XV - Melhor amiga.

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-Acorda chiclete.-Leonardo disse me balançando.

-Já acordei cacete.-Disse me levantando e esfregando os olhos.

Eram 9:00 da manhã.Eu estava sendo acordada as 9:00 da manhã.Inacreditável.

-O seu bom-humor de manhã é contagiante.-Ele disse se encaminhando pra cozinha.

Eu disse a tio Carl e Tia Marina que não estava me sentindo bem e que faltaria hoje.Leonardo como o esperto (e idiota) que é aproveitou e disse que ficaria pra cuidar de mim.

Realmente patético,já que eu tenho 17 anos e até já sou mãe.

É tão horrível assumir isso.Que agora eu não vou mais ser aquela adolescente problemática.Por mais que eu sei que não é um filho que vai me parar.

Abortar podia ser uma opção,mas fora de cogitação.Sempre me levam como a garota rebelde,a problemática suicida,mas eu nunca faria isso.Não posso prejudicar um inocente.

-O café tá pronto.-Ele disse aparecendo na porta da cozinha e se escorando no batente.

-Tô indo.-disse seca.

Meu humor nunca foi bom de manhã,com essa situação então.

Antes de ir tomar café eu fui tomar banho.Fui pro banheiro e me despi.Antes de ligar o chuveiro me lembrei de uma coisa que tinha pego ontem a noite.

Meu tesouro.Minhas lâminas.

Fiz um corte.Dois.Três.

Até que começou a sair do controle.Lagrimas tomaram conta do meu rosto e gemidos abafados quando sentia aquele pedaço cortante atravessar minha pele.

Por mais que eu já não pudesse ser aquela garota rebelde,eu ainda sou aquela garota rebelde e problemática.

Quando tudo ficou escuro eu já sabia a primeira coisa que eu veria.

O meu querido teto branco.

O encarando mais uma vez eu senti pena de mim.

Eu era apenas uma garota suicida,não mereço atenção.Logo passa.

Isso é o que todos pensam.

Não passa.Nada passa.Só dói mais pensar assim.

Deixei as lágrimas caírem de novo.Sinal de fraqueza.Mas eu já não encontrava motivos pra ser forte.

Deixei a cabeça cair pro lado e levei um susto ao constatar que Leonardo me encarava sério.Sequei as lágrimas e virei novamente de encontro ao teto branco.A cama de hospital é dura e gelada,o que deixava o clima ainda mais melancólico.

-Porque você faz isso?-ele perguntou,ainda sentando com a cara impassível.

-Isso cessa a dor por alguns minutos.-eu disse sincera.

Ele bufou,jogou a cabeça pra trás e se encostou na poltrona Onde ele se encontrava.

-Dói em mim também.

-Como se você se importasse.

-Eu me importo.

Assim que ele pronunciou essas três palavras eu senti meu coração e meu estômago trocarem de lugar.Como um misto de emoções.

Me lembrei instantaneamente da noite Onde tudo começou.Onde ele disse que se importava comigo.

Até hoje ele não demonstrava sinais disso.

-Nunca demonstra.

-Esse é o meu jeito.Quer que eu mude por capricho seu?

-Eu só queria sentir que alguém me quer por perto.

Grávida do Meu Melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora