos verdes.

-Seus olhos conversam comigo.Eles me dizem o quão você é forte.Eu acredito neles.-ele disse dando de ombros.Fiquei quieta por um instante.Respirei fundo algumas vezes e mais uma vez sustentei seu olhar.

-Nem sempre eles dizem a verdade.Porque confia tanto neles?-eu perguntei,tentando me sentar.

-Veja bem,o que os meus dizem a você?-ele perguntou me encarando e sorrindo.

Senti uma sensação estranha quando ao olhar em seus olhos eu desci o olhar até sua boca,desviando na mesma hora e corando violentamente.

-Vejo que você é um idiota que sempre diz isso a todas que tromba em um corredor.-Eu disse e me arrependi no instante em que ele se levantou.

-Ora,eu não tenho amigos.-ele disse se encaminhando até a porta.-Será que pode se encarregar de tal cargo?-ele disse me olhando uma última vez por cima dos ombros e saindo,fechando a porta atrás de si.

Fiquei por um tempo observando a porta e pensando no que ele disse.A muito tempo eu não tinha amigos,era difícil pra mim.Saber que mesmo as pessoas me julgando e me olhando como se eu fosse um monstro,havia alguém que me olhasse diferente.Será que quando ele perceber o quão horrível eu sou ele se afastará?

Era isso que me afastava de muitas pessoas,pensamentos negativos.Muitas pessoas já entraram na minha vida,me fizeram apegar a elas,e então quando se foram não disseram até mais e sim um adeus que inexplicavelmente me machucou mais do que qualquer palavra a ser dita.E então eu descontava nos meus pulsos.Afinal a culpa é minha,não é? Eu que afasto as pessoas.

Me deitei novamente e fiquei apenas ouvindo o Tic Tac do relógio, que batia em meus ouvidos como se os arranhassem por dentro.

Eu sorri,ao lembrar das palavras de Leonardo.Foi inevitável pensar nele.Ele com poucas palavras me disse muito mais do que qualquer um já havia me dito,ele me queria como amiga,e isso surgiu um grande efeito em mim.

Assim que a enfermeira me liberou,era madrugada e eu fiz de tudo para andar pelos corredores sem acordar ninguém,já que no dia seguinte eu já faria uma pegadinha com eles.

Abri a porta devagar e entrei no quarto,então eu me virei e a primeira coisa que eu pensei foi:Fodeu.

Mais uma cama foi posicionada no canto do meu quarto,e agora já tinha mais um acompanhante de quarto.

Leonardo dormia serenamente em sua cama,e Gabriela nem tanto,já que roncava e sua boca estava um tanto aberta.

Dei passos devagares até a cama,e me sentei fazendo o mínimo barulho.Me cobri já me deitando,e só então me lembrei dos dentes.Me levantei novamente e me direcionei ao banheiro.Escovei meus dentes e antes que saísse,abri a capinha do celular e peguei as lâminas.Não para me cortar,e sim porque tomei coragem suficiente para joga-las ralo abaixo.

Saí do banheiro novamente e me deitei,adormecendo não muito depois.

.o0o.

Acordei com o despertador,5 da manhã,ninguém acordado ainda.

Bando de preguiçosos.

Eu sabia porque já planejava isso á dois dias,e nesses dois dias me levantei nesse mesmo horário,para ter noção de quando eles levantavam.Era 1 hora pra frente.

Me levantei devagar e então peguei as duas cornetas escondidas no fundo de uma estúpida caixa de sapatos.

Peguei as cornetas e me direcionei até Leonardo,o acordando baixinho.Ele se virou meio desentendido e confuso,mas obedeceu quando eu pedi a ele que se levantasse.

Em seguida Acordei Gabriela,que ao me ver intercalou seu olhar entre meu rosto e as cornetas.

-Cuidado Leo,ai vem bomba.-ela disse se levantando animada.

Então eu abri a porta e a última coisa que pensei foi isso é por vocês me olharem desse modo,isso é por vocês serem tão cruéis comigo.

E então o som da corneta soou por toda a escola,e como o corredor de dormitórios era um só,todos os alunos e talvez até mesmo a diretora tenha escutado.

Entrei correndo e rindo,minha barriga já dava sinais de que doeria bastante até mesmo depois de acabar essa crise de risos.

-Preste atenção,meu nome é Kiera-eu disse para Leonardo e em troca recebi um olhar confuso.-1,2,3 e...

Foi apenas o que eu disse antes de ter crise de risos novamente.

-KIERAAAAAA-Foi os gritos dos alunos que eu escutei,antes de ouvir três socos fortes na porta.

Então eu pensei:Fodeu.

Capítulo saindo,meus bolinhos.

Alguém ajuda a Kiera pelo amor de Deus.

Perguntinha:tudo bem com vocês?

Beijos da tia Adrienne.

Grávida do Meu Melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora