Acordei com o sol a bater-me na cara, através do vidro da janela. Semicerrei os olhos, sem perceber muito bem onde estava.O Michael estava ao meu lado, a dormir. Levantei-me. Se o Alex, a Summer e o Kay acordassem e não nos vissem, ainda pensavam que nos acontecera alguma coisa.
- Hey. Bom-dia - ouvi o Michael dizer. Virei-me e vi-o esfregar os olhos, ensonado, sem nunca parar de sorrir.
- Bom di... - Ia responder, mas o Michael ergueu-se e não me deixou acabar a frase, beijando-me nos lábios.
Era uma sensação totalmente diferente de quando beijara outros rapazes, e não me fartava dela.
Quando por fim os nossos lábios se separaram, o Michael disse:
- Nunca me vou cansar de fazer isto.
- Isto o quê?
- Beijar-te. Agora já não o tenho de esconder de ninguém, ou ter medo do que possas pensar de mim, agora que sei que sou correspondido.
- És, mas não fiques demasiado convencido - resmunguei.
O Michael riu-se, e também me conseguiu arrancar um sorriso.
O meu cérebro estava ainda a reter toda a nova onda de informação. Nunca considerara mesmo que o Michael, que nos primeiros dias que parecia odiar e me tentara atirar do arborismo abaixo, pudesse estar apaixonado por mim.
Era uma revelação esquisita, deveras chocante... e estranhamente agradável.
- Naquele dia da vigia, em que estávamos a fazer o jogo das perguntas - perguntei-lhe, lembrando-me de repente. - Quando te perguntei que três coisas desejarias a um génio da lâmpada, tinhas dito que não me podias contar um dos desejos, pois era relacionado com uma rapariga. Por acaso...?
- Dah - sorriu o Michael. - Sim, eras tu. Tinha esperança que tivesses entendido a dica.
- Achei que era outra miúda qualquer, e fiquei mesmo decepcionada! Porque é que não me disseste logo que gostavas de mim? Porque é que demoraste esta eternidade toda?
- Eu tentei!! Juro que tentei! Na "Roda dos Desabafos" - o Michael fez aspas com os dedos - em que estávamos todos convencidos que era o nosso último dia de vida antes de desidratarmos, eu estava quase para dizer que gostava de ti. Até levantei o dedo. Mas depois toda a gente olhou para mim e eu olhei para ti e perdi toda a coragem.
- Ah... então era isso - comentei, lembrando-me como o Michael ia dizer algo mas depois se parecera arrepender.
- E também fiz outra tentativa. Quando te disse que te queria confessar uma coisa, mas fui interrompido pelo grito da Miranda que encontrou a garrafa de água. - Continuou o Michael. - Parecia que sempre que to ia dizer, ou acontecia alguma coisa ou perdia a coragem.
Agora tudo começava a encaixar. O estranho comportamento do Michael, as suas evasivas, o seu "bipolarismo". Um grande sorriso nasceu-me na cara quando entendi que o Michael não me odiava, como inicialmente pensara. A sua atitude era facilmente explicada: estava apaixonado por mim, este tempo todo...
Saímos do dormitório em silêncio. O prado estava lindo como sempre, com os sol a nascer por trás. Entrámos no nosso dormitório e vimos o Kay, a Summer e o Alex a espreguiçar-se.
- Michael, Lyra - bocejou o Kay. - Onde foram? Acordei e não vos vi...
Por uma fração de segundo entrei ligeiramente em pânico porque não tinha uma desculpa plausível.
Mas o Michael salvou a situação.
- Fomos buscar orvalho para bebermos, mas decidimos esperar até o sol se levantar um pouco.
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Campo de Férias
Mystery / ThrillerEra para ser um campo de férias normal, não era? Era para nos divertirmos e passarmos duas semanas inesquecíveis, não era? Era para conhecermos gente nova e aproveitarmos o Verao, não era? Mas então, porque é que morreram todos? *Esta história foi e...